Em ordem: professora orientadora Danielle Teles da Cruz, mestranda Lidiane Castro Duarte de Aquino, professora coorientadora Isabel Cristina Gonçalves Leite, professora Janice Simpson de Paula e professora Patrícia Constantino (foto: arquivo pessoal)

Uma dissertação desenvolvida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) verifica os fatores associados ao número representativo de mulheres encarceradas que se consideram com estado de saúde ruim. Além disso, a pesquisa descreve o perfil sociodemográfico dessa população e questões relacionadas às condições de vida e de saúde das mulheres na unidade prisional. O estudo foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, pela nutricionista e servidora do quadro da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, Lidiane Castro Duarte de Aquino. 

Os resultados da pesquisa revelam que a prevalência da autoavaliação ruim da saúde na população estudada foi de 31,3%. Os fatores associados a este resultado foram: a pior expectativa em relação às condições de saúde pós-encarceramento, as presenças de morbidades e de sintomas de ansiedade. Quanto ao perfil sociodemográfico, a média de idade foi de 33,21 anos; a maioria se declarou preta ou parda; concluiu, no máximo, o ensino fundamental; recebia um salário mínimo ou menos antes da prisão e possuía pelo menos um filho. A pesquisadora destaca, ainda, que os dados confirmam a seletividade do sistema prisional e a convergência dos marcadores de raça, gênero e classe que colocam as mulheres negras e pobres em extrema desvantagem na hierarquia social. 

Lidiane destaca que o estudo surgiu diante da necessidade de atenção aos dados referentes à população privada de liberdade e da necessidade de garantir o direito à saúde destes indivíduos. Atualmente, segundo ela, o Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em relação ao quantitativo da população prisional e Minas Gerais é o segundo Estado com a maior população carcerária. A pesquisadora explica que, neste cenário, a taxa de encarceramento feminino vem crescendo de forma alarmante e os sistemas prisionais têm se adequado pouco às especificidades do grupo, o que impõe  violações graves de seus direitos. “A pesquisa representa uma potente ferramenta não só para compreender a dinâmica de saúde, mas também para dar visibilidade a essas mulheres, cujo processo de vulnerabilização social antecede ao encarceramento e se intensifica com ele”, relata Lidiane. 

Segundo Lidiane, esta autoavaliação é um indicador recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua aplicação se baseia na pergunta: “De forma geral, você diria que sua saúde é?” e as opções de resposta utilizadas foram: muito boa, boa, regular, ruim e muito ruim. O indicador está relacionado a uma concepção individual e que se aproxima de um conceito mais ampliado da saúde, uma vez que o entrevistado sofre influência de diferentes aspectos, como biológicos, psicológicos e sociais. 

A professora orientadora, Danielle Teles da Cruz, ressalta como aspecto importante da pesquisa a riqueza das informações coletadas, uma vez que contribui para a compreensão do processo saúde-adoecimento e possibilita vocalizar as pautas de um grupo marcado por vulnerabilidades, silenciamentos e invisibilidades. A dissertação, segundo Danielle, apresenta à sociedade dados inéditos do contexto local, que envolvem a saúde e as condições de encarceramento. “Os resultados da pesquisa podem servir de subsídios para a criação de estratégias, práticas e políticas, que assegurem o direito à saúde”, complementa a professora.   

Contatos:
Lidiane Castro Duarte de Aquino – (Mestranda)
lili_castro21@hotmail.com 

Danielle Teles da Cruz – (Orientadora)
danitcruz@yahoo.com.br 

Banca Examinadora:
Profa. Dra. Danielle Teles da Cruz – Orientadora (UFJF)
Profa. Dra. Isabel Cristina Gonçalves Leite – Coorientadora (UFJF)
Profa. Dra. Janice Simpson de Paula – (UFMG)
Profa. Dra. Patrícia Constantino – (FIOCRUZ)

Outras informações: (32) 2102-3830 – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva