O grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publica quarta nota técnica a respeito da disseminação e controle do vírus na cidade em Juiz de Fora. O objetivo é a disponibilização de dados claros e atualizados sobre a pandemia, aliada ao acompanhamento de especialistas sobre a evolução da mesma.

Sobem os óbitos e a previsão de casos confirmados

O número de casos novos confirmados diariamente em Minas Gerais e em Juiz de Fora, em geral, vem aumentando desde o início da epidemia. A previsão de ocorrências confirmadas de Covid-19 para o dia 16 de junho aumentou: de 874 foi reajustada para 967, podendo chegar a 1.100 em 23 de junho. Os pesquisadores também observam a queda no isolamento social e ascensão da curva de crescimento diário de confirmados e do número de óbitos. De acordo com a nota técnica, a estimativa do tempo para duplicação do número de casos em Juiz de Fora tem variado em torno de 30 dias.

Segundo a nota, a distribuição dos casos confirmados em Minas Gerais e em Juiz de Fora, por faixas etárias, indica que a maioria – mais de 75% – das pessoas infectadas têm entre 20 e 59 anos, ou seja, pertencem majoritariamente à parte da população economicamente ativa. Há predomínio do sexo masculino no estado, como em outras partes do Brasil, embora em Juiz de Fora haja um equilíbrio. O grupo observou que a maioria dos pacientes que vieram a falecer em Minas Gerais, tinham 60 ou mais anos (mais de 70%) com uma distribuição equilibrada entre homens e mulheres. Já em Juiz de Fora, cerca de 85% dos óbitos ocorreram na população com idade superior a 60 anos, em maior proporção entre as mulheres (54,1%).

Regiões mais vulneráveis à doença

Pela primeira vez, a nota técnica divulgada conta com uma análise espacial para os residentes nas Regiões Urbanas (RU) de Juiz de Fora. As RUs são agrupadas em sete Regiões Administrativas (RA) e foram categorizadas por graus de vulnerabilidade social em três grupos: baixa, média e alta. Os bairros que apresentaram mais casos no período são Centro, São Mateus, Benfica, Santa Cruz, Santa Luzia, São Pedro, Barbosa Lage, Ipiranga, Vale dos Bandeirantes, Francisco Bernardino, Progresso, Granbery e Bom Pastor.

No período analisado, houve concentração maior de casos notificados nas regiões central e norte do município. Os principais fluxos assistenciais foram para os hospitais (atendimento de plantão e internações), unidades públicas de urgência e unidades básicas de saúde (UBS). Os residentes em regiões de baixa e média vulnerabilidade social foram notificados principalmente em unidades hospitalares, enquanto os de regiões de alta vulnerabilidade social, em UBS.

As distâncias percorridas são sempre menores para os atendimentos em UBS. Quando é analisado o fluxo para hospitais, a distância percorrida por moradores de área de alta vulnerabilidade, são maiores. “Por conta do curto tempo de deslocamento entre a residência das pessoas e as UBS, é nessas unidades que deveria ter monitoramento de sintomáticos respiratórios, esclarecimento de dúvidas e informações sobre prevenção”, destaca Isabel Gonçalves Leite, pesquisadora da UFJF e uma das autoras do documento.

Regiões Urbanas (RU) de Juiz de Fora por Regiões Administrativas (RA) e por categorias de vulnerabilidade social. Foram analisadas 3.991 notificações de residentes nas RU da cidade, no período de 26/02 a 30/05. Destaca-se o predomínio do sexo feminino (56,3%) e idade média 38 anos.

Boletim semanal

Em relação à Covid-19, a taxa média de crescimento das curvas acumuladas manteve-se sem diferença em relação ao boletim da semana anterior. Os dados sobre casos confirmados apresentam pequena variação em comparação aos da semana passada, passando de 2,8% para 2,1%. Porém, de acordo com a nota, esta variação de 0,7 ponto percentual não pode ser entendida como um decréscimo importante na taxa de crescimento.

O boletim destaca que, por causa da subnotificação e a falta de testagem em massa, as estimativas feitas a partir dos dados confirmados não representam o estado real da epidemia. Os casos confirmados por testes refletem uma população sintomática e vulnerável, ou seja, os indivíduos que possuem comorbidades, estão em hospitalização, são profissionais de saúde ou de limpeza urbana.

A previsão para o dia 16 de junho, antes em 874 casos foi reajustada para 967 (fora dos intervalos de previsão), e pode chegar a 1100 em 23 de junho.

Os documentos são publicados na plataforma JF Salvando Todos, que apresenta gráficos e estatísticas referentes sobre a Covid-19 referentes não apenas à cidade, mas a todas as regiões do Brasil.