A Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) é responsável pela articulação de ações que mobilizem a comunidade universitária para a convivência cidadã com as inúmeras realidades presentes na diversidade social, correlacionadas a gêneros e sexualidades, tradições das culturas, questões étnico-raciais e vulnerabilidade socioeconômica, dentre outras. Em 2018, a Diaaf buscou trabalhar na implementação e no acompanhamento de políticas públicas no âmbito da UFJF de maneira participativa e democrática.

Diversidade

Referência na pesquisa das ações afirmativas e das culturas africanas e afro-brasileiras, professor da USP, kabengele Munanga fez conferência no Fórum Permanente da Diversidade (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

O diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira de Oliveira, destaca a consolidação do Fórum Permanente de Diversidade como uma das principais conquistas do ano. O evento, que deu início às atividades do Fórum, aconteceu no mês de agosto e reuniu representantes do corpo docente, estudantes e técnico-administrativos, marcando o caráter de construção participativa e democrática das políticas de ações afirmativas para a Instituição.

Segundo Moreira, o Fórum tem como objetivo “traçar os fundamentos e as propostas a serem desenvolvidas, especialmente as voltadas para as relações étnico-raciais, da inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência, da identidade de gênero e diversidade sexual, além da vulnerabilidade social”.

Inclusão
Outra conquista importante, de acordo com o diretor, foi a criação do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI). Formado por professores e técnico-administrativos, o NAI tem como objetivo a construção e implementação das políticas de ações afirmativas para pessoas com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA), altas habilidades e superdotação no âmbito dos cursos de graduação e pós-graduação da UFJF.

O diretor afirma que uma iniciativa como esta é muito importante para a consolidação de uma Universidade, de fato, inclusiva. “Para além das ações nos segmentos de ensino, pesquisa e extensão, ele volta-se para a elaboração de políticas e práticas de apoio à acessibilidade e inclusão dos técnicos administrativos e docentes com deficiência, assim como o acompanhamento psicossocial de professores, estudantes e técnicos que necessitem das políticas de ações afirmativas”, explica.

Projetos de inclusão de pessoas deficientes na UFJF e criação do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) são destacados pela Diaaf (Foto: Iago de Medeiros/UFJF)

Moreira ressalta também o “Projeto de Treinamento Profissional Acompanhamento Acadêmico: uma estratégia de inclusão para discentes com necessidades educacionais específicas”, um trabalho interdisciplinar entre servidores da Diaaf e da Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae) que, em conjunto com professores e coordenadores de cursos da UFJF, identificam e produzem condições institucionais para atender às demandas de estudantes com necessidades educacionais específicas.

“Este projeto tem uma importância fundamental, pois auxilia os discentes em suas necessidades educacionais específicas permanentes ou transitórias, possibilitando uma experiência mais adequada de aprendizagem e dos processos de avaliação na UFJF”, observa.

Combate ao preconceito
A fim de contribuir para ampliar o debate e discutir sobre  o acesso a direitos e à cidadania, a Diretoria de Ações Afirmativas promoveu diversas atividades e eventos que visaram a defesa e o protagonismo de grupos historicamente excluídos, como negros, mulheres e LGBTTIs.

A Semana Trans, que teve como objetivo celebrar o Dia Nacional de Visibilidade Trans e reforçar o compromisso da UFJF com o respeito à diversidade de gênero e igualdade entre todas as pessoas, aconteceu em janeiro.

Na ocasião, a Diaaf promoveu a Roda de conversa: a população trans e travesti e o acesso a direitos, que contou com a participação da psicóloga do Visitrans e doutoranda em Psicologia na UFJF, Brune Coelho; a agente de atendimento ao público e estudante de Ciências Humanas da UFJF, Bruna Rocha; a militante LGBT, Bruna Leonardo; o estudante de Direito, Thiago Lima; o militante carioca e mestre em Ciências da Atividade Física pela Universo, Leonardo Peçanha; a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-JF, Camila Machado Corrêa; a MC Xuxu; e representantes da Secretaria Municipal de Saúde, do Hospital Universitário (HU) e do Centro de Referência em Direitos Humanos da Zona da Mata de Minas (CRDH).

A Semana Trans e a Roda de Conversa sobre o acesso a direitos para a população trans e travesti celebraram o Dia Nacional da Visibilidade Trans e reforçaram o compromisso da UFJF com o respeito à diversidade de gênero (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Já a Semana da Mulher contou com a mesa redonda “Dia Internacional da Mulher: desafios da UFJF”, composta pela aluna Bruna da Silva Rocha; a servidora técnica em administração Letícia Miranda Fracetti; e a trabalhadora terceirizada Gislene Claudino da Silva; e foi moderada pela ouvidora-geral da UFJF, Valesca Nunes dos Reis. A proposta foi celebrar o Dia Internacional da Mulher e reunir diversos setores da Universidade para discutir e pensar em possibilidades de transformação e melhorias no que diz respeito à igualdade de gêneros.

Em maio, como parte da programação do “Mês de combate à LGBTTIfobia”, a UFJF lançou também a campanha UFJF contra a LGBTTIfobia, em dois meios distintos:  banners dispostos pelo campus de Juiz de Fora; um vídeo geral, além de outros seis depoimentos em audiovisual de integrantes das comunidades acadêmica e externa. A campanha foi desenvolvida em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed).

A Semana Raibow, por sua vez, reuniu uma série de atividades artístico-culturais com o objetivo de sensibilizar as comunidades envolvidas para as questões relacionadas às homossexualidades, às identidades de gênero e sexual, além de trabalhar o respeito às diferenças.

O evento, que aconteceu entre os dias 9 e 19 de agosto, integra o Projeto de Extensão “Miss Brasil Gay: interface com a comunidade e UFJF”, e é resultado de uma parceria das diretorias de Ações Afirmativas e de Imagem Institucional, da Pró-reitoria de Cultura (Procult) e de diversos cursos da Universidade.

Semana da Consciência Negra buscou promover o Dia Nacional da Consciência Negra e reafirmar a presença dos negros e negras em todos os segmentos da Instituição (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

A Semana da Consciência Negra buscou promover a celebração do Dia Nacional da Consciência Negra e representar os negros e negras de todos os segmentos da Instituição, reafirmando suas presenças no ambiente universitário.

Segundo o diretor, o diferencial de 2018 foi o processo, aberto à sociedade em geral, que selecionou atividades idealizadas por técnico-administrativos em educação (TAEs), estudantes, integrantes de coletivos, pesquisadores e interessados na área. Foram mais de 20 projetos aprovados com proposições de oficinas, minicursos, palestras, apresentações culturais, entre outras. Além da campanha institucional, organizada em conjunto com os coletivos negros Resistência Viva, Descolônia e Vozes da Rua.

Acolhimento de alunos cotistas
Outra conquista importante, segundo Moreira, foi a aprovação do Programa Institucional de Bolsas de Tutoria para Acolhimento e Apoio a Estudantes Cotistas. O objetivo é proporcionar aos alunos a participação em acompanhamento acadêmico de discentes cotistas negros, indígenas, além de cotistas de renda.

Para o diretor, isso significa um avanço na garantia de permanência dos estudantes cotistas na UFJF. “Se considerarmos que os estudantes cotistas são, em sua maioria, advindos de famílias com baixas condições socioeconômicas e tal característica pode favorecer uma maior probabilidade de abandono dos estudos no nível de Ensino Superior, faz-se necessário um programa de tutoria que acompanhe a dimensão pedagógica, através de ações compensatórias, voltadas para sanar os possíveis déficits escolares desses estudantes”.

De acordo com ele, as ações buscam oferecer condições para equiparar as injustiças econômico-sociais, culturais e escolares, valorizando o conhecimento e experiências dos estudantes das camadas populares na Universidade e ações para a participação democrática, permitindo a todos os estudantes que interajam, uns com os outros.

“Não só pelo fato de estudantes com menor renda possuírem um menor acesso a recursos escolares, mas também por pertencerem a grupos sociais com maiores dificuldades, que sofrem as maiores violências, tais como os assédios, o racismo, a homofobia e o machismo”, argumenta.

Perspectivas

Diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira, aponta como perspectivas para 2019 a implementação do processo de heteroidentificação para o ingresso de alunos e a implantação de cotas para todos os programas de pós-graduação (Foto: Iago de Medeiros/UFJF)

São muitas as expectativas para 2019, segundo Moreira. Uma delas é a organização da Comissão que estabelecerá o processo de heteroidentificação dos candidatos que, no ato de inscrição, se autodeclararam negros (pretos ou pardos) e indígenas.

“A experiência à frente da Comissão de Sindicância, tendo por objetivo apurar as denúncias de irregularidades no ingresso para grupos de reserva de vagas (grupos A e D) de discentes que supostamente teriam praticado fraude nos processos seletivos da UFJF pelo sistema de cotas raciais, possibilitará à Comissão de Heteroidentificação trabalhar na verificação da veracidade da autodeclaração racial dos candidatos, garantindo que as vagas sejam realmente preenchidas por quem as merece, de direito”, ressalta.

Outro projeto previsto para o ano de 2019 é a elaboração de uma proposta para implementação de cotas para todos os programas de pós-graduação da UFJF. De acordo com Moreira, “é necessário aumentar os mestres e doutores proporcionalmente aos diversos grupos sociais da população, criando políticas afirmativas que reduzam as desigualdades nos programas de mestrado e doutorado, ampliando a oferta à população negra (preta e parda) em todos os cursos de pós-graduação”, finaliza.

Outras informações
(32) 2102-6919 – Diretoria de Ações Afirmativas