O Arquivo Central da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está com inscrições abertas para a oficina “Organização de documentos do movimento feminista”. A atividade será realizada em parceria com o Fórum de Coletivos e Mulheres Feministas de Juiz de Fora (Fórum 8M-JF), no dia 16 de março, das 18h30 às 21h, na sede do próprio Arquivo.
Ao todo, são disponibilizadas 30 vagas e a seleção se dará por ordem de inscrição até o preenchimento das oportunidades. A participação é gratuita, aberta à comunidade e será conferida certificação. As pessoas interessadas em participar devem acessar o formulário eletrônico, disponível neste link.
“Nossas oficinas têm um caráter prático, ‘mão na massa’. Escolhemos parte do acervo para mostrar como os documentos podem ser tratados, respeitando suas características e especificidades. Em linhas gerais, quando os participantes das oficinas entendem o processo de tratamento arquivístico, facilita muito a preservação desses documentos e da informação ali contida. Quando são recolhidos ao Arquivo Central, chegam organizados, em bom estado de conservação”, explica uma das organizadoras da atividade, a técnico-administrativa em educação/restauradora da UFJF, Andréia de Freitas Rodrigues.
O Arquivo Central da UFJF é um instrumento de promoção da cidadania e democracia. “É no Arquivo que encontramos referências culturais que nos permitem compreender aspectos sociais e históricos da nossa sociedade, da nossa época, do nosso passado”, pontua Andréia. Ainda conforme a técnico-administrativa em educação, o diálogo entre a Universidade Pública e os movimentos sociais deve ser permanente, aspecto ressaltado nesta atividade extensionista realizada para marcar o Mês Internacional das Mulheres.
“A aproximação do Arquivo Central da UFJF com os movimentos sociais traz a perspectiva de construirmos história e memória com a participação das minorias sociais, trabalhando contra apagamentos e lacunas” – Andréia Rodrigues
“A característica principal do nosso acervo é reunir informações sobre Juiz de Fora e região. Essas informações podem e devem ser apropriadas pela população no sentido de construção da história e memória locais. A aproximação com os movimentos sociais contemporâneos traz a perspectiva de construirmos essa história e memória com a participação das minorias sociais, trabalhando contra apagamentos históricos e lacunas que vão se perpetuando.”
A avaliação é compartilhada pela também organizadora da iniciativa, a técnico-administrativa em educação/analista de sistemas, Marcélia Guimarães Paiva. Ela explica que a parceria com os movimentos feministas de Juiz de Fora surgiu ainda durante o período de isolamento social e trabalho remoto, impostos pela pandemia de Covid-19.
“Durante toda a pandemia nós do Arquivo Central fizemos lives, diálogos ao vivo com o público, via redes sociais. Esses encontros virtuais também foram realizados com os movimentos sociais. Lucimara Reis [integrante do Fórum 8M-JF] participou e sugeriu que o Fórum 8M-JF doasse o seu acervo ao Arquivo Central, no sentido de valorizar e registrar a luta pelo direito das mulheres em Juiz de Fora. Isso foi feito e começamos a pensar em novas atividades, como a oficina deste mês.”
Fórum Feminista 8M-JF
O Fórum de Coletivos e Mulheres Feministas de Juiz de Fora (Fórum 8M-JF) foi criado em 2017, para a organização da greve internacional de mulheres, realizada no dia 8 de março daquele ano. Nos últimos seis anos, o Fórum 8M-JF reuniu mulheres de variadas vertentes do feminismo e militantes de diferentes organizações em dezenas de atos, atividades de formação e mobilizações.
A militante do “Coletivo Pretxs em Movimento” e Fórum 8M-JF, doutoranda em Serviço Social na UFJF, Lucimara Reis, ressalta a relevância da oficina, visando a criar espaços para que contemporâneas e futuras pesquisadoras possam ter elementos e acesso à história dos movimentos sociais, em especial o das mulheres.
“Muito importante a realização desta oficina. É parte de um processo de conversas que a gente vem tendo com as companheiras do Arquivo Central da UFJF. A gente viveu e ainda vive processos de silenciamento e apagamento. Essa oficina vem no sentido de trabalhar nos processos de apagamento. A partir do momento em que somos capazes de registrar o nosso próprio trilhar na história, enquanto sujeitos políticos, ativas, isso precisa ficar registrado”, salienta.
“É uma disputa do fazer e da narrativa do fazer. É fundamental esta oficina. Esperamos por muitas mulheres lá e que isso se torne uma prática: nós mesmas fazendo a nossa história” – Lucimara Reis
O Arquivo Central tem colaborado para que os movimentos sociais de Juiz de Fora consigam ter êxito nessa construção. “Muitos movimentos sociais trabalham com a oralidade que diversas vezes não fica registrada. Fazemos reuniões com desdobramentos importantes e acabamos não registrando. Ter uma oficina do Arquivo da UFJF, com profissionais que lidam com documentações, para orientar sobre como disponibilizar para pesquisas, seja lá quais forem, é muito importante para os coletivos e movimentos.”
Ainda conforme Lucimara, a intenção é ampliar os registros históricos para outros movimentos sociais, como os realizados nos bairros da cidade. “Sabemos que a História costuma dar voz para quem tem o poder e a gente está nessa disputa. É uma disputa do fazer e da narrativa do fazer. É fundamental esta oficina. Esperamos por muitas mulheres lá e que isso se torne uma prática: nós mesmas fazendo a nossa história. Nós mesmas registrando a nossa história”, finaliza.
O Arquivo Central da UFJF funciona na Avenida Rio Branco, 3.460 – Alto dos Passos.
Outras informações
Arquivo Central da UFJF