A programação da Semana de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começou nesta terça-feira, 18, e segue até esta quarta-feira, 19, promovendo encontros entre estudantes e pesquisadores para compartilhar experiências sobre trajetórias científicas e divulgar a diversidade de projetos científicos desenvolvidos na universidade. O evento faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, comemorada em todo o país, e também inaugura a 28ª edição do Seminário de Iniciação Científica (Semic) da UFJF. Confira a programação completa.

Brasil arrisca abrir mão do próprio futuro

“Se não tivermos a compreensão de que o investimento em ciência e tecnologia é fundamental, o Brasil abre mão do seu futuro e do seu processo civilizatório” (Foto: Carolina de Paula/UFJF)

Durante a abertura oficial do evento, o reitor da UFJF, Marcus David, se dirigiu aos estudantes para reforçar a importância de não somente refletir sobre o fazer científico, como também valorizá-lo como um dos pilares importantes para o desenvolvimento do país e o enfrentamento de questões impactantes para a sociedade, desde a desigualdade social até as crises climáticas. “Se não tivermos a compreensão de que o investimento em ciência e tecnologia é fundamental, o Brasil abre mão do seu futuro e do seu processo civilizatório. A garantia de instituições críticas e independentes garante que a própria sociedade seja capaz de questionar a realidade do país.”

A mesa de abertura foi composta, além do próprio reitor, por representantes das pró-reitorias que, em parceria, organizam o evento: Mônica Oliveira, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa; Beatriz Farah, pró-reitora adjunta de Graduação; e Fernanda Sousa, pró-reitora adjunta de Extensão.

A beleza está nos olhos de quem pesquisa

Rossana Melo e Maria Elisa Caputo inauguraram o evento (Foto: Carolina de Paula/UFJF)

Nesta segunda, as pesquisadoras que iniciaram os encontros foram Rossana Melo e Maria Elisa Caputo, dos laboratórios de Biologia Molecular e de Estudos do Corpo, respectivamente. Ambas contaram para a plateia, composta majoritariamente por estudantes de iniciação científica, sobre os motivos que as levaram a focar em suas áreas de pesquisa – assim como os desafios e as parcerias encontradas ao longo do caminho. Durante a manhã, Melo demonstrou, com imagens de microscópio, a beleza que pode ser observada em células humanas, bem como a importância da pesquisa de base para o avanço científico (traduzido, por exemplo, em vacinas). Caputo, por sua vez, discorreu sobre questões de autoimagem e a busca pela “perfeição” segundo os padrões estéticos da sociedade, especialmente em crianças e adolescentes, abrindo espaço para diálogo com a plateia e recebendo perguntas da própria colega Rossana Melo.

Dentro da universidade, os caminhos passam pelas cidades, pela história, pela comunicação e pelo futuro
Na parte da tarde deste dia 18, foi a vez de quatro pesquisadores discorrerem sobre pesquisas, trajetórias e possibilidades abertas aos estudantes dentro da UFJF. O pesquisador Frederico Braida – responsável pelo Laboratório de Estudos das Linguagens e Expressões na Arquitetura, no Urbanismo e no Design – começou os encontros apresentando a cidade como um objeto possível (e rico) de pesquisa. Em seguida, o pesquisador Wedencley Alves, do grupo Sensus – Comunicação e Discursos, conversou com uma plateia repleta de alunos sobre as convergências entre mídia, ciência e saúde, focando em como traduzir essas relações para ecoar também “fora dos muros” da universidade.

Da esquerda para direita: Zélia Ludwig, Wedencley Alves, Frederico Braida e Leandro Gonçalves (Foto: Laís Cerqueira/UFJF)

Por sua vez, o pesquisador Leandro Gonçalves, coordenador da Rede de Investigação Direitas, História e Memória, discorreu sobre os fios históricos que marcam o roteiro do fascismo no Brasil, partindo do movimento integralista (datado da década de 1930) e chegando até os dias atuais, explicando seu método de pesquisa e as descobertas feitas ao longo dos estudos. A responsável por encerrar a tarde foi a pesquisadora em Física, Zélia Ludwig, premiada com o Mérito Comendador Henrique Halfeld (2018), a Medalha Rosa Cabinda (2019) e a Medalha Nelson Silva (2019). Mulher negra, Zélia chamou atenção para a carência de equidade no ambiente acadêmico e confidenciou sua confiança nos estudantes presentes para mudar esse cenário. Além do campo da Física, a pesquisadora conduz estudos interdisciplinares abordando gênero, raça, maternidade, ciência e sociedade.

Confira a programação desta quarta-feira, 19, logo abaixo. Os encontros acontecem no Anfiteatro da Reitoria da UFJF e são abertos para todos, com foco em estudantes de iniciação científica.

Programação completa