Fechar menu lateral

PPEA: Encontro de egressos promove reflexões sobre alimentação, memória e afeto

Discussão abordou hábitos culinários, indústria alimentícia e papel social da comida

 

O segundo encontro de egressos do Programa de Preparação e Educação para a Aposentadoria (PPEA) de 2025 reuniu participantes para uma troca sensível sobre alimentação e memória afetiva. Conduzida pelo acadêmico do 8º período de Nutrição, Eduardo Moreira, orientando da professora Ana Lívia de Oliveira, a atividade começou com um exercício de meditação guiada, no qual os presentes foram convidados a resgatar lembranças da primeira cozinha e das vivências da infância.

Exercício meditativo guiado convidou o grupo a relembrar memórias de infância relacionadas à alimentação (Foto: Comunicação da PROGEPE)

As memórias emergiram de forma viva. Ana Bernadete Rocha, integrante do grupo de 2025, lembrou de sua infância na roça, descrevendo o modo como sua família preparava e conservava alimentos. “Meu pai cozinhava para alimentar os porcos, preparava carne de porco. Não tinha geladeira na época. A conservação era em latas de gordura, a linguiça sendo defumada no fogão a lenha, os doces feitos com frutas da época”, contou.

Sidney Torres (turma de 2024), compartilhou uma lembrança afetuosa: um colega de infância que sempre visitava sua casa e participava de um sorteio de pastéis feitos por sua mãe. “Um dos pastéis era bem maior que os outros. E por coincidência — ou não — era sempre o amigo quem ganhava”, recordou, arrancando risos de todos.

Após o acolhimento inicial, Eduardo apresentou o Guia Alimentar para a População Brasileira, destacando seu foco em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, arroz, feijão e lentilha. Ele explicou que o guia “é inclusivo e não prescreve dietas restritivas”, mas orienta para o uso moderado de sal, açúcar e gorduras.

O estudante chamou atenção para a importância de compreender o momento da alimentação como um espaço de convivência. “É preciso equilíbrio e consciência sobre o que consumimos e sobre como nos relacionamos com a comida”, disse, apontando para um cenário atual em que, muitas vezes, o alimento é reduzido apenas à sua função nutricional. 

A participante Gessilene Foine (turma de 2024) reforçou essa percepção ao afirmar que “comida é poesia, é um momento social, de afeto”, e que hoje se observa um reducionismo que transforma o alimento apenas em “proteína ou carboidrato”.

As discussões também passaram por temas como suplementação — especialmente creatina, whey protein e colágeno — e leitura de rótulos. Eduardo explicou as recentes mudanças nas embalagens, decorrentes da legislação voltada para os ultraprocessados, e destacou a responsabilidade da indústria de alimentos. Para ele, muitas empresas se aproveitam da falta de familiaridade da população com os rótulos: “A maioria não lê ou não sabe interpretar as informações, ou é levada a optar apenas pelo mais barato”.

Monitor da professora Ana Lívia de Oliveira, Eduardo Moreira conduziu a roda de conversa (Foto: Comunicação da PROGEPE)

Catarina Sánchez (turma de 2025) compartilhou sua experiência ao morar na Espanha no ano anterior, observando como muitas pessoas já não preparam mais suas refeições em casa. Celíaca, ela relatou manter o hábito do preparo doméstico e valorizá-lo: “Considero importante para o cuidado com a alimentação e para manter a relação de atenção com o que comemos.”

Encerrando o encontro, Eduardo Moreira ressaltou a necessidade de resgatar hábitos culinários, incentivando que esses conhecimentos sejam transmitidos às novas gerações. Segundo ele, cultivar um olhar crítico é essencial para fazer escolhas mais saudáveis ou menos nocivas. O grupo concordou que, com o passar dos anos, muitos retornam aos sabores da infância — e, junto deles, às memórias que alimentam afeto, identidade e pertencimento. 

PPEA

Criado neste ano, o encontro de egressos tem como proposta reunir, a cada semestre, ex-participantes das turmas formadas a partir de 2024. A equipe do PPEA é composta por profissionais de diferentes setores da Universidade – especialmente da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) e do Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento –, como parte de uma política de apoio à transição dos servidores da UFJF para a aposentadoria.