Quem já ouviu falar da Maria Jacu, da Ana Bromélia e do José Café? A imaginação e a criatividade de dez estudantes da UFJF deram outra vida à biodiversidade do Jardim Botânico da instituição. Árvores e animais viraram personagens em três livretos gratuitos que estão disponíveis para download, em formato e-book, no site do Jardim. São eles: “A História do Jardim Botânico UFJF por Chico e Maria Jacu”, “A História do Pé de Café” e “A Caderneta dos Anfíbios do Jardim Botânico UFJF”.
Um dos livretos vai além das páginas impressas: enquanto conhece sobre as espécies, o leitor poderá ouvir o coaxar de 13 sapos, rãs e pererecas, como o sapo-cururu, a perereca-de-pijama e a rãzinha-assobiadeira. Para isso, basta escanear o QR Code presente em “A Caderneta dos Anfíbios”, com o auxílio de um celular conectado à internet. “Eles vão conhecer o som desses animais, saber onde habitam, como é a carinha deles, o jeitão do bicho. Pensamos numa maior interatividade desse material com o público”, explica um dos autores Arthur de Oliveira.
Resultado de uma parceria entre a Faculdade de Educação e o Jardim Botânico, as três obras foram produzidas como atividade da disciplina “Estágio Supervisionado em Ensino de Biologia II”, ministrada pela professora Mariana Cassab, no curso de licenciatura em Ciências Biológicas da UFJF. Estudantes receberam o desafio de produzir material didático que pudesse ser usado em educação ambiental e divulgação científica. A atividade, portanto, contribui para a formação dos dez futuros professores e para o trabalho educativo no Jardim, conforme Mariana.
“Todo o processo envolveu um trabalho de imersão na instituição, estudo sobre seu histórico, normativas e estrutura, além de acompanhamento de algumas das inúmeras ações que desenvolve, como o serviço de visitas guiadas que o Jardim oferece às escolas da região”, acrescenta a professora.
A meta é inserir os livros nas ações de educação ambiental do Jardim e disponibilizar para escolas e visitantes em geral, conforme o vice-diretor da instituição, Breno Moreira, que também orientou a produção do material didático. “Foi muito gratificante perceber a dedicação e o carinho dos discentes na confecção dessa ferramenta pedagógica, que ficará como um legado para os visitantes.”
O material soma-se a mais 4 livretos criados no segundo semestre de 2021. Também estão disponíveis para serem baixados no site do Jardim: ufjf.br/jardimbotanico.
Sapos no Jardim
“A Caderneta dos Anfíbios do Jardim Botânico UFJF” é inspirada nos cadernos de campo de biólogos. Apresenta informações sobre anuros, que incluem sapos, salamandras e cobras-cegas. Eles são importantes bioindicadores, porque são sensíveis a alterações ambientais e climáticas. Portanto, se não habitam uma determinada região, é sinal de que houve mudança na conservação local.
“Ao conhecer um pouco mais sobre as 13 espécies de anuros selecionadas que vivem no Jardim Botânico, o leitor é convidado a se engajar na proteção desses animais e dos biomas onde ocorrem”, explica Mariana.
Como tornar a linguagem científica mais palatável para o público em geral? “Não foi fácil transcrever tantos materiais científicos com termos acadêmicos para conversar com o conhecimento em geral, dos alunos. Temos que fazer essa transposição didática corretamente, para abranger os conceitos da ciência e não ser algo distante do conhecimento escolar, geral. Então foi bastante interessante participar”, resume um dos autores Arthur Oliveira, que escreveu junto a Eduardo de Oliveira, Aguinaldo Vieira e Vítor Luís Duque.
Como tudo foi criado
“A História do Jardim Botânico da UFJF por Chico e Maria Jacu” mostra a visita de Maria Jacu com o filho Chico Jacu no Jardim. Entre um e outro beliscar de jabuticaba, conversam com Ana Bromélia, José Café, a Capi Capivara e outros seres que habitam o local.
O livro, todo ilustrado, tem como um dos objetivos ampliar a percepção das crianças sobre a importância local, histórica e ambiental do Jardim, conforme as autoras Bruna Leal, Gabriella Ferraz e Lara Ferreira.
“Pudemos vivenciar ainda mais o local e compreender os processos educacionais que acontecem por ali. Foi enriquecedor e, ao mesmo tempo, prazeroso poder contribuir com um material literário para o acervo pedagógico do Jardim Botânico.”
A travessia do café
Já é possível perceber que o Jardim é fonte de inúmeras histórias. A partir de uma espécie de árvore são reveladas camadas e camadas de uso pelo ser humano, a exemplo do café.
“Queremos contar essa história a partir de uma leitura étnico-racial, que denuncia o crime que foi a escravização dos povos negros e indígenas e anuncia o quanto suas culturas contribuíram, e ainda contribuem, para a construção do nosso país”, explicam as autoras Emanuele Pereira, Pâmela Timóteo e Wallace Sales.
Em “A História do Pé de Café”, a própria planta relata seu passado e presente, desde os primeiros achados de uso da fruta para bebida no continente africano, passando pela escravização de pessoas negras e indígenas em terras brasileiras para o cultivo da espécie até a introdução do café na área onde hoje funciona o Jardim Botânico.
Baixe os livretos
“A Caderneta dos Anfíbios do Jardim Botânico UFJF”
Eduardo de Oliveira, Aguinaldo Vieira, Arthur de Oliveira e Vítor Luís Duque
“A História do Jardim Botânico da UFJF por Chico e Maria Jacu”
Bruna Leal, Gabriella Ferraz e Lara Ferreira
Ilustração: Maria Elizabeth
“A História do Pé de Café”
Emanuele Pereira, Pâmela Timóteo e Wallace Sales
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