Dedicado ao estudo e à interpretação da música antiga e organizado pela Pró-reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Centro Cultural Pró-Música, o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga chega à sua 32ª edição reafirmando sua posição como um dos mais importantes e tradicionais eventos do gênero no Brasil. Este será o segundo ano em versão totalmente virtual, com concertos e lives acontecendo pelo canal da Cultura Artística no Youtube entre os dias 25 e 29 de outubro, sempre com foco na formação de público, uma das características mais fortes do evento. 

Nesta edição, o Festival integra o Encontro Tríplice de Música Antiga, que conta com o apoio da Cultura Artística e leva o título Ut pictura musica (“Como a pintura, é a música”), numa referência à célebre expressão Ut pictura poesis utilizada pelo poeta Horácio em sua “Arte Poética”. O Encontro é a união de forças de três renomadas instituições para realizar um grande evento totalmente voltado à música antiga: a USP com seu tradicional Encontro de Poética Musical, que acontecerá em novembro; o Conservatório de Tatuí com a já consagrada Semana de Performance Histórica, realizada em setembro; e a UFJF com seu respeitado festival internacional.

Resistência e resiliência

“Em um período de enormes dificuldades para a cultura e para a educação em nosso país, um encontro deste porte não é apenas uma forma de resistência e resiliência, mas também uma maneira de conjugar esforços e colocar em diálogo devotados professores e talentosos intérpretes da música antiga tanto de nosso país quanto da Europa e da América do Sul”, afirma William Coelho, que divide a direção artística desta 32ª edição do Festival com o professor Marcus Medeiros, do Centro Cultural Pró-Música/UFJF, e que rege o concerto de abertura do evento no próximo dia 25, à frente do EOS – Conjunto de Música Antiga da USP, com a apresentação de uma brilhante e desafiadora cantata de Bach.

O tradicional festival juiz-forano traz um legado de relevante contribuição para a renovação no campo da música antiga, além de ter o mérito de introduzir importantes conceitos de interpretação histórica, tendo sido tombado como Patrimônio Imaterial de Juiz de Fora em 2009. Além das lives das 19h30, que antecedem os concertos marcados para as 20h, a edição deste ano terá cinco dias extras, à parte da programação oficial, contando com uma série de cinco documentários que discutirão a relação entre música e pintura nos dias 10, 12, 15, 17 e 19 de novembro, às 20h. 

Proximidade com o público

Diretor artístico do festival ao lado de William Coelho, Marcus Medeiros ressalta que, neste encontro tríplice, decidiu-se por organizar as atividades a partir das “vocações” que singularizam cada um dos eventos. “No caso do festival de Juiz de Fora, temos que ressaltar o enfoque para a forte marca de formação de público”, diz, lembrando que a motivação para a produção desses concertos, lives e documentários foi o desejo de aproximar artistas e plateias, trazendo a audiência para dentro da preparação dos concertos. 

Medeiros, que é também o diretor do Centro Cultural Pró-Música, berço do festival, adianta que se trata de uma programação mais curta que a usual, uma decisão tomada como forma de compensar o excesso de tempo que tem sido passado em frente ao computador em função do longo período de afastamento social causado pela pandemia de Covid-19. Isso, sem perder a qualidade e o foco que caracterizam o evento. “Foi tudo feito com extremo cuidado e carinho, a fim de manter esse contato próximo com a plateia, que sempre caracterizou o nosso festival.”

Sobre a programação, Medeiros destaca que o tema “Ut pictura musica” traz cinco apresentações que fazem a ponte entre a pintura e a música, traçando um paralelo entre instrumentos modernos e antigos, relações sociais e artístico-culturais explicitadas em correlação com os elos existentes entre música e pintura nos séculos XVI, XVII e XVIII, incluindo reflexões sobre as peças musicais veiculadas pela série “Música para os olhos”, que inclui a interpretação de diferentes obras musicais.

Encontro tríplice

A pró-reitora de Cultura, Valéria Faria, assinala que, mais uma vez, é hora de o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga honrar sua tradição, alcançando seu objetivo de inovação, ineditismo, pesquisa, preservação, formação de público e divulgação da música antiga. Ela observa que, diante dos severos cortes no orçamento das instituições públicas de ensino, o Encontro Tríplice de Música Antiga se apresenta como prova de que as parcerias com o setor privado são um mecanismo indispensável. “A Cultura Artística, que possibilitou o evento, mostra o quanto é possível realizar em um setor relegado a segundo plano”.  Segundo Valéria, precisamos dessas alianças para que o fazer artístico, a economia criativa e a cultura como um todo possam aquecer o caldeirão cultural. “Entendo que, por meio dessas parcerias, seja possível concretizar importantes projetos.”  

A pró-reitora avalia que, ao reunir três das maiores realizações no âmbito da música antiga no Brasil (7ª Semana de Performance Histórica/Conservatório de Tatuí; 32º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga da UFJF; e 12º Encontro de Pesquisadores em Poética Musical dos sécs. XVI, XVII e XVIII/USP), ganham a arte e a cultura, evidenciando que o mecenato é um caminho realmente promissor.

Programação do 32º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

Canal da Cultura Artística no YouTube

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Outras informações: 32º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga