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Nota em defesa da justiça climática

Não é normal o calor acima de 40° graus, as severas tempestades aqui e as secas acolá.

Não é normal o cansaço, o desânimo, a dificuldade de respirar, a insolação, a desidratação, os adoecimentos constantes.

Os dias extremos nos levam a pensar que “nunca vimos algo assim antes”.

Milhares de pessoas desalojadas e/ou desabrigadas

Desterritorialização!
De humanos e não humanos.

A crise climática nos atinge por todos os lados, com contornos de colapso: Colapso climático.

Mas quais seriam as soluções ?
Ventilador, ar condicionado, piscina, carro elétrico e placa solar? Outras soluções tecnológicas ao dispor de poucos e poucas?

O sistema mundo-capitalista-moderno-colonial-patriarcal já proferiu em mais alto tom sua palavra de ordem:
a natureza está à venda, tornou-se mercadoria. Era do Capitaloceno: a nos colapsar!

A água já não é para todes. Assim como as florestas, os rios, os oceanos, a terra…

Até quando seguiremos naturalizando a emissão de gases estufa, o calor, a dor, a fome e esse sistema morte?

De que nos ajuda o negacionismo climático ou a camuflagem verde de empreendimentos e políticos com seus fáceis discursos tecnocratas de “sustentabilidade”?

Este não é um alerta sobre o fim. É sobre estar vigilante à emergência climática que, apesar de atingir a todes, afeta de maneira não igualitária diferentes grupos sociais.

O risco iminente de vulnerabilidade e escassez,
Os constantes massacres e a violência.
A recusa do outro a serviço do tempo e do modo veloz e impiedoso moderno: Era do Capitaloceno!

Mirar o horizonte de um novo mundo implica desnaturalizar criticamente as circunstâncias que fazem a temperatura arder, os rios transbordarem,
as classes pobres, os corpos negros e pardos e indígenas sucumbirem.

Implica ouvir as existências sufocadas, que sempre estiveram aqui, reexistindo em outros modos conviventes de ser e estar com a natureza.

Implica escutar os saberes subalternizados, atingidos/a pela injustiça climática e alçar romper com as relações de poder legadas desde a escravidão.

Urge alçar o centro da tempestade, o caos climático, e confrontar as causas das aceleradas destruições, tecendo novos pactos com os não-humanos.

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