A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lançou esta semana, na versão digital, o livro “Afrikas: Histórias, Culturas e Educação”. A publicação, organizada pela professora de História da África da UFJF, Fernanda Thomaz, traz textos oriundos das discussões ocorridas na especialização Pós-Afrikas, também proposta e coordenada pela docente. Ao todo, são 15 artigos, produzidos por pesquisadores que lecionaram na especialização.
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O livro está dividido em três seções: “Culturas e Histórias de um Continente”; “Ensino de História da África, da Cultura Afro-Brasileira e Indígena”; e “Africanidades: reflexões nas Américas”. O objetivo é fomentar o debate sobre as africanidades dentro e fora do continente africano, bem como os desafios para o seu ensino no Brasil.
“A pergunta premente ao longo da realização deste projeto foi a seguinte: como pensar as Afrikas na sala de aula? A partir desse questionamento esta obra surge. O livro mescla uma linguagem ora mais acadêmica, ora mais didática, sobre as múltiplas Afrikas para além desse imenso continente”, aponta Fernanda Thomaz.
Romper com estereótipos pejorativos
Na apresentação da obra, a docente explica que o termo “Afrika” é a forma como o nome do continente é grafado em muitas línguas africanas, tais como em somali, sessoto, malgaxe, ioruba, igbo, hauça, africâner, entre outras. “Todas essas línguas utilizam essa grafia. A Afrika nos cabe aqui por nos permitir compreender as múltiplas formas de perceber, sentir e vivenciar realidades em um continente múltiplo e diverso, mas que muitas vezes nos é apresentado dentro de uma uniformidade”, alerta.
Em outros termos, no Brasil, em decorrência do racismo estrutural que fundamenta a política, a economia e a cultura do país, as Afrikas ainda nos são estranhas e ocultas, carregadas de estereótipos pejorativos.
“Sabemos que um número ínfimo de brasileiros têm uma concepção mais cuidadosa sobre as terras africanas. As Afrikas chegam até nós de forma objetificada, silenciada, inferiorizada, negligenciada e, ainda, distanciada”
“Sabemos que um número ínfimo de brasileiros têm uma concepção mais cuidadosa sobre as terras africanas. As Afrikas chegam até nós de forma objetificada, silenciada, inferiorizada, negligenciada e, ainda, distanciada. A diversidade não está no plano evidente de definição do continente. Este livro é uma tentativa de enfrentamento a todos esses estereótipos pejorativos ”, ressalta Fernanda.
Pós-Afrikas
O curso de Pós-Graduação lato sensu Pós-Afrikas foi ofertado pela UFJF entre os anos de 2015 e 2017, sob coordenação da professora Fernanda Thomaz. Gratuito, teve financiamento do Ministério da Educação, e contou com a participação de mais de 20 pesquisadores de todo o Brasil, além de docentes de Angola, do Mali e da Guiné-Bissau. O principal objetivo da especialização foi formar e atualizar professores da rede básica de ensino na área dos estudos africanos.
Em resumo, o curso pretendia habilitar educadores, além de outros agentes sociais, para refletir sobre as questões da diversidade política, socioeconômica e cultural da África, assim como compreender as diferentes conexões, diálogos e experiências dos africanos no Brasil e em outras regiões do mundo ao longo da história.
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