A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) criou uma rede para ações de ensino, extensão e pesquisa nas áreas de mineração, direitos humanos e meio ambiente. A iniciativa surge de um chamado a pesquisadores da instituição que já trabalham com a temática ou que desejam desenvolver projetos a partir da tragédia de Brumadinho.
Nesta quinta-feira, 31, cerca de 30 pesquisadores participaram de uma reunião para articular as primeiras ações. Entre os encaminhamentos estão a criação de edital com bolsas, passagens e diárias para projetos ligados ao tema. As propostas deverão priorizar colaborações, evitando a duplicidade de esforços e a competitividade entre os professores.
A reunião foi chamada com urgência pela pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Souza Coimbra. “Diante dos acontecimentos da sexta-feira, que muitos de vocês que trabalham no campo socioambiental, com mineração, ou barragens, alertaram que se tratava de uma tragédia anunciada, as universidades têm pensado no que fazer para minorar ou se antecipar por meio do conhecimento e da expertise para evitar ou impedir que situações como essa aconteçam”, destaca.
Entre as propostas da rede, em curto prazo, está propiciar espaços de encontro dos pesquisadores e extensionistas dos campi, facilitando a cooperação entre eles. Já a médio prazo, iniciativas em prol do território e da comunidade atingida, como recuperação de matas ciliares, assim como apoio sócio-jurídico, psicológico e de saúde e por fim, o desenvolvimento pesquisas que possam transformar os padrões de mineração atuais. “Se não mudarmos as tecnologias empregadas na exploração da natureza, uma nova tragédia vai acontecer”, ressalta Ana Lívia.
Para a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro de Oliveira, planejar e concretizar a colaboração dos pesquisadores da UFJF é não só uma responsabilidade da instituição como também uma forma de se organizar para ampliar os estudos desenvolvidos.
“Acreditamos que vão existir evidentemente muitos recursos para pesquisa e esta é a importância de nós anteriormente nos reunirmos, não só por uma questão humanitária e política, frente função social da Universidade, mas também para organizarmos nossas pesquisas, nossos alunos e projetos internamente para quando esses editais estiverem disponíveis nós tenhamos um ponto de partida e conhecimento acumulado para que possamos disputar esses recursos em um nível nacional”, explica a pró-reitora Mônica.
“Olhando para o nosso quintal”
Tendo em vista o impacto dos acontecimentos em Brumadinho, a Câmara dos vereadores de Juiz de Fora montou uma comissão para avaliar as barragens do município e da micro-região. A UFJF foi convidada a contribuir com os levantamentos, na figura do professor do Departamento de Transportes e Geotecnia, Jordan Henrique Souza, que explica como serão realizadas as ações iniciais. “Faremos visitas às barragens maiores e estamos iniciando um processo de identificação de barragens e açudes, pensando na bacia hidrográfica como um todo, pois, por exemplo, se um açude rompe em Santos Dumont essa água vem para cá, se rompeu em Rio Preto também vem para cá”, conclui o professor.