A bola já está rolando na Copa do Mundo de futebol feminino! Pela primeira vez, a edição conta com um recorde de participação de seleções, totalizando 32 equipes divididas em oito grupos. A seleção brasileira estreia na próxima segunda-feira, 24, às 8h da manhã. Os jogos tiveram início na última quinta-feira, 20, na Nova Zelândia e Austrália.
Na torcida pela seleção feminina, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) conversou com alunas que se interessam e têm envolvimento com o esporte para conhecer as expectativas em relação ao time brasileiro, as barreiras que já foram superadas e as que ainda precisam ser quebradas.
De acordo com o relatório de 2022 da Federação Internacional de Futebol (FIFA), o futebol feminino é um dos esportes que mais cresce em todo o mundo. Desde a primeira Copa do Mundo feminina, realizada em 1991, as equipes de futebol têm aumentado tanto em quantidade quanto em qualidade, demonstrando um desenvolvimento significativo ao longo dos anos.
“Muitas vezes já fui chamada de “menininho” e já me senti inibida em querer jogar bola. Mas nunca desisti.” (Júlia Martins)
No Brasil, a recente mudança realizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) determina que todos os clubes de futebol masculino, que competem na série A, devem manter também uma equipe feminina.
Para a educadora física e mestre pela UFJF, Tayane Rihan, cuja pesquisa de mestrado teve como título “A mídia esportiva e o futebol de mulheres no Brasil: o que noticiam sobre elas?”, a medida estabelecida pela CBF deve ser vista como um grande passo em direção ao avanço do futebol feminino. Segundo ela, as transmissões dos jogos da seleção na televisão, sejam campeonatos brasileiros ou Copa do Mundo, proporcionam maior visibilidade à modalidade, gerando, consequentemente, mais recursos financeiros e investimentos.
A pesquisadora explica que, a partir da pesquisa, foi possível observar que a falta de visibilidade das mulheres no futebol está relacionada à maneira que a mídia enfatiza questões da feminilidade impostas pela sociedade.
“As mulheres que não correspondiam aos padrões de beleza, não geravam conteúdos midiáticos. Em outros casos, eram relacionadas como musas ou abordavam outros tipos de temas, como a maternidade e o cuidado com a casa. Nunca era tratado o esporte em si”, destaca Tayane.
Ainda ressalta que, apesar de precisarmos avançar em muitos debates, o aumento do interesse pelo futebol feminino está relacionado também à forma como a sociedade discute o tema.
Quebrando barreiras
Mesmo diante de inúmeros desafios e preconceitos, muitas mulheres têm mostrado sua força e interesse pelo esporte. Um exemplo disso é a aluna da Faculdade de Medicina da UFJF, Júlia Martins, que se destaca como capitã do time de futsal, Facção Futebol Club, da Atlética de Medicina. A jornada como jogadora é marcada por diversas conquistas, sendo a mais recente o título de campeã na modalidade de futsal feminino em 2022, com o time da Atlética.
De acordo com a estudante de Medicina, a relação com a bola é intensa desde a infância. “Meus pais sempre brincam que eu nasci jogando bola”, conta rindo, Júlia, que passava horas praticando o esporte na rua com o pai.
Apesar do futsal e futebol possuírem características distintas, a aluna salienta que compartilham de semelhanças essenciais, como a exigência do pensamento rápido e atenção. No entanto, quando se trata da presença feminina em campo ou na quadra, infelizmente, ambos os esportes enfrentam desafios semelhantes: o machismo e a falta de investimento nas categorias femininas.
Desde o início da jornada esportiva na adolescência, Júlia enfrentou a escassez de campeonatos femininos e, por consequência, acabou participando de muitos campeonatos masculinos. “Muitas vezes já fui chamada de “menininho” e já me senti inibida em querer jogar bola. Mas nunca desisti. Os preconceitos que ainda persistem em nosso dia a dia são um desafio constante que não podemos ignorar”, pontua a estudante, que acredita que a educação e o investimento são fundamentais para superar esses desafios e promover a igualdade de oportunidades para as mulheres no esporte.
Participação feminina fora dos campos
“É muito importante que as mulheres tenham espaço, seja jogando ou comentando sobre esportes, afinal, muitas de nós também nos interessamos pelo assunto. Além disso, o incentivo não costuma ser muito grande. Temos que correr atrás duas vezes mais”, destaca Thaís Baldi, aluna do terceiro período de Jornalismo. Ela participa como comentarista nas transmissões dos jogos da seleção feminina na rádio Facom, projeto orientado pelo professor Álvaro Americano.
Botafoguense, Thaís atribui sua paixão pelo esporte à influência de sua família, especialmente da avó, que costumava assistir a jogos com ela. Essa ligação e incentivo familiar foram fundamentais para que escolhesse o jornalismo esportivo como foco de sua carreira. Ainda comenta com entusiasmo a atividade realizada na faculdade. “Estou muito animada, pois participei desse projeto na copa masculina no ano passado e gostei muito.”
As transmissões dos jogos na Faculdade de Comunicação serão focadas exclusivamente na seleção brasileira. Os interessados em ouvir poderão acessar o link disponível no Instagram da Rádio Facom. Caso a equipe brasileira avance na competição, as transmissões serão realizadas no mesmo esquema.
Brasil tem chances de conquistar a taça?
O Brasil chega para a disputa da Copa do Mundo Feminina como o atual campeão da Copa América. Foram seis jogos e seis vitórias, não sofrendo nenhum gol. O título serviu como vaga para disputar a final contra a campeã da Eurocopa, a Inglaterra. Mesmo diante da boa campanha da seleção, o Brasil ainda não ganhou nenhuma Copa do Mundo.
“É muito importante que as mulheres tenham espaço, seja jogando ou comentando sobre esportes, afinal, muitas de nós também nos interessamos pelo assunto.” (Thais Baldi).
As opiniões entre as entrevistadas variam quanto às expectativas. Para a estudante de Jornalismo, apesar da seleção ter se destacado com a vitória na Copa América, acredita que ainda não estamos entre as favoritas ao título, mas torce por bons resultados.
Já para a Júlia, o Brasil irá levar a melhor na competição, conquistando a tão sonhada taça. “Temos um time que está passando por uma mudança de geração, são 14 novas atletas, mas também contamos com jogadoras mais experientes. Acredito que temos chance real de lutar pelo título”, destaca a capitã de futsal.
“Como uma boa brasileira, acho que o Brasil tem chances. Ainda mais diante da boa campanha que a seleção brasileira vem realizando, com a participação de fortes nomes, como Marta, além das outras jogadoras mais novas que chegam com gás para a competição. Se Deus quiser, vamos superar as dificuldades e levar a taça, que é tão merecida conquista para as mulheres” finaliza Tayane.
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