Animal foi fotografado no estacionamento da Igreja Batista Resplandecente Estrela da Manhã, no dia 1º de maio; encontro entre pró-reitora de Extensão da UFJF e pastor da congregação teve o objetivo de reforçar orientações de segurança (Foto: Pedro Nobre/UFJF)

A fim de reforçar as orientações de segurança à população e de salvaguarda da onça-pintada avistada em Juiz de Fora, a pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Lívia Coimbra, conversou, nesta segunda, 6, com o pastor Gonçalves de Paula Cunha, vice-presidente da Igreja Batista Resplandecente Estrela da Manhã, localizada no Bairro Santa Terezinha, ao lado da Mata do Krambeck. O animal tem sido visto no estacionamento do terreno onde fica a congregação.

“Embora a gente saiba que a onça tende a fugir da presença humana, há riscos para as pessoas e para ela mesma, caso se sinta acuada com a reação de cachorro ou de crianças, jogando pedras ou fazendo barulhos para chamar a atenção do animal. Em reação, ele pode atacar, pode ser que aconteça um acidente. Por isso, estamos alertando a população que a onça está passando em áreas onde há movimentação de pessoas”, disse Ana Lívia.

O pastor relatou que tem conhecimento de fotos do animal na área do estacionamento da igreja e que medidas de segurança estão sendo tomadas. “A Igreja está ciente. Avisamos nossos fiéis, em cada culto, para tomarem cuidado, porque a onça está circulando por aqui. Há alguns que ficam com medo e dizem que não vêm. Outros sim. Adquirimos mais experiência sobre o animal com o Pedro e o Artur (professores da UFJF, Pedro Nobre e Artur Andriolo, que estão monitorando o animal e avisaram o líder religioso)”, disse o pastor.

Conforme o vice-presidente, foi elevada a quantidade de diáconos que ficam de prontidão do lado externo dos salões, onde são realizadas as atividades religiosas, para avisar os fiéis sobre o aparecimento do animal e tentar afastá-lo do estacionamento. “Avisamos especialmente os pais com crianças. E nosso vigia comunica os professores quando a onça é avistada. Faz oito anos que adquirimos este terreno e não tínhamos visto o animal”, disse o pastor.

Além do alerta a líderes religiosos desde os avistamentos iniciais, a partir do dia 25 de abril, também foram avisados representantes de bairros do entorno do Jardim Botânico, em encontro, no dia 29, e vizinhos do local pessoalmente, de casa em casa, por estudantes bolsistas do Jardim, no dia 30.

As recomendações também têm sido divulgadas à população por meio de entrevistas à imprensa e de notícias publicadas no portal da UFJF e em redes sociais da Instituição e do Jardim (Facebook e Instagram).

Risco de habituação

Parte do estacionamento da Igreja, que fica ao lado da Mata do Krambeck (Foto: Raul Mourão/UFJF)

A onça-pintada tem sido vista pela equipe de monitoramento na borda da Mata do Krambeck, que inclui o próprio Jardim Botânico e o estacionamento da Igreja, indicando certa habituação deste animal selvagem a atividades humanas, o que pode ser um risco.

“Ela se acostumou a viver perto da cidade. Isso quer dizer que é um animal domesticado? Não, é um animal selvagem. Fizemos alguns testes, chegando muito próximo. Ela se incomoda com a presença do ser humano perto, saindo para o mato. Enquanto ela tem seus pontos de fuga, não busca o confronto. Buscaria se estivesse acuada em local onde não tem como fugir. É justamente isso que nos preocupa, quando o animal se encontra em uma zona urbana, porque ela pode aparecer na garagem de uma casa”, disse o coordenador substituto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), Rogério Cunha.

“Não consideramos um risco de ataque iminente do animal, mas ainda assim esse risco pode existir. Por isso, é necessária sua remoção para um lugar menos isolado, com menos possibilidade de contato com a população em larga escala como aqui”, completou.

Para a segurança da população, como também para a salvaguarda do animal, a comissão interinstitucional responsável pela coordenação dos trabalhos em relação à presença da onça, na cidade, já solicitou para que sejam evitadas atividades nas imediações da Mata, principalmente com crianças.

Orientações
Caso aviste o animal ou encontre-se em situação de emergência, ligue para a Polícia Militar de Meio Ambiente, pelos telefones 190 e 3228-9050, ou para o Corpo de Bombeiros (193).

Evite atividades nas margens do Rio Paraibuna, na área da Mata do Krambeck e em imediações da floresta, entre 17h e 6h.

Conforme o Guia Prático de Convivência entre Predadores Silvestres e Animais Domésticos elaborado pelo Cenap/ICMBio, onças-pintadas normalmente têm medo do homem e tendem a evitar sua presença. No entanto, segundo o guia, é preciso evitar atividades que possam causar habituação do animal ao ser humano, ter precaução e seguir orientações de segurança.

Caso se depare com a onça
– Mantenha a calma.

– Levante o braço, sem movimentos bruscos, para se parecer maior.

– Nunca corra de uma onça, pois isso pode estimular seu instinto natural de caça.

– Afaste-se lentamente de frente; não dê as costas.

– Dê espaço para ela se afastar também, o que é uma tendência do animal.

– Se estiver com criança, pegue-a no colo, para evitar que ela saia correndo; ou leve-a para trás de você, protegendo-a.

– Não atire pedras ou outro objeto e nem corra, para não atiçar o instinto do animal.

– Sem tirar os olhos da onça, fale alto e firme, não grite;

O Guia Prático de Convivência está disponível em bit.ly/jdbotanico_guiaOnca.

Participam dos trabalhos, integrantes de sete instituições, que formaram uma comissão para coordenar as atividades relacionadas à onça-pintada, com o assessoramento técnico do Cenap – órgão federal, referência em onças. São elas: UFJF, Prefeitura de Juiz de Fora, IEF, Ibama, Polícia Militar de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros e Campo de Instrução do Exército em Juiz de Fora.

Acompanhe as atualizações no portal da UFJF e, em tempo real, no perfil do Jardim Botânico no Instagram.

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