Professoras Patrícia e Carina, na apresentação do Guia. (Foto: Gabriella Moura)

As práticas de atenção em saúde e indicações medicamentosas para a população indígena foram tema de evento promovido pelo projeto de extensão “A assistência farmacêutica no Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (DSEI): potencialidades e fragilidades”, do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena e o DSEI. Na ocasião, pesquisadores e profissionais que atuam na atenção à saúde indígena da região prestigiaram o lançamento do Guia Farmacoterapêutico da Saúde Indígena do DSEI MG/ES, que abrange os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Material será disponibilizado nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo (Foto: Gabriella Moura)

“A utilização de medicamentos é uma das intervenções terapêuticas mais frequentes no cuidado em saúde. Quando usados corretamente, os medicamentos podem curar, atenuar, diagnosticar e tratar doenças; mas o uso incorreto pode provocar danos, muitas vezes irreparáveis, à saúde de uma população”, destacou a coordenadora Patrícia Baumgratz de Paula. O material, segundo ela, contém informações científicas, com base nas evidências em saúde, sobre os fármacos constantes na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, “e visa dar subsídios aos profissionais de saúde atuantes na saúde indígena para a prescrição e a dispensação dos medicamentos com uso racional, levando em consideração a diversidade cultural dos povos indígenas”.

De acordo com a responsável técnica da Assistência Farmacêutica do DSEI, Reile Moreira Firmato, estima-se que o material vá beneficiar o atendimento em saúde de cerca de 19 mil indígenas dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O conteúdo foi organizado por farmacêuticos, professores e estudantes, e contempla informações como “indicações, reações adversas e interações medicamentosas, de forma a promover o uso racional de medicamentos e evitar prescrições fora da política do Sistema Único de Saúde”, comentou Reile.

Troca de experiências e relatos do cotidiano
O evento integra o projeto “Qualificação do atendimento ao usuário indígena nas farmácias das Unidades Básicas de Saúde Indígena”, desenvolvido pelo DSEI MG/ES. Foram promovidas oficinas e cursos aos participantes, a fim de incentivar a utilização de metodologias participativas e aprimorar os serviços prestados pelos profissionais junto às comunidades.

Reile, de verde, destacou importância do trabalho promovido pela equipe. (Foto: Gabriella Moura)

Na oportunidade, os presentes compartilharam relatos de trabalho cotidiano, bem como desafios observados na assistência em saúde e perspectivas de mudanças com a padronização oferecida pelo Guia.

Documento norteador da assistência em saúde
O material foi construído a partir de parceria entre a UFJF-GV e o DSEI. As atividades tiveram início em 2018, com participação dos Departamentos de Nutrição e Farmácia no projeto de extensão. A iniciativa deu frutos e embasou, além de eventos de capacitação, a criação do projeto de iniciação científica “Consumo de medicamentos não-padronizados na saúde indígena: uso racional?”. As atividades da equipe buscaram conhecer os elementos constitutivos da saúde dos povos indígenas dos vales do Mucuri e Rio Doce, promover assistência farmacêutica e ainda atender aos anseios dos profissionais de saúde que atuam na área.

Nesse sentido, a professora Carina Carvalho Silvestre destacou a função social da Universidade no fomento de ações e na transformação da realidade dos povos indígenas: “com esses projetos, percebemos necessidades e instrumentalizamos soluções na utilização do medicamento com racionalidade. O Guia traz indicações advindas da evidência científica, que foram refinadas para que os profissionais possam utilizar na prática, dando informação de qualidade ao indígena”, pontuou.

Os projetos de extensão e iniciação científica foram algumas das oportunidades de aprendizado da farmacêutica egressa da UFJF-GV, Larissa Torres Fernandes, que compartilhou, no evento, os resultados do trabalho realizado. “Tive oportunidade de visitar os pólos-base nas aldeias, o contato com as comunidades, e pude embasar a produção do meu trabalho de conclusão de curso, que abordou o consumo de medicamentos não-padronizados na saúde indígena”.

Também participaram da construção do Guia as professoras Karen Lang e Simone Mendonça, além da discente Tânia Alessandra Alves e as farmacêuticas Sabrina Menezes Gonçalves e Tatiane da Silva Matos. A elaboração e distribuição foi feita Secretaria Especial de Saúde Indígena DSEI MG/ES, do Ministério da Saúde.