Ana Maria Ferreira Michelle Neves Capuchinho
Título: “Questão agrária em Minas Gerais; análise do desenvolvimento capitalista no campo a partir das principais cadeias produtivas do agronegócio 2002- 2020“
Orientador: Profa. Dra. Sabrina Pereira Paiva
Professores Examinadores: Prof(a). Dr(a). Mônica Aparecida Grossi Rodrigueso, Prof(a). Dr(a). Elizete Maria Menegat, Prof(a). Dr(a). Renata Couto Moreira e Prof(a). Dr(a). Ana Terra Reis
Data da defesa: 21/02/2025
Resumo:
O presente trabalho tem como objeto central a questão agrária mineira, com foco no papel do padrão de reprodução do capital, delimitando como referência para a análise cinco das principais cadeias produtivas do agronegócio: o setor sucroalcooleiro, o café, os grãos, a mineração e o gado. O objetivo central foi compreender os mecanismos de apropriação da renda da terra em tempos de capital financeiro e como esses mecanismos estão relacionados à concentração fundiária. A investigação situase no contexto da financeirização da economia e da reprimarização das exportações agrícolas brasileiras, evidenciando as contradições do modelo de desenvolvimento capitalista e o papel do Estado na manutenção da propriedade privada da terra. O trabalho delimita o período da década de 1970, marcado por uma crise estrutural do capital, como um momento determinante, pois a implantação da Revolução Verde, com amplo apoio do Estado, criou as condições necessárias para a organização do agronegócio no Brasil. Por meio da análise histórica e teórica, o estudo busca contribuir para uma compreensão mais aprofundada das relações fundiárias e das disputas políticas envolvidas na luta pela terra em Minas Gerais, destacando a presença do agronegócio nas doze mesorregiões caracterizadas, com o intuito de ressaltar as similaridades no processo de exploração do capital, bem como sua distribuição e organização. Ao realizar essa caracterização, por meio de autores que se debruçaram sobre as diversas realidades regionais, foi possível concluir que a relação com a concentração fundiária e os efeitos desse processo de exploração são intensificados pela atual fase de desenvolvimento do capital: a financeirização da economia.
Título: “Erguendo a voz: um ensaio sobre o enfrentamento à violência através das escrevivências de mulheres negras “
Orientador: Profa. Dra. Elizete Maria Menegat
Professores Examinadores: Prof(a). Dr(a). Sabrina Pereira Paiva, Prof(a). Dr(a). Carolina dos Santos Bezerra, Prof(a). Dr(a). Rosana de Jesus dos Santos, Prof. Dr. José Carlos Freire e Prof. Dr. Thiago de Abreu e Lima Florêncio
Data da defesa: 26/02/2025
Resumo:
A presente tese desenvolve um exercício de escrita ensaística por meio da escrevivência, termo criado pela escritora Conceição Evaristo, nos anos 1990. O objetivo é analisar, a partir da escrevivência, o conteúdo sobre violência sofrida por mulheres negras decorrente do capitalismo, e seu processo de exclusão racial, social e de gênero, tendo a seguinte questão: o que este registro ajuda a revelar sobre a violência sofrida por mulheres negras neste sistema? Este trabalho parte da hipótese de que a escrevivência é uma forma de resistência às opressões vivenciadas, em comum, por mulheres negras no capitalismo. Portanto, é uma resistência à violência. Isso levou à análise da obra Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011) de Conceição Evaristo, uma vez que retrata, fundamentalmente, acerca da violência sofrida por mulheres. Como aparato metodológico para a presente pesquisa, foi realizada uma análise documental do livro Raízes: resistência histórica, escrito por vinte mulheres negras, e publicado em 2018 pela editora Venas Abiertas, de Belo Horizonte-MG. Tal escolha se deu a fim de identificar e analisar quais são os conteúdos denunciados acerca da violência sofrida por mulheres negras na presente obra. Evidenciou-se a diversidade de temas abordados, com destaque para a violência colonial,
escravização, racismo, e pressão de padrões estéticos.
Título: “Marx, os marxismos e a crise: a lei tendencial da queda da taxa de lucro e as determinações subjacentes da crise do capital na contemporaneidade“
Orientador: Profa. Dra. Ednéia Alves de Oliveira
Coorientador: Profª. Drª. Paula Francisca Vidal Molina
Professores Examinadores: Prof. Dr. Alexandre Aranha Arbia, Prof. Dr. Fernando Gaudereto Lamas, Prof. Dr. Fernando Leitão Rocha Junior e Prof. Dr. Marcelo Dias Carcanholo
Data da defesa: 02/06/2025
Resumo:
A tese analisa as causas das recorrentes crises do processo de produção e reprodução capitalista. Em diálogo com a obra de Marx e seus intérpretes contemporâneos, argumentamos que a crise não pode ser resumida a problemas relacionados à regulação neoliberal ou à financeirização no pós-1970. Em oposição a esse tipo de análise, destacamos a necessidade de considerar os acontecimentos da crise econômica mundial de 2008 em conexão com as determinações subjacentes que constituíram o movimento do capital a partir da década de 1970, em especial, nos EUA, epicentro da crise. Consideramos que a crise de 2008 apresenta como causa fundamental a ampliação da contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social e as relações sociais de produção capitalistas. Tal contradição é evidenciada pela queda da taxa geral de lucro das corporações norte-americanas no período 1973-2008. Nos opomos a análises de cariz ricardiano, como a de Nobuo Okishio, que apontam unilateralmente a elevação dos salários como único elemento capaz de levar a uma queda da taxa de lucro no capitalismo. Em nossa compreensão, a taxa de lucro tende a cair em decorrência do aumento das forças produtivas do trabalho social, do crescimento do mais-valor relativo e, por conseguinte, da ampliação da produtividade sob a égide do capital. Ademais, evidenciamos que a resposta do governo norte-americano às crises a partir dos anos 1970 por meio da combinação entre a expansão do sistema de crédito, do capital fictício e da liberalização das finanças não foi capaz de recuperar as elevadas taxas de crescimento e acumulação do pós-Segunda Guerra Mundial, apenas deslocou o problema para adiante por meio do endividamento generalizado e da conformação de bolhas e booms especulativos de curta duração. Deste modo, em diálogo com Kliman, consideramos que o neoliberalismo e a financeirização não podem ser apontados de modo unilateral como causa da crise de 2008, mas somente como uma política em resposta à estagnação relativa da economia dos EUA a partir da crise dos anos 1970. A ausência de destruição significativa de capital entre 1973 e 2008 impediu que se desenvolvessem as bases para a recuperação do crescimento da economia, do investimento e do emprego. Por fim, concluímos que as crises são inerentes ao movimento do capital e, nesse sentido, inevitáveis enquanto ele se mantém de pé. As diferentes políticas econômicas postas em prática pelos estados são capazes apenas de adiar os problemas, elevar a instabilidade e gerar condições para crises mais graves. Nesse sentido, a análise da crise de 2008 contribui para evidenciar, por um lado, os limites inerentes ao próprio capital como relação social de produção do mais-valor e, por outro, a necessidade histórica de sua substituição por formas superiores de organização do trabalho social.
Palavras-chave: Marx; crise do capital; lei tendencial da queda da taxa de lucro; neoliberalismo; financeirização.
Nicole Cristina Oliveira Silva
Título: “A CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DO MARXISMO PARA A APREENSÃO DA QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NO BRASIL: reflexões para o Serviço Social”
Orientador: Profa. Dra. Luciana Gonçalves Pereira de Paula
Professores Examinadores: Prof(a). Dr(a). Ana Maria Ferreira, Prof(a). Dr(a). Joseane Barbosa de Lima, Prof(a). Dr(a). Paula Martins Sirelli e Prof(a). Dr(a). Rodrigo José Teixeira
Data da defesa: 31/07/2025
Resumo:
A tese tem como objeto a relação entre marxismo e questão étnico-racial e como objetivo demonstrar, a partir de uma análise bibliográfica e reflexiva, a contribuição teórico-metodológica do marxismo para a apreensão da questão étnico-racial no Brasil. Parte da hipótese de que, no que toca à questão étnico-racial, o recurso ao marxismo sem a intrínseca articulação entre apropriação teórica e mobilização metodológica pode incorrer em abordagens ecléticas que limitam a apreensão do objeto sob perspectiva de totalidade. O argumento central, ou seja, a tese defendida é a de que a perspectiva teórico-metodológica marxista, compreendida enquanto unidade articulada entre teoria e método, oferece contribuições indispensáveis para a
análise e apreensão crítica da questão étnico-racial no Brasil, permitindo sua compreensão como constitutiva e indissociável do capitalismo. Para tal, exige a mobilização das categorias constitutivas do método de Marx: totalidade, contradição e mediação. Para concretização do objetivo, a metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica com base em referenciais teóricos do campo marxista. A organização da tese contempla: sua introdução, na qual são discorridas o objeto, os objetivos e as justificativas; a hipótese e a tese de pesquisa; a exposição do método e da metodologia de investigação; a discussão sobre a perspectiva teórico-metodológica marxista, com ênfase na abordagem das categorias constitutivas de seu método; o
debate sobre as relações entre marxismo e questão étnico-racial, no qual se pretende evidenciar a argumentação central (tese); e, por fim, a síntese final. Nela, são retomadas as principais reflexões desenvolvidas no curso da pesquisa, apontando as contribuições da perspectiva marxista para a apreensão da questão étnico-racial no Brasil e levantando algumas ponderações para o Serviço Social. A tese presente não encerra o debate que coloca, pois seu próprio objeto de análise está em movimento constante na realidade. Nessa direção, tal pesquisa aponta contribuições, reconhece limites e abre possibilidades para novos caminhos investigativos.
Palavras-chave: Marxismo. Questão étnico-racial. Teoria. Método. Serviço Social.
Jhony Oliveira Zigato
Título: “A reconstrução histórico-crítica do Serviço Social no Vale do Mucuri (MG): institucionalização, consolidação e expansão da profissão”
Orientador: Profa. Dra. Carina Berta Moljo
Professores Examinadores: Prof(a). Dr(a). Alexandra Aparecida Leite Toffanetto Seabra Eiras, Prof(a). Dr(a). Ana Luiza Avelar de Oliveira, Prof(a). Dr(a). Maria Angelina Baía de Almeida Camargo e Prof(a). Dr(a). Mônica Paulino de Lanes
Data da defesa: 14/08/2025
Resumo:
A presente tese tem como objetivo reconstruir historicamente a profissão de Serviço Social no Vale do Mucuri (MG) desde os anos 1980 até dias atuais. Apreender a formação sóciohistórica brasileira articulada à formação regional bem como conhecer o perfil profissional e os elementos que culminam com a inserção, desenvolvimento e expansão da profissão no Vale do Mucuri tem sua inédita importância na medida em que não há estudos que realizam este movimento de reconstrução histórica na região. A história é categoria e elemento central deste processo, pois é apreendida e compreendida como movimento, como vir a ser, recusando linearidades e uma “estrutura acabada”, permitindo, assim, desvendar a cultura política
brasileira e a cultura profissional em sua essência fenomênica à medida que reconstruir historicamente a dinâmica de uma profissão com as particularidades da região ultrapassa o discurso de uma “história oficial”, ou seja, captar o seu movimento pelo avesso, dando voz aos sujeitos sociais oriundos das classes trabalhadoras, quais sejam: as e os Assistentes Sociais. O percurso metodológico sustentou-se na Teoria Social de Marx, que parte da realidade concreta em sua aparência fenomênica e permite ao pesquisador compreender os elementos contraditórios do real sob o crivo da Reprodução das Relações Sociais, relações estas que têm por base as relações de produção na sociabilidade capitalista, determinando os aspectos da
reprodução espiritual, ou seja, os elementos ideológicos, filosóficos, artísticos e religiosos que objetivam “sustentar” a sociabilidade vigente, mas, na mesma dinâmica, revela seus limites e contradições. A pesquisa se subsidiou em seu caráter bibliográfico e documental, contemplando aspectos da realidade sócio-histórica brasileira e regional, bem como a vasta produção da literatura profissional do Serviço Social no campo dos seus fundamentos. A História Oral, enquanto modalidade de pesquisa, foi fundamental, pois, ao valorizar a subjetividade dos sujeitos sociais sem incorrer em subjetivismos a-históricos, busca captar as determinações objetivas da realidade social, que se constroem e reconstroem na trama da reprodução das relações sociais. Para a coleta de dados, foram realizadas 16 entrevistas com Assistentes Sociais da região, objetivando captar em seus relatos a realidade da profissão de Serviço Social em diálogo com a formação sócio-histórica regional. Ressalta-se que as e os profissionais entrevistados localizam-se temporalmente na região a partir dos anos 1980 e permanecem até os dias atuais, o que possibilitou uma Reconstrução Histórica do Serviço Social no Vale do Mucuri.
Palavras-chave: formação sócio-histórica brasileira e regional; cultura política; cultura profissional; Serviço Social e Assistentes Sociais no Vale do Mucuri (MG).
Tese (formato .pdf, tamanho 3,4 MB)
Fábio da Silva Calleia
Título: “Mal-estar na civilização do capitalismo tardio: Os supérfluos como insígnia da obsolescência programada humana do mundo do trabalho”
Orientador: Profa. Dra. Alexandra Aparecida Leite Toffanetto Seabra Eiras
Professores Examinadores: Prof. Dr. Marco José de Oliveira Duarte, Profa. Dra. Viviane Souza Pereira, Profa. Dra. Berta Pereira Granja e Prof. Dr. Marildo Menegat
Data da defesa: 06/10/2025
Resumo:
A Tese a seguir tem por objetivo analisar a expansão dos supérfluos na contemporaneidade como consequência da Lei geral da acumulação capitalista
advinda da relação entre capital e trabalho. Entendem-se por supérfluos aqueles que não mais interessam à dinâmica do capital. Partindo do arcabouço teórico marxiano esta tese analisa e demonstra que a relação entre capital e trabalho, contraditória e complementar, impõe à sociedade o seu percurso ininterrupto de valorização do valor. Para isso, o capital, em seu permanente estado de revolucionar sua capacidade produtiva, ao elevar a sua composição orgânica, encontra em si sua desmedida, levando assim a sua parte variável à sua obsolescência. Essa tendência teórica e análise materializam-se com a crítica sobre indicadores globais, outros fatos e dados da contemporaneidade que nos permitem a visualização da totalidade. Na crise estrutural instituída e no cenário globalizado da barbárie da supérfluotização da humanidade o trabalho tem sido propalado como um caminho de saída, que já não existe mais. O feitiço do mundo do trabalho adverte: a humanidade está em decomposição e os supérfluos são a insígnia da obsolescência programada humana.
Palavras-chave: Capitalismo; trabalho; supérfluos; barbárie; Serviço Social
Juliano Zancanelo Rezende
Título: “Serviço Social e Movimentos Sociais: contribuições analíticas para uma história nova da profissão em Juiz de Fora-MG”
Orientador: Profa. Dra. Maria Lúcia Duriguetto
Professores Examinadores: Profa. Dra. Alexandra Aparecida Leite Toffanetto Seabra Eiras, Profa. Dra. Luciana Gonçalves Pereira de Paula, Profa. Dra. Maria Carmelita Yazbek e Profa. Dra. Maria Rosângela Batistoni
Data da defesa: 08/10/2025
Resumo:
Este trabalho busca colaborar na construção coletiva para uma história nova do Serviço Social, estendendo, revisando e aprofundando a investigação da profissão na história. Neste caso, com angulação investigativa e analítica sobre os aspectos ideopolíticos que envolvem e transpassam o significado social e os fundamentos históricos da profissão, situando sua relação com as expressões sociopolíticas da luta de classes, que tornam públicas e políticas as refrações da “questão social”. Elenca-se como objetivo geral da pesquisa: elucidar a relação histórica do Serviço Social com as lutas e movimentos sociais em Juiz de Fora, a partir das experiências profissionais, de estágio e extensão em processos de organização e mobilização popular desenvolvidos entre 1960 e 1990, na explicitação da dimensão ideopolítica da profissão e dos vínculos locais com a renovação crítica do Serviço Social no Brasil. Amparado no marxismo como matriz de pensamento, esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa e exploratória para a elucidação do objeto de investigação proposto, estabelecendo os seguintes recursos metodológicos: revisão bibliográfica de materiais transversais ao objeto de pesquisa; análise documental de monografias de graduação e de relatórios de estágio; e realização de entrevistas semiestruturadas com profissionais atuantes no marco temporal abordado. Nas considerações finais, o trabalho reafirma que as relações do Serviço Social com as lutas e movimentos sociais são, duplamente e de forma simultânea, constitutivas dos fundamentos sócio-históricos da profissão e determinadas em sua dimensão ideopolítica. Trata-se de elementos que possuem materialidade no cenário mais amplo da realidade nacional e de suas interlocuções internacionais e, em uma espécie de diagrama do processo profissional na história, se expressam na particularidade de Juiz de Fora. Isto é, as relações com as lutas e movimentos sociais que se efetivam no plano mais abrangente e complexo também se manifestam na complexidade local, como parte articulada de um arranjo que representa o processo do Serviço Social na história.
Palavras-chave: Serviço Social; Movimentos Sociais; Lutas Socias; Juiz de Fora