O Grupo de Pesquisas Afrikas –  do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – está produzindo materiais didáticos para a rede básica. A iniciativa reforça o compromisso da instituição com a educação em todos os níveis e, também, com o cumprimento da Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de “História e Cultura Afro-Brasileira” nas disciplinas integrantes das grades curriculares dos níveis fundamental e médio. 

Todos os conteúdos – vídeos, artigos, redes sociais, fotografias, podcasts – estão disponíveis no novo site do grupo de pesquisa. As temáticas abordadas são, dentre outras, “colonialidade, raça e gênero” e  “mulheres africanas nas artes”.  

Acesse aqui o site do Grupo de Pesquisas Afrikas

Professora Fernanda Thomaz é a coordenadora do Grupo de Pesquisas Afrikas, cadastrado no CNPq desde 2014.

A professora de História da África da UFJF e coordenadora do Afrikas, Fernanda Thomaz, destaca que os materiais didáticos foram elaborados por alunos de diversas graduações e do Programa de Pós-Graduação em História. Durante as disciplinas ministradas pela docente, os estudantes foram desafiados a refletir acerca da seguinte questão: como podemos ensinar a História da África para estudantes da rede básica de ensino?

“Nas atividades realizadas em sala de aula com os alunos, nas disciplinas que leciono, proponho a produção de materiais didáticos. A maior parte dos conteúdos presentes no site do Afrikas foi produzida na disciplina ‘Oficina de História’, que neste período passou a se chamar ‘Reflexões sobre História’. Na pós-graduação, ofereço a disciplina “Colonialidade, Raça e Gênero’, usando a mesma metodologia. A intenção é, além de estimular as reflexões sobre todas as nossas discussões teóricas, propor a ‘tradução’ para a prática, pensando a parte pedagógica”, explica a docente.

A Lei 10.639/2003 e o ensino da “História e Cultura Afro-Brasileira”

A Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de “História e Cultura Afro-Brasileira” nas disciplinas integrantes das grades curriculares dos níveis fundamental e médio, entrou em vigor no dia 9 de janeiro de 2003. Porém, passados quase 18 anos de sua vigência, ainda são muitos os desafios para a sua efetiva aplicação. 

No último país do Ocidente a abolir a escravização dos povos africanos, que perdurou por quase quatro séculos, o racismo estrutural – presente na política, na economia, na ciência e na cultura brasileiras – ainda impõe a invisibilização das riquezas produzidas em África e aqui, no Brasil, pelos descendentes dos povos africanos. É no sentido de romper com a referida dinâmica social que a produção científica do  Grupo de Pesquisas Afrikas se estabelece. 

Estela Gonçalves: “Os materiais didáticos produzidos pelo Afrikas são acessíveis e vão servir como recurso para os professores da rede básica de ensino”

“Para quem segue no campo das licenciaturas, as oficinas, como as de História, lecionadas pela professora Fernanda, são obrigatórias para se pensar novas formas de implementar materiais didáticos, formas lúdicas, diferenciadas. Os materiais didáticos produzidos pelo Afrikas são acessíveis e vão servir como recurso para os professores da rede básica de ensino. É importante destacar que, mesmo com a Lei 10.639/03, aqui, no Brasil, a produção de materiais didáticos sobre a História e Cultura Afro-Brasileira ainda é pequena, se comparada às demais produções”, ressalta a integrante do Afrikas e mestranda em História na UFJF, Estela Gonçalves.

A pesquisadora acrescenta que as produções acadêmicas do Afrikas também  apresentam-se em consonância com as demandas do Movimento Social Negro. “O Afrikas tem participação de acadêmicos, mas também de uma parcela da sociedade que está fora do meio acadêmico, como líderes comunitários, professores da rede básica de ensino. É um grupo de pesquisa que se propõe a discutir textos de teóricos que tratam das temáticas de raça e gênero, e  que nos façam também refletir sobre a nossa sociedade”, pontua.

Novo site

O Afrikas é interdisciplinar e dedica-se, especialmente, aos estudos das africanidades, das relações raciais e de gênero. Além da disponibilização dos materiais didáticos para a rede básica, o grupo de pesquisas investiu na reformulação de seu site. A intenção é difundir todas as produções acadêmicas e ampliar as trocas de conhecimento com a sociedade em geral, especialmente neste período de isolamento social em decorrência da Covid-19. 

“O Afrikas é interdisciplinar e dedica-se, especialmente, aos estudos das africanidades, das relações raciais e de gênero” – Fernanda Thomaz

“Fizemos um site novo que tentasse dar conta do Afrikas enquanto grupo de pesquisa. O Afrikas surgiu em 2014 como um grupo de estudos. No mesmo ano, se tornou um grupo de pesquisa, cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [CNPq]. Tem toda uma trajetória até hoje. Em 2018, por exemplo,  nos juntamos ao Laboratório de História Oral e Imagem [Labhoi], coordenado pela professora Hebe Mattos. Já ofertamos um curso de especialização, o Pós-Afrikas, temos também um Laboratório de Audiovisual, o LabAfrikas, dentre outras ações”, explica a coordenadora Fernanda Thomaz.

Ana Júlia Silvino: “Foi muito interessante ir produzindo junto com a professora Fernanda e coletivamente, porque tivemos várias ideias para inserir os conteúdos de forma diferenciada”

A organização do novo site teve a colaboração da integrante do Afrikas e graduanda em Rádio, TV e Internet na UFJF, Ana Júlia Silvino. “Sentíamos que o site antigo precisava de mudanças, porque faltavam informações, como as do Laboratório de Audiovisual [LabAfrikas] e dos demais projetos surgidos a partir do segundo semestre de 2019. Quando pensamos em adicionar mais abas ao site antigo, tivemos a ideia de fazer um site totalmente novo. Foi muito interessante ir produzindo junto com a professora Fernanda e coletivamente, porque tivemos várias ideias para inserir os conteúdos de forma diferenciada e, ao mesmo tempo, incorporar os materiais didáticos. Os materiais são muito bons e houve muita dedicação do grupo e dos estudantes. Tem muitas informações importantes para todos os públicos”, conclui Ana Júlia.

Saiba mais: 

Grupo de Pesquisas Afrikas

Siga o LabAfrikas no Instagram

Siga do LabAfrikas  no Facebook 

Outras informações: afrikaslaboratorioaudiovisual@gmail.com