Fundado em 1962, o grupo esmera-se na divulgação da música de câmara brasileira, ao mesmo tempo em que amplia seu repertório por vários gêneros,Quinteto Villa-Lobos (Foto: Divulgação)

Fundado em 1962, o grupo esmera-se na divulgação da música de câmara brasileira, ao mesmo tempo em que amplia seu repertório por vários gêneros (Foto: Divulgação)

Com uma tradição de 55 anos de atuação ininterrupta, o Quinteto Villa-Lobos se apresenta nesta quarta-feira, dia 26, às 20h, no Cine-Theatro Central, como parte da programação do 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, realizado pela Pró-reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A entrada é franca, mas os convites devem ser retirados no Centro Cultural Pró-Música, localizado na Avenida Rio Branco 2.329 ou no local do evento uma hora antes do início do espetáculo.

Fundado em 1962, o grupo esmera-se na divulgação da música de câmara brasileira, ao mesmo tempo em que amplia seu repertório por vários gêneros, conferindo competência e popularidade às suas apresentações em espaços públicos e em escolas da rede de ensino. Atualmente, o quinteto é formado por Rubem Schuenck (flauta); Luis Carlos Justi (oboé); Paulo Sergio Santos (clarineta); Philip Doyle (trompa); e Aloysio Fagerlande (fagote).

Para a apresentação no festival, o grupo escolheu um programa que pretende cotejar a criação musical erudita brasileira do começo do século XX de dois dos maiores compositores brasileiros ligados à filosofia de Mario de Andrade e da Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922, em São Paulo: Heitor Villa-Lobos e Mozart Camargo Guarnieri. Além deles, o programa apresenta uma obra do compositor juiz-forano Edmundo Villani-Cortes.

Considerado nosso maior compositor e o maior das Américas, Villa-Lobos iniciava então seu ciclo dos Choros. Ao mesmo tempo, Camargo Guarnieri seguia o mesmo caminho. Por razões desconhecidas, o Choros 3 de Guarnieri, após sua primeira audição em 1929, ficou esquecido por muitos anos até ser redescoberto e reeditado pelo Quinteto Villa-Lobos, que o gravou em 2003.

Essa música é um retrato do som encontrado nas ruas de São Paulo na época de sua composição, por ocasião do carnaval e das festas populares. Em um aparente caos, a riqueza rítmica surge esporadicamente, lembrando a complexidade dos instrumentos percussivos utilizados na música indígena, popular e folclórica, enquanto a melodia tranquila das serestas e boleros da época aparece como contraponto romântico à percussão. O final retoma a percussividade rítmica, terminando em um ataque súbito dos instrumentos, à imitação do início.

De Edmundo Villani-Cortes, o programa inclui as 3 Impressões Afro-brasileiras que o compositor mineiro radicado em São Paulo escreveu para quinteto de sopros. A obra se divide em três movimentos distintos, em que são abordados três aspectos típicos da influência africana em nossa música brasileira. Com harmonias rebuscadas e escrita imitativa, o compositor nos transporta aos afetos atávicos ligados a cada uma das manifestações impressas nos títulos dos andamentos.

Obra-prima

Compositor cujo nome o quinteto homenageia, Villa-Lobos comparece no programa com seu Quinteto em Forma de Choros, obra que resume em poucos minutos uma visão abrangente das manifestações culturais brasileiras, em que os elementos musicais aparecem, como em Guarnieri, mas de forma completamente diferente, interligados entre si e conduzidos com maestria composicional única. “Interessante notar como dois grandes compositores abordam uma mesma ideia musical de maneira tão distinta, pessoal, resultando em duas obras-primas da composição nacional”, ressalta o grupo.

Choros 2, para flauta e clarineta, a segunda composição da série, traz estilizada toda a riqueza do improviso do choro para dois instrumentos “chorões” por excelência. Bachianas 6, para flauta e fagote, aborda inicialmente a beleza melódica das nossas serenatas à janela da homenageada, seguida pela complexidade rítmica comum nas composições de Villa-Lobos, que as torna sempre exigentes e de difícil execução para os intérpretes.

O programa se encerra com o Villa-Lobos mais conhecido, das melodias que, por força de sua beleza, se tornaram praticamente “pinturas” da música brasileira, como a Ária da Bachianas Brasileiras 5, o Trenzinho do Caipira e outras.

O Quinteto

Em sua discografia destacam-se os CDs Quinteto em Forma de Choros (Kuarup Discos); Fronteiras e Quinteto Villa-Lobos Convida (Rio Arte Digital); Um Sopro Novo (Selo Radio MEC); A Obra de Câmara para Sopros de Heitor Villa-Lobos (ABMDigital); Quintetos de Sopro Brasileiros 1926-1974 (Selo Radio MEC); agraciado com o Prêmio BR-Rival em 2008; Villa-Lobos – um clássico popular (Kalamata), em 2009; Ernesto Nazareth  (Kalamata), em 2011; e Rasgando Seda (Selo SESC-SP) neste ano, com obras de Guinga – indicado recentemente ao Grammy Latino.

​Em 2001 e 2009, o Quinteto Villa-Lobos recebeu o Prêmio Carlos Gomes, promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, como o Melhor Grupo de Câmara nacional. Em 2006, foi premiado pela Funarte e realizou turnê com 12 concertos pelo Nordeste, além de ter encerrado a Copa da Cultura com concerto em Berlim, na Alemanha.

Em 2008 realizou o projeto Oi apresenta: Quinteto Villa-Lobos no Rio de Janeiro, com 35 concertos e oficinas por cidades do estado, turnê de lançamento do CD Quintetos de Sopro Brasileiros com concertos em São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, além de apresentações e oficinas no Chile, Paraguai, Peru e Equador a convite do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Em 2009, foi Quinteto Residente do 40º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, realizou turnê, também a convite do Itamaraty, por vários países africanos, além de uma série de concertos para o lançamento do novo CD Villa-Lobos – um clássico popular por diversas cidades brasileiras, e encerrou o Festival Villa-Lobos promovido pela Radio-France, na França, com um concerto em Paris, na Salle Olivier Messiaen.

Em 2010 participou de concertos comemorativos em Israel, nas cidades de Tel-Aviv, Jerusalém e Kfar Saba, a convite da Embaixada Brasileira por ocasião da visita do Presidente Luis Inácio Lula da Silva àquele país.

Em 2011, realizou turnê de lançamento do CD Ernesto Nazareth por várias cidades brasileiras, além de ter participado da XIX Bienal de Música Brasileira Contemporânea.

Em 2012, ano da comemoração do cinquentenário do grupo, recebeu e participou de diversas homenagens, como a primeira audição da obra Concerto a Cinco, de João Guilherme Ripper, em concertos com a Orquestra Petrobras Sinfônica e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, do lançamento do DVD e Bluray Quinteto Villa-Lobos – 50 Anos (Premio FAM-2011, Prefeitura do Rio de Janeiro), além de turnê de lançamento no Estado de SP do CD Rasgando Seda (Selo SESC-SP), com obras de Guinga.​

Em 2013, participou do Festival de Música Clássica Brasileira, em Portugal, apresentando-se em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Mafra. Também foi convidado a participar de uma série de eventos musicais paralelos à Feira do Livro de Frankfurt, em setembro, além de integrar a programação do Festival Cervantino no México, um dos maiores da América Latina, em outubro. Em 2014 e 2017, apresentou-se e ministrou aulas no Festival de Cartagena de Índias, na Colômbia.

Programa

Mozart Camargo Guarnieri Choros 3

Edmundo Villani-Cortes 3 Impressões Afro-brasileiras

Toada – Dolente – Congada

Heitor Villa-Lobos Quinteto em forma de choros

Choros 2 – flauta e clarineta

 Bachianas Brasileiras n. 6 (flauta e fagote)

  Villa-Lobos Popular

O Cine-Theatro Central fica localizado na Praça João Pessoa, s/n, no  Calçadão da Rua Halfeld, no Centro da cidade

Todos os concertos noturnos serão precedidos de palestras ministradas pelo coordenador do Bacharelado em Música da UFJF, Rodolfo Valverde, com início às 19h, nos mesmos locais das apresentações.

Confira a programação completa do 28º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

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Outras informações: (32) 3218-0336(Centro Cultural Pró-Música/UFJF)

(32) 2102-3964 (Pró-reitoria de Cultura-UFJF)