O foco são compositores dos séculos XX e XXI, com ênfase no repertório coral brasileiro e na combinação de obras para violão e coral.Foto: Tayane Bragança

Na apresentação de hoje, o foco são compositores dos séculos XX e XXI, com ênfase no repertório coral brasileiro e na combinação de obras para violão e coral (Foto: Tayane Bragança)

Referência em canto coral no Brasil, o Ars Nova – Coral da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é a atração desta quinta-feira, dia 27, do 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, realizado pela Pró-reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O grupo apresentará, a partir das 20h, no Cine-Theatro Central, parte de um novo repertório o qual está sendo trabalhado este ano. O foco são compositores dos séculos XX e XXI, com ênfase no repertório coral brasileiro e na combinação de obras para violão e coral. O programa do concerto na cidade inclui composições de José Maurício Nunes Garcia, numa homenagem aos seus 250 anos de nascimento.  A entrada é franca, mas os convites devem ser retirados no Centro Cultural Pró-Música, localizado na Avenida Rio Branco 2.329 ou no local do evento uma hora antes do início do espetáculo.

Dividido em três partes, o programa terá início com obras sacras como o moteto Ave Maria, do austríaco Franz Biebl (1906-2001), e Ave Maris Stela, do norueguês Trond Kverno (1945). Na segunda parte estão obras corais brasileiras, como Judas Mercattor Pessimus, de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830); Duas Lendas Ameríndias em Nheengatu, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – nos seus 130 anos de nascimento –; Ponto de Oxum e Yemanjá, de Carlos Alberto Pinto da Fonseca (1933-2006), que regeu o Ars Nova por mais de 40 anos e deu ao grupo um reconhecimento internacional; e Sabiá Coração de uma Viola, de Aylton Escobar (1943).

Na terceira e última parte do programa, o Ars Nova convida o violonista mineiro Celso Faria para juntos interpretarem Romancero Gitano, opus 52, de Mario Castelnuevo-Tedesco (1895-1968), um concerto para violão e coro em forma de suíte, em sete movimentos com poemas de Federico Garcia Lorca.

Memória musical

Na opinião do maestro Lincoln Andrade, o Festival de Música Antiga e Colonial Brasileira é um marco na busca pela preservação de nossa memória musical. “Talvez seja um dos festivais mais importantes no Brasil atualmente, que oferece a possibilidade de discutir a produção musical brasileira a partir da música colonial, principalmente daquela produzida e descoberta em Minas Gerais”.

Para ele, a inclusão de grupos como o Ars Nova na agenda de concertos do festival incentiva a criação de grupos semelhantes e, apesar de o Ars Nova não desenvolver um repertório exclusivo e específico de música antiga e colonial, sua presença no evento “mostra que o festival abre sua área de atuação e sugere que, se existem grupos no Brasil hoje que fazem um repertório como esse, é porque a música brasileira evoluiu a partir de fonte e base bastante sólidas”.

Lincoln Andrade afirma estar muito feliz por essa oportunidade e informa que, em 2018, o Ars Nova planeja fazer concertos em cidades mineiras nais quais haja universidade federal com curso de Música e Conservatório Estadual, como é o caso de Juiz de Fora. “Esta ida de agora vai ajudar a estreitar os contatos para possibilitar uma nova ida a Juiz de Fora, em um futuro bem próximo.”

O grupo

Fundado em 1959, o Ars Nova é referência na área de canto coral no Brasil e no exterior. Sob a regência do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, de 1962 a 2004, o coro conquistou inúmeros prêmios e condecorações em importantes festivais nacionais e internacionais e realizou mais de 1.400 apresentações no Brasil e em outros 17 países. Desde a sua retomada, em 2013, sob a regência da maestrina Iara Fricke Matte, realizou 96 concertos no Brasil e no exterior, alcançando um público de mais de 18 mil pessoas. Destacam-se, ainda, dois prêmios recebidos em 2016: o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento e a conquista do terceiro lugar, na categoria Coro Misto, no 34º Festival Internacional de Música de Cantonigròs, realizado em Vic, Catalunha, Espanha. O Ars Nova – Coral da UFMG tem como regente atual o maestro Lincoln Andrade.

Programa

Franz Biebl (1906 – 2001)

Ave Maria 1964 : é um moteto originalmente escrito para vozes masculinas. O austríaco Biebl utilizou o texto da Ave Maria e um trecho do Angelus, a saudação do arcanjo Gabriel a Maria. O próprio compositor escreveu essa versão para coro misto.

Trond Kverno (1945)

Ave Maris Stella 1976: o texto de Ave, Estrela do Mar tem a origem e autoria difíceis de precisar, como muitas orações medievais. A liturgia católica saúda Nossa Senhora como “Estrela do Mar”, porque ela é a estrela mais brilhante, a mais alta que guia os navegantes em meio à escuridão. O sueco Trond Kverno escreveu esse moteto para dois coros, masculino e feminino.

Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

Duas Lendas Ameríndias em Nheengatu 1958

Iurupari e o Menino

Iurupari e o Caçador: esta é uma obra raramente executada, apesar do idioma do texto ser em Nheengatu, derivado do tupi, tão presente no dia a dia dos brasileiros. Iurupari é uma entidade, comparada ao Saci na mitologia Tupi. É o ser que faz artes, que provoca e que se diverte à custa dos erros humanos. O mundo musical este ano celebra os 130 anos do maestro Villa-Lobos e o Ars Nova presta aqui a sua homenagem.

Carlos Alberto Pinto da Fonseca (1933-2006)

Ponto de Oxum-Iemanjá 1965: esta é uma obra rica pelo aspecto rítmico e inovador: as vozes masculinas imitam o som de tambores, acompanhando uma melodia tradicional da Umbanda. O texto lembra o sincretismo religioso e no início saúda Iemanjá como a Rainha do Mar.

Aylton Escobar (1943)

Sabiá Coração de uma Viola 1971: esta obra foi escrita para ser peça de confronto no II Concurso de Corais Escolares da Guanabara. Ela mistura a canção brasileira com a marcha rancho e apresenta uma série de desafios para o coro que alterna partes rítmicas cantadas, com acompanhamento de palmas sincopadas.

Mario Castelnuoco-Tedesco (1895-1968)

Romancero Gitano, para coro e violão, opus 152 1951

Baladilla de los Tres Ríos

La Guitarra ⦁ Puñal ⦁ Procesión/Paso/Saeta

Memento

Baile

Crótalo.

Violão: Celso Faria

 

Ars Nova – Coral da UFMG

Regente: Lincoln Andrade

Regente assistente: Riane Menezes

Pianista correpetidor: Robério Molinari

Sopranos: Natalie Christine; Polliana Martins ; Luciana Alvarenga; Amanda Moreira; e Carolina Claret

Tenores: Júlio Chaves; Lucas Damasceno; Bruno Moreira; Messias de Oliveira; e Og Martins

Altos: Lúcia Alves Melo; Mariana Redd; Sônia Apcon; Sávio Alves; Iolanda Camilo; Luiza Soares

Baixos: Giancarlos de Souza; Vinícius de Abreu; Leandro Tassi; Talles Matos; e Samuel Goetz

Violão: Celso Faria

Todos os concertos noturnos serão precedidos de palestras ministradas pelo coordenador do Bacharelado em Música da UFJF, Rodolfo Valverde, com início às 19h, nos mesmos locais das apresentações.

O Cine-Theatro Central fica localizado na Praça João Pessoa s/n, no  Calçadão da Rua Halfeld, no Centro da cidade.

Confira a programação completa do 28º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

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Outras informações: (32) 3218-0336(Centro Cultural Pró-Música/UFJF)

(32) 2102-3964 (Pró-reitoria de Cultura-UFJF)