intercambista_warleyOutubro na Alemanha não é só Oktoberfest não. O estudante de Ciência da Computação Warley Almeida acaba de começar as aulas por lá, na Universidade de Passau, na região da Baviera, onde ficará pelos próximos seis meses. Além de participar da tradicional festa alemã, já deu pra viajar um pouco, conhecer museus e cidades históricas e aprender mais o idioma. Teve até recepção do prefeito da cidade!  Confere aí o relato do Warley e se inspire para participar do próximo edital de intercâmbio internacional da UFJF, o Piigrad.

A cidade dos três rios
Passau tem cerca de 50 mil habitantes e fica no sul da Alemanha, bem próxima da fronteira com a Áustria. É conhecida como Dreiflüssestadt – cidade dos três rios, por ser o local de união do rio Danúbio com os rios Inn e Ilz.

Passau é destino turístico dos passeios de barcos pelo Danúbio,o segundo maior rio da Europa (foto: Warley Almeida)

Passau é destino turístico dos passeios de barcos pelo Danúbio,o segundo maior rio da Europa (foto: Warley Almeida)

A parte histórica da cidade – chamada de Altstadt – lembra de certa forma as cidades tradicionais do interior de Minas Gerais. As construções, porém, são mais recentes do que imaginamos. Em 1662 houve um grande incêndio que consumiu praticamente todos os prédios e as igrejas mais importantes da cidade. Artistas italianos ajudaram na reconstrução e tornaram a arquitetura de Passau diferente da encontrada em outras cidades alemãs. Desde a reconstrução, a Catedral de St. Stephan possui o maior órgão de igreja de toda  Europa.

Mesmo não sendo uma cidade tão grande, é um destino comum para pessoas que vivem na região da Baviera. Um dos principais atrativos turísticos são os passeios de barco pelo rio Danúbio, o segundo maior da Europa. Há também festivais de rua no verão que animam a cidade.

A UniversitätPassau conta com programas de graduação e pós-graduação nas áreas de Direito, Humanidades, Economia e Informática. Os universitários são parte expressiva da população da cidade, em torno de 15%. A universidade possui acordos bilaterais com diversas universidades do mundo e recebe, em média, 300 alunos estrangeiros por ano.

Embora seja relativamente nova, a universidade é muito organizada e possui infraestrutura de alta qualidade, com destaque para a equipe de relações internacionais. Os estrangeiros participam de encontros de orientação que tem por objetivo ajudá-los nos assuntos mais importantes e, ao mesmo tempo, ambientá-los na cidade.

A Universidade de Passau organizou uma viagem com os intercambistas para Berlim (Foto: Warley Almeida)

A Universidade de Passau organizou uma viagem com os intercambistas para Berlim (Foto: Warley Almeida)

São oferecidos nessas semanas de preparação cursos intensivos de alemão; seminários sobre os sistemas de TI utilizados na universidade; tours pela cidade, pela universidade e pela biblioteca, além de viagens para algumas cidades alemãs. Também fomos recepcionados pelo prefeito da cidade e pela reitora da universidade.

Um aspecto muito importante nesse processo foi a presença do Tutorenbüro – uma sala onde veteranos ficam de plantão para nos auxiliar em todo tipo de situação como configurar a internet no celular ou preencher os formulários para moradia. Durante o semestre, vou cursar cinco disciplinas, duas de idiomas, dois seminários e uma aula.

Reciclagem levada a sério
Não foi muito fácil se acostumar ao estilo de vida alemão a princípio. O idioma intimida bastante, mas aos poucos está se tornando menos assustador e mais compreensível. Além de aprender a conviver com uma língua completamente diferente do português, também temos que aprender coisas do dia a dia que funcionam de forma muito diferente no Brasil.

Uma dessas principais diferenças é em relação ao lixo – os alemães levam muito a sério a reciclagem. Por exemplo, quando compramos qualquer tipo de líquido em garrafa plástica ou de vidro, vemos o valor do Pfand, que é o preço da embalagem separado do conteúdo. Depois de consumir o produto, você deve recolher a embalagem e retorná-la no supermercado em grandes máquinas. Isso gera um cupom com o valor que você pagou por elas, que pode ser usado como desconto na sua próxima compra.

Muito mais do que uma experiência acadêmica, essa chance de estudar na Alemanha já tem deixado claro avanços no âmbito pessoal que são marcantes na minha vida.

Dentro de casa, é necessário dividir o lixo entre três tipos de resíduos: papéis, restos de embalagem e restos orgânicos. Já vidros, metais e restos de produtos eletrônicos não podem ser descartados em conjunto com o lixo de casa. Eles devem ser depositados em lixeiras especiais que existem nas ruas. Os vidros são, ainda, divididos com base na sua cor – branco, marrom ou verde.

A separação do lixo é lei e dá multa em caso de descumprimento. O sistema é um dos mais eficientes do mundo, além de gerar muitos empregos.

Outra questão estranha que aparece no dia a dia são os múltiplos idiomas. Embora o alemão seja a língua oficial, a região da Baviera possui seu próprio dialeto – o bávaro. É muito interessante ver como as pessoas mais tradicionais da região trocam com facilidade o alemão padrão usado nas relações profissionais pelo bávaro para relações interpessoais dentro do ambiente familiar. E mesmo sendo uma cidade pequena, grande parte dos comerciantes também conseguem se comunicar em inglês quando preciso.

Munique, Berlim e Áustria

Na visita à capital, Warley participou de uma palestra no parlamento alemão (Foto: Warley Almeida)

Na visita à capital, Warley participou de uma palestra no parlamento alemão (Foto: Warley Almeida)

Algo muito interessante aqui são os passes regionais, que dão direito a usufruir dos transportes públicos de algumas cidades e dos trens. São ótimos para fazerem viagens de bate e volta para cidades próximas. Esses passes ficam mais baratos quando são comprados em grupo: quando adquirido por cinco pessoas, saem por 10 euros por pessoa (cerca de R$40).

Tive oportunidade de ir para Munique duas vezes com o Bayern Ticket. Além da Oktoberfest, pude conhecer os monumentos principais da cidade. Também tive oportunidade de ir até Linz, na Áustria. Ambas as cidades respiravam história, cercada de monumentos muito antigos que datam de impérios longínquos.

Também viajamos com a universidade para Berlim, visitamos alguns museus, fizemos um tour guiado pela cidade e participamos de uma palestra no Bundestag, o parlamento alemão. Também conhecemos a planta da BMW na cidade de Dingolfing.

Muito mais do que uma experiência acadêmica, essa chance de estudar na Alemanha já tem deixado claro avanços no âmbito pessoal que são marcantes na minha vida. Acredito que a bagagem construída até aqui me dará suporte suficiente para continuar lidando com todas as experiências que o intercâmbio pode proporcionar.


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