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Cuidados com a voz: instrumento de trabalho essencial na docência

Em referência ao Dia do Professor, especialista alerta para a importância da saúde vocal

 

Fonoaudióloga do HU-UFJF, Sirlei Mariano, é especialista da voz e orienta sobre os cuidados com a saúde vocal (Foto: Arquivo pessoal)

No dia 15 de outubro, é celebrado o Dia do Professor. A data serve como lembrete de que os professores são também profissionais da voz. Para além de transmitir conteúdos, a voz é recurso de aproximação, vínculo e expressão. “O professor a utiliza para lecionar, expor ideias, estreitar relações, transmitir conhecimentos e ensinar. E, para que consiga uma boa performance vocal durante sua atividade de docência, precisa cuidar de seu instrumento de trabalho”, destaca a fonoaudióloga do Hospital Universitário da UFJF, Sirlei Mariano, especialista em voz.

A Gerência de Saúde do Trabalhador da UFJF informa que já registrou na Coordenação de Saúde, Segurança e Bem-Estar (COSSBE) da UFJF demandas de docentes que relataram sinais de sobrecarga vocal. Esses relatos “evidenciam a necessidade de atenção preventiva e de orientação adequada, de modo a preservar a saúde vocal e evitar o agravamento de possíveis problemas que possam comprometer o exercício da atividade docente”, segundo o gerente de Saúde do Trabalhador, Paulo Sérgio Pinto.

Neste sentido, como todo instrumento de trabalho, a voz precisa de cuidados e proteção. Problemas vocais podem impactar diretamente a rotina em sala de aula: fadiga, rouquidão persistente, dificuldades na projeção da voz e até alterações laríngeas mais graves, como nódulos e pólipos. O ambiente acadêmico pode, por si só, intensificar o desgaste vocal. Ruídos do ambiente, exposição a ventiladores e ar-condicionado, salas de aula com muitos alunos, pó de giz e uso contínuo da voz em espaços grandes são exemplos de fatores de risco. 

“Rouquidão que persiste por vários dias, cansaço ou fraqueza da voz ao final do expediente, pigarro constante, alteração na qualidade vocal ou perda parcial da voz são sinais de alerta importantes, que indicam a necessidade de avaliação fonoaudiológica”, reforça Sirlei. A profissional também alerta que, se a rouquidão persistir por mais de 15 dias, deve-se procurar atendimento médico, na especialidade de otorrinolaringologia.

Hábitos que fazem a diferença

O cuidado com a voz passa por pequenas atitudes cotidianas. Hidratar-se constantemente, evitar gritar, fazer repouso vocal nos intervalos, manter uma alimentação equilibrada e evitar ambientes ruidosos são algumas medidas simples e eficazes.

A fonoaudióloga afirma também que é importante observar a postura corporal, evitando tensões e desequilíbrio corporal que podem gerar tensão na região cervical. “Observe a maneira como fica de pé, distribuindo de forma correta o peso do corpo. Quando for escrever na lousa, procure não virar a cabeça para explicar para a classe, pois além de aspirar o pó de giz acarreta mau posicionamento da laringe e tensão na região cervical.”

Durante atividades físicas, evitar falar. “Em salas grandes ou em jornadas muito extensas, o microfone é um aliado que ajuda a reduzir o esforço vocal, assim como intercalar aulas expositivas com o uso de recursos didáticos e tecnológicos para menor impacto vocal”, orienta. Outros cuidados incluem evitar o uso de balas e pastilhas que apenas mascaram sintomas de alteração vocal, dar preferência a giz antialérgico e apagar a lousa com pano úmido.

Arte: Comunicação da PROGEPE | Imagem: Canva 

Parcerias no cuidado com a voz

A Gerência de Saúde do Trabalhador tem buscado ampliar o debate sobre o tema e incentivar boas práticas de preservação vocal entre os servidores. Hoje, a equipe multiprofissional da COSSBE não tem fonoaudiólogos em seu quadro de colaboradores. 

“Nossa proposta é monitorar as demandas e fortalecer ações e parcerias que ampliem o cuidado com a saúde vocal no ambiente universitário. Reconhecemos que a voz é um instrumento de trabalho indispensável para os professores, e cuidar dela significa também valorizar a carreira e a qualidade do ensino”, afirma o gerente.

O serviço de Fonoaudiologia do Hospital Universitário conta com um ambulatório que atende pacientes com queixas vocais. “Embora a assistência esteja ativa e tenha compromisso com a qualidade do cuidado, a alta demanda e a redução de profissionais na equipe podem gerar  filas de espera em alguns períodos. Seguimos na busca de estratégias que permitem qualificar ainda mais o serviço, assegurando um acolhimento eficiente e humanizado aos pacientes”, compartilha Sirlei Mariano.

>> Esta matéria é destaque na edição de outubro do Saúde em Dia. O informativo também aborda o trabalho da Comissão instituída para implantar a Política de Saúde e Segurança do Trabalho e de Riscos Ocupacionais, compartilhando a cartilha elaborada pela Diretoria de Imagem para que toda a comunidade acadêmica esteja comprometida com a segurança na Universidade.