selo_preto (1)Com algumas das praias mais bonitas da Europa, a região do Algarve, situada ao sul de Portugal, será temporariamente a casa da aluna de Letras Polyana Láier. No “Diário de Intercambista”, ela conta suas primeiras experiências em terras lusitanas, por meio do Programa de Intercâmbio Internacional de Graduação da UFJF. As aulas de Polyana começaram nesta semana, mas já deu para conhecer um pouco da capital e também sobre Faro, cidade onde irá estudar pelos próximos seis meses.

A primeira impressão: Lisboa

Cheguei em Lisboa há cerca de um mês.  A cidade é cheia de vida e cultura, com ruas que lembram nossas pequenas cidades históricas de Minas, mas com prédios tão modernos que se igualam aos grandes centros urbanos das capitais do Brasil. Lisboa é ao mesmo tempo conservadora e moderna, silenciosa e barulhenta.

Na cidade de chegada, Polyana descobriu muita história e cultura pelas ruas de Lisboa (Foto: arquivo pessoal)

Na cidade de chegada, Polyana descobriu muita história e cultura pelas ruas de Lisboa (Foto: arquivo pessoal)

Há opções de hospedagem de acordo com as necessidades de cada um. Eu e alguns dos meus colegas de intercâmbio ficamos em um hostel no Bairro Alto, mais próximo ao centro. Visitamos os pontos turísticos da cidade de dia e saímos pelas travessas à noite. Também provamos o famoso Pastel de Belém (compramos em uma padaria que existe há mais de um século!).

Entre as atrações turísticas, visitamos a Praça do Comércio, o Mosteiro dos Jerónimos, o Castelo de São Jorge, o Padrão do Descobrimento e a Torre de Belém.  Foram seis dias de muita caminhada e de muita história pelas ruas de pedra de Lisboa.

O transporte é bem tranquilo e barato, mas conseguimos fazer quase tudo a pé. Era melhor do que pegar um “autocarro”, como eles chamam os ônibus. Fomos de Norte a Sul e de Leste a Oeste e ainda assim sentimos que falta muito para se ver em Lisboa. Esperamos um dia poder voltar.

Finalmente Faro

 A Universidade do Algarve (UAlg) foi a que escolhi para o meu intercâmbio. Ela fica na cidade de Faro, a 280 km de Lisboa. A cidade é pequena com população em torno de 50 mil habitantes.

Aluguei um quarto aqui para ficar durante esse período de seis meses. A média de preço por quarto é de 200 euros mensais (cerca de R$ 750) com as despesas inclusas, como água e energia, mas existem opções de alojamento oferecidas pela própria universidade que custam em torno de 127 euros (R$ 476).

A vida calma da cidade litorânea de Faro onde Polyana estuda (Foto: arquivo pessoal)

A vida calma da cidade litorânea de Faro onde Polyana estuda (Foto: arquivo pessoal)

A UAlg é bem nova, possui menos de 40 anos desde a sua fundação, no entanto, tem índice de crescimento enorme em relação às demais faculdades do país. É uma universidade grande, com três campi em Faro e um em Portimão. Os campi em Faro são separados por área, o Campus Gambelas, onde estudo, é o mais distante da cidade e, por isso, tenho que pegar um autocarro todos os dias. O trajeto dura em média 20 minutos. Para o passe de autocarro, você deposita 28 euros (R$ 105) e consegue ir e vir ilimitadas vezes durante o mês.

A UAlg é muito bem equipada. Todos os campi possuem bibliotecas, e a do campus Gambelas é uma das mais bonitas bibliotecas que já vi. Há bastante espaço para estudar, além de computadores para trabalhos e pesquisa. Possui a mesma logística da Biblioteca Central da UFJF com as salas de estudo e ambientes mais tranquilos para se ler e estudar.

Cheguei em Faro no dia 31 de agosto. As aulas vão até dezembro com os exames em janeiro. Meu retorno para o Brasil está programado para fevereiro, após o fim do ano letivo. As aulas começaram nesta semana, no dia 18, mas já tivemos jantares e almoços de interação entre os colegas de faculdade, principalmente entre os intercambistas de outros países que vem estudar aqui na UAlg. Conheci poucos deles, por enquanto, dois da França e dois da Guiana Francesa (que amam o Brasil).

O Restaurante Universitário da UAlg lembra bastante o da UFJF, no entanto, é menor, e as senhoras distribuem os pratos já feitos. O campus aqui também possui áreas verdes mas menores do que as da UFJF.  E não é possível fazer eventos, shows e atividades sociais como fazemos na UF. Para isso, eles costumam usar a praça da cidade que é bem central.

Já deu para perceber que os portugueses são diferentes dos brasileiros em suas relações interpessoais. São mais reservados, falam pouco e são mais diretos, diferentemente dos brasileiros que logo querem fazer a festa quando chega alguém. Claro, existem exceções, mas de uma forma geral, achei o povo português mais tranquilo do que a gente.

Todos devem pensar que eles comem muito bacalhau, e sim, eles comem mesmo. Ainda mais no Sul  – e são deliciosos os pratos com bacalhau. Comem peixe em várias refeições, mas também feijão, arroz, bife acebolado e batata frita. Faro e Lisboa são cidades que recebem pessoas de diversas nacionalidades e culturas, que vêm somente estudar ou para construir uma vida. Então nada mais natural que ter feijão no mercado. Mas claro que não é o mesmo que o nosso feijão brasileiro.

Apesar de sentir falta do conforto da comida brasileira, experimentar os doces portugueses e a comida daqui não está sendo nenhum sacrifício. Pelo contrário.

Paisagens incríveis

A universidade organizou passeio para a cidade de Lagos, que tem as praias mais bonitas da região do Algarve (Fotos: arquivo pessoal)

A universidade organizou passeio para a cidade de Lagos, que tem as praias mais bonitas da região do Algarve (Fotos: arquivo pessoal)

Faro possui uma praia extensa e, apesar de menos movimentada, tem bares bem legais. À noite ou nas festas ao pôr do sol, escuta-se muito os hits brasileiros. Todos dançam empolgados como nós. Dá para ir a várias praias ao redor da cidade de barco ou de autocarro. Já deu pra conhecer um pouco e pegar o final do verão, quando a água do mar ainda não está tão fria.

A universidade também programou uma viagem para Lagos, no último fim de semana. Não tem como explicar a beleza das praias de Lagos. A cor da água beira o inacreditável. A intensidade das cores aqui em Portugal é absurda. O pôr do sol, às 20h, é tão cheio de cor e vida e reflete na água, formando em cada espaço, uma mistura diferente de tudo que já vi. Um guia local explicou que os rochedos e grutas de Lagos surgiram por influência de um terremoto que ocorreu em Portugal em 1755, cujo epicentro foi em Lisboa. Valeu muito a pena o passeio. 

Enfim, como escreveu Saramago, “é preciso sair da ilha para ver a ilha”. A ideia de que não conseguimos nos enxergar sem sairmos de nós sintetiza bem essa experiência e as descobertas pelo caminho.


Outras histórias como as de Polyana serão publicadas no Portal da UFJF. Quer compartilhar seu intercâmbio com a gente? Envie para estudante@comunicacao.ufjf.br

Outras informações: (32) 2102-3970 (Diretoria de Imagem Institucional)

Programa de Intercâmbio Internacional de Graduação da UFJF