A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começa nesta sexta-feira, 17, a receber amostras para realizar testes para o diagnóstico de Covid-19. São dois laboratórios localizados no campus qualificados para efetuar os exames, um no Instituto de Ciências Biológicas e outro na Faculdade de Farmácia. Somada, a capacidade de ambos é de cem testes diários, com o resultado disponível em até 48 horas após o recebimento das amostras dos pacientes. O processo será realizado em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora, atendendo à demanda do sistema público de saúde.
“Usaremos uma técnica de alta sensibilidade, a PCR em tempo real. O protocolo utilizado nos laboratórios da UFJF será o mesmo validado pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), instituição renomada dos Estados Unidos”, destaca o Diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Lyderson Viccini. “É importante ressaltar que estamos trabalhando com a possibilidade técnica de realizar 100 amostras por dia. Mas, de forma prudente, devemos mensurar a real capacidade de trabalho nas próximas semanas de acordo com o fluxo de amostras, a disponibilidade de insumos e de mão de obra capacitada.”
Em inglês, a sigla PCR traduz-se para o português como Reação em Cadeia da Polimerase. O diretor da Faculdade de Farmácia da UFJF, Marcelo Silvério, explica que tratam-se de exames moleculares, feitos a partir de amostras coletadas da nasofaringe e da orofaringe dos pacientes (ou seja, do nariz e da garganta, respectivamente) por meio de um cotonete estéril.
As amostras
Os laboratórios da UFJF recebem as amostras direcionadas do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora, seguindo um fluxo pré-estabelecido pelo órgão. De acordo com a professora da Faculdade de Medicina da UFJF, Sandra Tibiriçá, o material para testes encaminhado para a UFJF será coletado de pacientes sintomáticos internados nos hospitais da Rede de Atenção do SUS, incluindo o Hospital Universitário, e dos profissionais de saúde da urgência e emergência e da atenção primária que estão sintomáticos.
Os laboratórios
Ambos os laboratórios localizados no campus sede da Universidade passaram por uma inspeção da Vigilância Sanitária e foram devidamente credenciados, recebendo alvará para o funcionamento e efetuação dos testes. Marcelo Silvério explica que a equipe responsável pela idealização e pela preparação dos laboratórios é a mesma, e todos os envolvidos receberam treinamento especializado. A conformação dos laboratórios e a capacitação dos profissionais está em desenvolvimento há cerca de três semanas, de acordo com Lyderson Viccini. “O que a sociedade pode esperar de nós é muita dedicação e esforço. Não é uma tarefa fácil.”
De acordo com o reitor da UFJF, Marcus David, é importante destacar que o início das atividades dos laboratórios de diagnóstico só foi possível porque a UFJF está investindo recursos próprios na aquisição dos insumos necessários para a realização dos testes. A reitoria realizou a compra de insumos para o início das atividades e já autorizou a compra de mais material para a continuidade dos trabalhos. Devido à pandemia, há grande dificuldade em encontrar fornecedores para a aquisição dos insumos. “O problema, que não é somente nosso, mas também dos governos estadual e federal, é a dificuldade de aquisição dos kits de análises. Recebemos a sinalização de determinado fornecedor e, quando vamos atrás, imediatamente já tem variação de preços, já muda o prazo de entrega. O nosso desafio agora é conseguir fazer a compra de novos reagentes para garantir que esse fluxo não seja interrompido”, ressalta o reitor.
Universidade no combate à Covid-19
Com o aumento de testes realizados no município e por meio dos resultados obtidos nos laboratórios da UFJF, será possível uma compreensão melhor da dimensão da Covid-19 em Juiz de Fora e, consequentemente, a execução de estratégias mais precisas e eficazes no controle da doença. “Estamos orgulhosos de fazer parte de uma equipe que possibilita esse tipo de serviço para a cidade e felizes em ver a universidade pública brasileira cumprindo seu papel, auxiliando na proteção de pessoas e auxílio no direcionamento de políticas públicas de maior eficiência”, declara Viccini.
De acordo com o reitor, “a UFJF entendeu que deveria disponibilizar toda a sua estrutura física, toda a capacidade do seu quadro de pesquisadores e técnicos para o enfrentamento dessa crise. Começamos a trabalhar em várias frentes como produção de álcool em gel, de máscaras, protetor facial, sabonete líquido, além de diversas pesquisas para a compreensão e enfrentamento do vírus”.
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