Palestra desta terça-feira, 9, foi realizada no Centro de Ciências da UFJF com representantes de 14 estados (Foto: Carolina de Paula)

Profissionais de 14 estados, representantes de secretarias estaduais e municipais de Educação, participam do I Seminário de Apropriação de Resultados da Avaliação da Fluência. O encontro acontece na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) até o fim da tarde desta quarta-feira, 10, e é organizado pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) e pela Associação Bem Comum.

A parceria entre o Caed e associação sem fins lucrativos tem o objetivo de apoiar o poder público na implementação de uma política de melhoria da aprendizagem por meio de avaliações dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A fluência, objeto da avaliação, é considerada uma das dimensões da alfabetização e diz respeito à capacidade de ler textos de forma expressiva e sem obstáculos, com atenção a entonação, ênfase e ritmo. 

“O aluno precisa compreender aquilo que lê. E quando ele lê com fluência, economiza energia cognitiva para o processo de compreensão, se o aluno gasta muito tempo tentando decodificar aquilo que ele está lendo, não sobra espaço para a compreensão”, aponta a supervisora de entregas de resultados do Caed, Waldirene Barbosa. 

Toda parte técnica da avaliação, desde a elaboração dos instrumentos, passando pela aplicação dos testes até a entrega de resultados, é feita pelo Caed. Na avaliação, geralmente, a criança realiza uma leitura em voz alta para um professor ou professora. 

Avaliação da leitura é prática em outros países

O desafio da alfabetização plena das crianças é uma realidade no Brasil. Dados divulgados pela Organização Não-Governamental (ONG) Todos Pela Educação baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) demonstram que entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças entre 6 e 7 anos que, segundo seus responsáveis, não sabem ler e escrever. Em 2019, eram 1,4 milhão de crianças nessa situação. E em 2021, passaram a ser 2,4 milhões. 

Esse desafio foi destacado na palestra de abertura do evento, realizada no Anfiteatro 2 do Centro de Ciências da UFJF e ministrada pela professora do Departamento de Educação e especialista em linguagem e alfabetização do Caed, Hilda Aparecida Linhares da Silva.

Para a docente, o processo de alfabetização envolve as dimensões linguística, social, psicológica e afetiva. Quando a pessoa é alfabetizada, passa pela apropriação de um complexo sistema de representação – e precisa ser valorizada e se reconhecer como capaz de aprender. 

Para isso, Hilda Linhares destacou a necessidade de desenvolver instrumentos avaliativos que contemplem a oralidade – foco de instrumentos avaliativos no exterior e já prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Em países que buscam formar leitores mais proficientes, elevar os seus níveis de letramento. A fluência em leitura tem um papel muito importante nas práticas de letramento”, relata.

Juiz de Fora no mapa da avaliação educacional no Brasil

Para o pró-reitor de Graduação da UFJF, Cassiano Caon Amorim, é importante que as universidades estejam atentas a diagnósticos sobre a educação brasileira, “para que possamos incorporar esses resultados às nossas políticas formadoras”. 

Também presente na abertura do evento, o coordenador dos programas de avaliação do Caed, Wagner Silveira Rezende, vê Juiz de Fora como uma referência na discussão sobre a avaliação educacional no Brasil. “A gente sente muito orgulho disso e da parceria que temos com vocês”, afirmou se referindo aos representantes da rede pública de ensino presentes no evento. 

Já a diretora geral da Fundação Caed, Lina Kátia Mesquita de Oliveira, destacou os integrantes da Associação Bem Comum como um time de “vanguarda” na atuação em projetos educacionais. A mesa de abertura também foi composta pela diretora da Parceria pela Alfabetização em Regime de Colaboração na Associação Bem Comum, Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinas, e pelo coordenador de avaliação da PARC, Hylo Leal Pereira. 

As atividades do I Seminário de Apropriação de Resultados da Avaliação da Fluência seguem até o final da tarde desta quarta, 10, na sede do Caed localizada no bairro Dom Orione.