Sete mulheres da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) serão homenageadas com a entrega da Medalha Rosa Cabinda. A honraria, criada em 2018 por diversos coletivos femininos da cidade, visa valorizar a contribuição da mulher para o desenvolvimento de Juiz de Fora e região. A solenidade ocorre às 19h desta quarta-feira, 13, no plenário da Câmara Municipal.

A ouvidora especializada em Ações Afirmativas da UFJF, Cristina Simões Bezerra, será uma das homenageadas. “Os movimentos sociais que organizam a entrega da medalha lutam pela vida das mulheres. Penso que este momento em que estamos vivendo é de fortalecer nossas lutas, resistências e laços, porque a vida das mulheres está ameaçada de várias formas. Receber a medalha coloca a mim e as outras 24 companheiras ao lado de quem está lutando por um dia em que a igualdade seja tanta, que a gente sequer precise reconhecer a especificidade do trabalho das mulheres”, argumenta.

As 25 contempladas foram indicadas em um fórum que reuniu mais de 30 grupos, movimentos de mulheres e sindicatos. Além de Cristina, outras seis mulheres da UFJF serão homenageadas: Dandara Felícia Silva Oliveira (militante do movimento de mulheres transsexuais e servidora do Hospital Universitário); Zélia Ludwig (professora de Física, considerada referência internacional da ciência exata brasileira); Jussara Alves (mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da UFJF que lidera um trabalho pedagógico na Prefeitura de JF, em prol da valorização da cultura negra); Jussara Almeida (professora da Faculdade de Direito, defensora e militante dos direitos dos animais); Giovana Castro (professora de História, militante dos movimentos negro e feminista); e Sônia Maria Clareto (professora e pesquisadora da UFJF, doutora em educação matemática).

Para a pesquisadora negra Zélia Ludwig, a importância do recebimento da homenagem está no reconhecimento das lutas das mulheres por representatividade, igualdade de gênero e de raça. “Nossas vozes silenciadas precisam ser ouvidas. Isso mostra que precisamos trilhar esse caminho juntas.”

A Medalha

O nome escolhido para a medalha é uma homenagem a Rosa Cabinda, primeira negra juiz-forana a utilizar a Justiça para obter sua liberdade. Escrava do comendador Henrique Halfeld, passou, com a Lei Rio Branco, em 1871, a ter direito de comprar sua própria alforria, tendo seu pedido negado pelo comendador, que alegara ser, a oferta, inferior ao seu próprio valor. Cabinda, na época com 44 anos e com deficiência em uma das mãos, recorreu à justiça e conseguiu sua liberdade.

Confira a lista com nomes de todas as 25 homenageadas.

Cristina Simões Bezerra – ouvidora especializada em Ações Afirmativas da UFJF;

Bruna Leonardo – militante do movimento de mulheres transsexuais;

Dandara Felícia Silva Oliveira – militante do movimento de mulheres transsexuais.   

Alessandra Crispim – cantora e compositora que passou por ataques homofóbicos, racistas e misóginos em 2018;

Érica Salazar – jornalista da TV Integração e apresentadora do MGTV;

Fernanda Evarista – assessora de imprensa do Tupi FC e apresentadora do programa Torcida Vai Ali.

Zélia Ludwig – cientista e professora de Física da UFJF;

Maria Vitória Ruffato – jovem de 18 anos, campeã brasileira de Jiu-jitsu No Gi (sem quimono) adulta, na faixa azul e categoria super pesado;

As Ruths – grupo de arte cênica que discute a condição do negro na sociedade, através do teatro;

Dionysia Moreira – sambista com mais de 60 anos de carreira, eleita melhor cantora da cidade e rainha do bloco Recordar É Viver;

Tatá Dellon – jovem rapper que denuncia o machismo, racismo e homofobia em suas letras;

Dona Zezé – liderança comunitária do Bairro Industrial;

Fernanda Moura – superintendente de ensino do Estado de Minas Gerais;

Jussara Alves – mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da UFJF que lidera um trabalho pedagógico na Prefeitura de JF, em prol da valorização da cultura negra;

Jussara Almeida – professora de Direito da UFJF, defensora e militante dos direitos dos animais;

Valéria Andrade – militante da causa das pessoas com deficiência;

Giovana Castro – professora de História, militante dos movimentos negro e feminista;

Juliana James – professora e escritora infantil que, em seu último livro, retratou o feminismo;

Neuza Maria da Silva – liderança do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST);

Valquiria Marcia Tiodoro – liderança e militante do condomínio Vivendas Belo Vale;

Orneídes Lima – diretora do Sindicato dos Professores;

Maria de Fátima de Oliveira Souza – representante religiosa progressista;

Margareth Campos Moreira – professora e militante da educação;

Sônia Maria Clareto – professora e pesquisadora da UFJF, doutora em educação matemática;

Lurdinha – descendente indígena e produtora rural.