Pela primeira vez em sua história, o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga acontece em formato remoto, com transmissão por “streaming” dos concertos de sua 31ª edição, excepcionalmente realizada este mês. De 21 a 30 de novembro, o público pode conferir toda a programação pelo canal da UFJF no YouTube

O duo de teorba e flauta doce, Giulio Quirici e Isabel Favilla, da Bélgica, está entre as atrações internacionais do Festival (Foto: Divulgação)

Artistas brasileiros e estrangeiros, enfrentando restrições de aglomeração e “lockdown” em países como Holanda, Portugal, Bélgica, Chile e Brasil, gravaram suas apresentações em casas/estúdios próprios ou locações cedidas para a ambientação dos concertos. Graças à inédita parceria efetuada com o Festival Internacional de Órgão de Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso (FIO), de Portugal, as gravações de dois concertos da programação principal de sua sexta edição, realizada em outubro, foram cedidas para o evento juiz-forano. Essa será uma rara oportunidade de o público brasileiro conferir as apresentações deste evento, realizado em igrejas portuguesas que contam com órgãos de tubos históricos e modernos. 

Ao anteceder por mais de um mês o evento juiz-forano, o festival português oferece uma perspectiva positiva da alternativa on-line: “Tivemos cerca de 5.600 visualizações, um número que surpreendeu a todos da organização e que prova que, apesar da distância física, a quantidade de pessoas que está tendo acesso aos concertos é incrível”, avalia o diretor artístico do FIO, Marco Brescia.

O quarteto de cravo, viola de gamba, oboé barroco e violino, da Holanda, abre as apresentações (Foto: Divulgação)

O diretor do 31º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga e supervisor do Centro Cultural Pró-Música, Marcus Medeiros, também aposta no formato para ampliar o alcance do evento, que já tem público cativo. “Com a disponibilização dos concertos on-line, nossa expectativa é de que multipliquemos a plateia e possamos chegar àqueles que nunca puderam estar na cidade para assistir às apresentações. O Festival é reconhecido no meio da música antiga nacional e internacional, mas tem um enorme potencial para conquistar o público além dos limites do município”, afirma.

Para a pró-reitora de Cultura da UFJF, Valéria Faria, disponibilizar os concertos em plataformas on-line era o caminho natural para viabilizar o Festival, uma alternativa que se consagrou como solução durante a pandemia para eventos culturais até então exclusivamente presenciais. “Não poderíamos permitir que um evento desta relevância e tradição deixasse de acontecer justamente quando completa três décadas de realização ininterrupta, desde 1990. Temos um compromisso com o público.”

Concertos
A programação do 31º Festival inclui dez concertos gravados com artistas nacionais e estrangeiros: o quarteto de cravo, viola da gamba, oboé barroco e violino, João Rival, Alon Portal, Beto Caserio e Elise Dupont (Holanda); o cravista brasileiro Edmundo Hora; o duo de cravo e flauta doce, Cláudio Ribeiro e Inês d’Avena (Holanda); o organista italiano Giulio Mercati; a dupla de cravo e canto, Marco Brescia e Rosana Orsini, brasileiros radicados em Portugal; o duo de flautas doces, Cesar Villavicencio e Paula Callegari (Uberlândia); o grupo Passos do Barroco, com Clara Couto, Maíra Alvez, Osny Fonseca e Raquel Aranha (São Paulo); o trio chileno Cristián Gutiérrez, Luciano Taulis e Antonia Sanchez (teorba, viola da gamba e oboé barroco); o duo de teorba e flauta doce, Giulio Quirici e Isabel Favilla (Bélgica); e o espanhol Cuarteto Alicerce, que divide a cena com Marco Brescia.

Festival Internacional de Órgão
O FIO – Festival Internacional de Órgão de Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso, duas localidades vizinhas entre os distritos de Braga e Porto, no norte de Portugal, é um evento dedicado à valorização do patrimônio orgânico custodiado por essas cidades, por meio da formação de público e da democratização da música organística de excelência. Desde 2015, quando foi criado, o FIO conta com a direção artística do cravista ítalo-brasileiro Marco Brescia, radicado em Portugal, que já contribuiu também com algumas edições do festival juiz-forano.

Apresentação do Cuarteto Alicerce, de Santiago de Compostela, acompanhando o organista Marco Brescia, em Portugal, encerra o Festival juiz-forano (Foto: Divulgação)

“Desde a primeira edição, tivemos uma excelente acolhida tanto por parte das autoridades como da população – aliás, esse festival sempre superou todas as nossas expectativas. Até hoje já tivemos quase sete mil pessoas de público, e estamos falando às vezes de igrejas românicas muito pequenininhas, cuja capacidade não excede algumas dezenas de espectadores. Nos últimos seis anos, oito instrumentos foram adquiridos ou restaurados, e aos poucos, o patrimônio vai voltando à vida”, ressalta Brescia.

De sua semana principal de concertos, a parceria com o FIO inclui na programação do 31º Festival as apresentações do organista italiano Giulio Mercati, na Igreja Matriz de São Mamede de Ribeirão, e do também organista Marco Brescia, acompanhado do Cuarteto Alicerce, de Santiago de Compostela, que encerram o Festival no dia 30, interpretando concertos setecentistas para órgão e cordas, na Igreja Matriz de São Martinho do Campo.

Transmissão
As transmissões das apresentações pelo canal da UFJF no Youtube têm início previsto sempre para às 20h. Antes, porém, a partir das 19h, o professor de Música da UFJF, Rodolfo Valverde, faz a contextualização histórica dos programas dos concertos.

Musicologia histórica
Realizado a cada dois anos, o Encontro de Musicologia Histórica chega a sua 13ª edição, também em formato remoto, com painéis on-line de pesquisadores da área, que tratarão do tema “Musicologia em tempos de crise: retrospectivas e perspectivas”. As discussões do Encontro terão transmissão ao vivo por meio do canal da UFJF no YouTube.

A programação não poderia deixar de repercutir questões suscitadas pelo momento atual, como as que serão debatidas em duas das mesas redondas – “Musicologia no cenário da pandemia”, no dia 21, e “Musicologia e Cibercultura”, no dia 23. O cenário só não é tema da mesa redonda do dia 22, que vai discutir “O cravo no Rio de Janeiro do século XX”.

Programação dos Concertos
21/11 – Le Concert d’Apolon (cravo, viola da gamba, oboé barroco e violino) “Les petits joyaux des Mrs François Couperin et Marais Marais”João Rival, Alon Portal, Beto Caserio e Elise Dupont (Holanda)
22/11 – Concerto de Fortepiano: “Um Fortepiano Vienense em Terra Papagalli” –  Edmundo Hora (Campinas/SP)
23/11 – Concerto de Cravo e Flauta Doce – Cláudio Ribeiro e Inês d’Avena (Holanda)
24/ 11 – Recital de Órgão – Giulio Mercati (Itália)
25/11 –  Concerto de Canto e Cravo  “Il Pianto della Madonna” –  Rosana Orsini (Portugal/Brasil) e Marco Brescia (Itália/Portugal/Brasil)
26/11 – Concerto do Grupo GReCo – Duo de Flautas Doces – Cesar Villavicencio e Paula Callegari (Uberlândia/MG). Participação especial: María Martínez Ayerza (Londres) e Guilherme dos Anjos (Belém – PA)
27/11 – Apresentação Didática de Danças Barrocas: Passos do Barroco – Clara Couto, Maíra Alves, Osny Fonseca e Raquel Aranha (SP)
28/11 –  Concerto de Teorba, Viola da Gamba e Oboé Barroco “Las Danzas Ocurrentes” – Cristián Gutiérrez, Luciano Taulis e Antonia Sanchez (Chile)
29/11  – Concerto de Flauta Doce/Fagote e Teorba – Isabel Favilla e Giulio Quirici (Bélgica)
30/11 – Recital de Órgão e Quarteto de Cordas – Marco Brescia (Itália/Portugal) e Cuarteto Alicerce (Espanha)

Outras informações
promusica@ufjf.edu.br – Centro Cultural Pró-Música/UFJf
cultura.ufjf@gmail.com Pró-reitoria de Cultura/UFJF
http://promusicaufjf.com.br/31festival/index.html
http://www.promusicaufjf.com.br/emh/