Refletir sobre o papel da universidade e criar um ambiente receptivo às transformações acadêmicas que irão conferir mais densidade institucional à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Este é o objetivo principal do Tropicus Mundi – projeto que será lançado na próxima segunda-feira, dia 29, às 18h, no anfiteatro 2 do Instituto de Ciências Humanas (ICH). Segundo o coordenador do Tropicus Mundi e professor da Faculdade de Educação, Eduardo Magrone, o projeto pode ser considerado o segundo ciclo do Repensar a Universidade, iniciativa lançada em 2011 que tem como meta a reflexão sobre o que a Universidade pode contribuir para o crescimento do país e da sociedade.
“O Tropicus é a evolução do Repensar e muito mais abrangente. Vamos criar uma rede de entidades e intercambiar experiências no sentido de discutir a função da universidade no complexo mundo contemporâneo. A universidade é, antes de tudo, uma instituição. Como tal não deve simplesmente buscar se adaptar às mudanças em curso na sociedade, mas, antes, ela tem que jogar um papel cada vez mais ativo na produção dessas mudanças.”
Como surgiu o Tropicus Mundi
Fundado em 1996, o network Immaginare l’Europa constitui-se como uma rede de universidades, centros de estudos e instituições culturais, criada por pensadores de diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de promover o diálogo entre as ciências e as artes mirando contribuir, de forma crítica, para as reflexões sobre uma nova cidadania para a Europa unida. Com a virada do milênio, o filósofo italiano, professor e um dos presidentes da Immaginare l’Europa, Giorgio Baratta, promove a constituição de uma rede euro-brasileira com o olhar voltado para o conjunto do mundo euro-américo-latino. Baratta impulsiona o desenvolvimento de uma série de iniciativas e projetos relacionados com a América Latina, especialmente com o Brasil, mantendo um diálogo com intelectuais, artistas, professores e pesquisadores brasileiros. Assim, nasce a ideia do Tropicus Mundi.
O projeto, financiado pela Comunidade Europeia, foi realizado em estreita parceria com Naomar de Almeida Filho, então reitor da Universidade Federal da Bahia e autor da proposta Universidade Nova, inspirada nos princípios da Escola Nova de Anísio Teixeira. Esta proposta de uma reforma universitária foi aprovada pelo Governo Federal em 2007 e originou os Bacharelados Interdisciplinares. “Tropicus Mundi foi uma das ideias de sustentação dos projetos realizados por Baratta e Naomar, de onde a proposta Universidade Nova recebeu, também, inspiração e onde encontra seus genes primordiais”, contextualiza Magrone.
Depois da morte de Baratta, em 2010, o projeto ficou inativo e, agora, é retomado pela UFJF graças ao encontro de Eduardo Magrone com a técnico-administrativa em educação da UFJF, Edmárcia Andrade, que trabalhou neste projeto na Itália, com Baratta, de 2001 a 2010. “A retomada do Tropicus Mundi é um grande presente para a UFJF. Seria mais provável que este segundo ciclo acontecesse a partir de uma universidade italiana. Mas o meu encontro com o professor Magrone na UFJF fará o projeto renascer no Brasil”, informa Edmárcia. O projeto conta, também, com a participação da professora da Universidade Regional de Blumenau, Milena Petters Melo que, além de ter sido membro do Tropicus Mundi, foi orientanda de Baratta no seu doutorado em Direitos Humanos na Itália.
Lançamento de livros sobre Gramsci
Durante a apresentação do Tropicus Mundi, na próxima segunda-feira, 29, a UFJF vai promover uma homenagem a Giorgio Barata com o lançamento de três traduções contemporâneas sobre o pensamento político de Antonio Gramsci. São eles: “Gramsci no seu tempo” (com a presença do autor Alberto Aggio, professor da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp); “O jovem Gramsci: cinco anos que parecem séculos 1914-1919”; e “Vida e Pensamento de Antonio Gramsci 1926 – 1937”. Gramsci exerceu grande influência na vida intelectual de Baratta que foi presidente da seção italiana da Internacional Gramsci Society. “Os lançamentos dos livros de Gramsci será uma homenagem da UFJF a Giorgio Baratta e deve ser entendida como um convite a uma reflexão sobre os rumos da universidade e da sociedade”, finaliza Magrone.
Outras informações: (32) 2102-3967 (Comunicação UFJF)
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