Projeto A Ciência que Fazemos reúne pesquisadores e estudantes de escolas públicas. (Foto: Marcela Kineipp)

Os alunos do sexto ao nono ano da Escola Municipal Theodoro Mussel receberam, nesta segunda-feira, 3, a visita dos pesquisadores Frederico Braida, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora, e de sua orientanda, Fernanda de Façanha. A iniciativa faz parte do projeto de divulgação científica da UFJF, A Ciência que Fazemos. Dentre os muitos assuntos abordados, conversaram sobre a importância das universidades públicas, comunicação e cultura. Braida, ao abordar a pesquisa que desenvolve, falou com os estudante sobre como aprender arquitetura com jogos lúdicos. 

A ideia, entre outras coisas, era mostrar como a UFJF representa diversas opções para os futuros vestibulandos. “Saibam que é possível para cada um de vocês entrar na universidade, se especializar em uma profissão, para isso é preciso dedicação e estudo, mas sim, é possível. A universidade não é nenhum bicho de sete cabeças. Eu falo isso, por mim mesmo, eu já estive sentado aí onde vocês estão”, garantiu Braida. O pesquisador também se emocionou ao recordar com orgulho daquela escola, “minha mãe já foi professora aqui durante 25 anos,  e eu também estudei aqui”.

O relato do pesquisador se relaciona muito com a importância que os diferentes espaços ocupam na vida. “A beleza na arquitetura não é só na aparência, mas é também o afeto e cuidado que temos pelo lugar”, explicou o pesquisador. Essa informação por si só, já foi o suficiente para deixar os alunos em estado de máxima atenção e incitou a participação dos mais curiosos. Percebendo que captou todos os olhares, Braida reforçou que na universidade, “além de aprender a profissão, também desenvolvemos novas ideias, novos conhecimentos, é o lugar para incitarmos a curiosidade, desenvolvermos projetos”. 

O pesquisador apresentou fotografias de vários jogos que as crianças já conheciam, como Lego, Minecraft, material dourado e foi mostrando como é possível unir diversão com estudo. Explicou que através desses jogos lúdicos é possível trabalhar a imaginação. Por meio deles, os arquitetos em formação vão estruturando projetos e desenhando plantas. “Depois que projeta, com o jogo mesmo, seguimos pro computador e desenhos do projeto, como a planta baixa, que é como se estivesse olhando de cima o ambiente. Em seguida, o tornamos tridimensional para deixá-lo mais realista”, disse o pesquisador, que ainda estimulou os estudantes a considerarem a arquitetura como a futura profissão a ser seguida  “Se vocês gostam de ficar ali brincando com jogos, projetando cidades, é possível que se tornem arquitetos”. 

“Para termos novas ideias, não podemos estar sozinhos. Vivemos em sociedade e a produção do conhecimento também é em conjunto. Percebam que as nossas pesquisas surgem assim, do nosso dia a dia, da vivência com os outros, das coisas que observamos e, dessa forma, vamos fazendo o conhecimento avançar”. O aluno do 7º ano, Guilherme Dornelas,  concluiu o diálogo com a frase: “ninguém é melhor do que ninguém, né?”.  E a cada manifestação dos alunos a turma abria uma salva de palmas em apoio aos colegas. 

A interdisciplinaridade das pesquisas

O professor aprofundou, junto com a sua orientanda, a ideia da universidade como uma espaço de realização de pesquisas. “Podemos ir pra universidade pra pesquisar algo do nosso interesse”. Fernanda, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, apresentou-se para a turma e contou como chegou até a sua atual área de pesquisa. Tudo começou com o livro reportagem “Ruas e cores – o grafite como arte viva na cidade”, na narrativa ela traça a relação do grafite com o patrimônio histórico, na cidade de Fortaleza, no Ceará. Ela reforça como essa linguagem artística é uma forma de comunicação. Fernanda é editora da revista Revista Graffiti Queens.

Frederico aproveitou para complementar como o campo científico se preocupa com a cultura popular, a gente tá preocupado em entender o que desenham na rua e qual mensagem querem passar com o grafite, que é como se fosse a tatuagem na cidade”.  A pesquisa da Fernanda é voltada para a presença das mulheres no mundo do grafite. Por fim, ambos os pesquisadores apresentaram os livros que escreveram e ilustraram ao longo das suas respectivas trajetórias acadêmicas. 

A presença do projeto “A Ciência que Fazemos” nas escolas

A diretora da Escola Municipal Theodoro Mussel, Marisa Freitas, considera o projeto algo essencial para a trajetória acadêmica dos alunos, que, através desse diálogo com os pesquisadores, percebem a universidade como um sonho mais próximo. “A importância do projeto é essa experiência de entender o mundo exterior. É essencial para que os alunos tenham a chance de questionar, de descobrir, de ser instigado a pensar profissões e a ter uma motivação maior, para que quando eles estão em sala de aula possam entender que o que estão aprendendo ali vai interferir lá fora.”