A professora da Faculdade de Serviço Social, Cristina Simões Bezerra, inicia nesta segunda-feira, 10, as atividades como ouvidora especializada em Ações Afirmativas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A docente foi indicada pela Administração Superior e nomeada para o cargo, pelo Conselho Superior da instituição, após pedido de aposentadoria da professora Vânia Maria Freitas Bara.
Até 11 de agosto, Cristina ocupava a Direção da Faculdade de Serviço Social, na qual também já atuou como chefe de Departamento e coordenadora de Curso. A professora – que é doutora e mestra em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduada em Serviço Social pela UFJF – tem como principais temáticas de pesquisa o pensamento social gramsciano, a questão agrária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Em entrevista ao Portal da UFJF, Cristina fala sobre os novos desafios, o papel da Ouvidoria Especializada na instituição e a importância do engajamento de toda a comunidade universitária no combate às desigualdades sociais.
Portal da UFJF – Com o objetivo de melhorar a infraestrutura e desenvolver políticas de identificação, apoio e prevenção aos casos de violência, o Conselho Superior criou, por meio da Resolução nº 32 de 24 de maio de 2016, após solicitação da atual Administração Superior, a Ouvidoria Especializada em Ações Afirmativas. O setor, ligado à Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf), visa ao combate a quaisquer tipos de discriminação e violência. Além disso, busca a utilização de mecanismos de gestão para o autoconhecimento institucional e a consequente otimização dos serviços prestados pela Universidade. Na última sexta-feira, 31, o seu nome foi indicado pela Reitoria e aprovado pelo Consu, por unanimidade, para a gestão do setor. Em sua avaliação, quais são os principais desafios que você terá enquanto ouvidora Especializada em Ações Afirmativas da UFJF?
Cristina Simões Bezerra – Os desafios são muitos, não só para a Ouvidoria Especializada, mas para a Universidade como um todo. Vivemos um momento extremamente difícil para as políticas de ações afirmativas, em que a presença de sujeitos recentemente incluídos nos direitos ao acesso à educação superior vem sendo constantemente questionada. Ao mesmo tempo, esses sujeitos muitas vezes encontram limites sérios para seu acesso e sua permanência nas universidades, tanto do ponto de vista socioeconômico quanto das condições de acesso a um ambiente saudável de estudo e trabalho. A Ouvidoria desafia-se, então, a ser um espaço de acolhimento dessas demandas e necessidades e de encaminhamento para as instâncias responsáveis da UFJF. O maior desafio, portanto, é trabalhar para que as demandas cheguem até nós para que possamos iniciar o processo de atendimento. A Ouvidoria pretende ser uma “porta de entrada” para estes sujeitos e suas necessidades.
Portal da UFJF – A sociedade brasileira é marcada por profundas desigualdades de classe, raça, gênero, dentre outras. A UFJF está inserida neste contexto. Em sua avaliação, como a Ouvidoria Especializada pode contribuir para o combate às discriminações no âmbito da UFJF e, sobretudo, para que os profissionais formados pela instituição também não naturalizem as referidas desigualdades?
Cristina Simões Bezerra – Sendo a “porta de entrada” para as denúncias, reivindicações, solicitações e reclamações na direção das ações afirmativas, a Ouvidoria tem a importante competência de ser o órgão que organiza dados sobre estas desigualdades para serem discutidos e transformados em ações concretas para toda nossa instituição. Assim, acreditamos que, no debate com as pró-reitorias, com os coletivos, movimentos sociais e com a comunidade acadêmica em geral, a Ouvidoria pode contribuir na elaboração de políticas institucionais e no fortalecimento dos espaços de organização e de reivindicação de nossos discentes, docentes, técnico-administrativos em educação e terceirizados.
Portal da UFJF – Em sua avaliação, como cada gestor de unidade, de departamento, cada integrante da comunidade acadêmica – sejam servidores docentes, técnico-administrativos em educação (Taes), estudantes ou terceirizados – pode contribuir para a efetividade das ações da Ouvidoria Especializada?
Cristina Simões Bezerra – O primeiro passo é a necessidade de reconhecer as ações afirmativas como uma demanda crescente e fundamental para o funcionamento da Universidade. Diante da diversidade aqui representada, uma leitura dessas ações como direitos e não como favores é o primeiro passo para que essa efetividade se materialize. Daí para frente, acho que temos o desafio de reconhecimento deste espaço, ainda em processo de consolidação, como a porta de entrada para várias ações. Isso é fundamental: que possamos construir coletivamente a legitimidade da Ouvidoria como um espaço que se abre para a conquista de direitos dentro da UFJF.
Portal da UFJF – Atualmente, as demandas à Ouvidoria Especializada em Ações Afirmativas podem ser realizadas de maneira presencial e/ou encaminhadas por e-mail para ouvidoriaespecializada.diaaf@ufjf.edu.br. O setor, que oferece garantia de anonimato às vítimas, tem atendimento ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, na sala 123 do Prédio da Reitoria. O atendimento também é realizado ou por meio do telefone 2102-3380. Na sua gestão, essas dinâmicas serão mantidas? Há previsão, a curto prazo, de alguma alteração? Caso sim, quais?
Cristina Simões Bezerra – A Ouvidoria é um setor ainda em processo de consolidação e a presença da professora Vânia Bara como primeira ouvidora foi fundamental para organizarmos as primeiras ações. No que se refere à dinâmica de atendimento, as ações já iniciadas continuam. Buscaremos, entretanto, adequar o horário de atendimento, de forma a contemplar estudantes, técnico-administrativos em educação e docentes que trabalham ou estudam no turno da noite. Além disso, pretendemos pensar ações de visitas às unidades acadêmicas, reuniões periódicas com coletivos e movimentos sociais. Tudo isso, entretanto, será construído nos próximos dias, em planejamento conjunto com a Diretoria de Ações Afirmativas.
Portal da UFJF – Há alguma questão que você queira acrescentar?
Cristina Simões Bezerra – A Ouvidoria conta também, agora, com a presença ativa do Fórum de Diversidade, que será uma instância fundamental para a construção de nossas ações.
A Ouvidoria Especializada em Ações Afirmativas funciona na sala 123, no prédio da Reitoria, no campus de Juiz de Fora.
Outras informações: (32) 2102-3380 ou ouvidoriaespecializada.diaaf@ufjf.edu.br