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Simpósio Internacional – Literatura russa e Filosofia: Religião, Nacionalismo e Dissidência

O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF convida toda a comunidade acadêmica para o Simpósio internacional Literatura russa e Filosofia: Religião, Nacionalismo e Dissidência. O evento, que será realizado em parceria com o Departamento de Literatura russa da Northwestern University, acontecerá nos dias 22, 23 e 24 de novembro de 2022 no Auditório da Reitoria da UFJF.

Programação geral

https://www.ufjf.br/nerdt/files/2022/09/PROGRAMAC%cc%a7A%cc%83O-GERAL_Program-Flyer-.pdf

 

O envio de resumos de comunicação em Gts está aberto até o dia 15 de novembro de 2022. Para maiores informações:

https://www.ufjf.br/nerdt/simposio-internacional-literatura-russa-e-filosofia-religiao-nacionalismo-e-dissidencia/chamada-de-trabalhos/

 

 

 

Simpósio Internacional  

Literatura russa e Filosofia: Religião, Nacionalismo e Dissidência

Religião, nacionalismo e literatura

Dissidência e totalitarismo: vozes ucranianas e russas

A disseminação da literatura russa na filosofia moderna

22 a 24 de novembro de 2022

Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil

Auditório da Reitoria

A literatura na Rússia sempre foi um assunto sério. No século XIX, enquanto outros países europeus possuíam esferas autônomas e altamente desenvolvidas para os discursos político, filosófico e espiritual, a sociedade russa encontrou no romance o seu principal espaço de investigação das “questões malditas” (prokliatye voprosi). Nikolai Tchernichévski, autor e   ativista dissidente do século XIX que morreu no exílio, declarou a célebre frase de que “a Rússia possui somente arte”. Seu próprio romance, O que fazer? (1863), aparentemente uma história de triângulos amorosos e costureiras, foi um modelo ligeiramente velado para a revolução. Uma cópia desgastada e bastante lida de O que fazer? era um dos bens mais preciosos de Lênin.

 

Neste simpósio, retornaremos à singularidade do vínculo característico da literatura russa entre estética, política e religião, que resultou em um romance do século XIX que permaneceu na cabeceira de Lênin em meio à revolução do século XX. Os apaixonados debates sobre ética, direitos humanos, liberdade e identidade nacional que dominaram a vida literária russa nas décadas de 1860 e 1870 permanecem relevantes hoje, nas convulsões do século XXI. Artistas como Dostoiévski e Tolstói experimentaram em primeira mão os abusos do poder autocrático, o recrudescimento do nacionalismo e a mudança de atitudes em relação à religião que acabariam por levar às conflagrações do século XX.  Sob essas condições, e por caminhos radicalmente distintos (o nacionalismo militante tardio de Dostoiévski e o pacifismo universalista de Tolstói, por exemplo), ambos ofereceram uma espécie de defesa instintiva do humanismo — o valor intrínseco da vida humana e da personalidade e a liberdade de consciência — contra as ameaças representadas por forças caracteristicamente modernas.

 

O espírito de dissidência evidenciado em seus escritos — a convicção do artista de que ele detém o direito e até mesmo o dever de defender a dignidade humana contra o poder e a violência — pode ser considerado o legado mais duradouro e abrangente da era do realismo russo. Neste simpósio, exploraremos como o espírito dissidente e subversivo nascido sob a autocracia russa inspirou artistas e pensadores do século XX a enfrentarem o totalitarismo e a violência de uma guerra mundial.  Emmanuel Levinas, filósofo judaico-lituano de educação russa, considerou Os irmãos Karamazov (1880) e Vida e Destino (escrito em 1959, publicado em 1980) duas de suas maiores influências.  Ao citar a obra-prima tardia de Dostoiévski, escrita ao lado dos apelos pela guerra santa publicados em seu Diário de um Escritor, e a obra de Vassily Grossman, um judeu ucraniano de educação russa, como suas inspirações, Levinas faz gestos em direção à dadiva enigmática e ao desafio que a cultura russa apresenta ao mundo: o fundamento do pensamento contra a catástrofe e a defesa do ser humano contra a guerra e o totalitarismo; e, simultaneamente, uma profecia ou alerta sobre os perigos do nacionalismo e da religião quando colocados a serviço da violência e da conquista.

 

Testemunha do fim de uma etapa da civilização europeia, V. Grossman alimentou o seu romance de inquietação e esperança.  Os/as conferencistas explorarão os traços vivos do legado de dissidência e perspicácia da literatura russa nas obras de Emmanuel Levinas, Mikhail Bakhtin, Vladimir Jankélévitch, Svetlana Alexijevich, Varlam Chalámov, cujos escritos atestam o poder duradouro e a singularidade da relação da literatura russa com a modernidade.

 

 

Realização

  • Universidade Federal de Juiz de Fora – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião
  • Núcleo de Estudos da Religião em Dostoiévski e Tolstói
  • Northwestern University – Department of Slavic Languages and Literatures
  • The Northwestern University Initiative for the Study of Russian Philosophy and Religious ThoughtComitê OrganizadorBruno Gomide (USP), Priscila Nascimento Marques (UFRJ), Svetlana Ruseishvili (UFSC), Susan McReynolds (Northwestern University), Ana Matoso (Uni. Católica Portuguesa), Alex Villas Boas (Uni. Católica Portuguesa), Jimmy Sudário Cabral (UFJF), Danilo Mendes (UFJF), Ernani Neto (UFJF).