Estudo dos professores Alexander Moreira-Almeida e Humberto Schubert Coelho, da UFJF, e de Marianna Costa, da UFRGS, aborda o tema sob o ponto de vista científico (Imagem: Pixabay)

Pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes) da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lançaram o livro “Science of Life After Death” pela editora alemã-britânica Springer Nature, uma das maiores do mundo no ramo científico. O livro apresenta uma investigação científica sobre a possibilidade da sobrevivência da consciência humana após a morte.

A obra, escrita em conjunto pelo diretor do Nupes e professor de Psiquiatria da Famed, Alexander Moreira-Almeida; pelo professor do Departamento de Filosofia do Instituto de Ciências Humanas (ICH), Humberto Schubert Coelho; e pela doutora do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciência do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marianna Costa; traz uma revisão abrangente da crença na vida após a morte na atualidade, na história das religiões e na filosofia. O tema é abordado sob o ponto de vista científico, não sendo compreendido somente como uma construção cultural ou fruto de ilusões cerebrais e mecanismos psicológicos de defesa. 

“O livro mostra que é possível transformar esse tema de religião, de crença, em uma questão de pesquisa científica, em algo que possa ser investigado com evidências observadas” (Alexander Moreira-Almeida, diretor do Nupes/UFJF)

“A possibilidade da existência da vida ou consciência após a morte sempre foi tida como questão religiosa ou, no máximo, filosófica. O livro mostra que é possível transformar esse tema de religião, de crença, em uma questão de pesquisa científica, em algo que possa ser investigado com evidências observadas”, afirma Moreira-Almeida, também coordenador da Seção de Espiritualidade da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal). 

Evidências
Três tipos de evidências são abordadas de modo mais detalhado na obra: as experiências de quase morte (EQMs); pessoas, principalmente crianças, que alegam se lembrar de vidas passadas; e as chamadas experiências mediúnicas. Segundo o professor, a ocorrência das EQMs questiona a hipótese de que a mente é gerada pelo cérebro, uma questão ainda em aberto na ciência. No fenômeno, o cérebro geralmente está inativo ou disfuncional, mas a consciência continua a trabalhar, de acordo com relatos de sobreviventes. 

“Por exemplo, em paradas cardíacas, o cérebro para de funcionar poucos segundos depois. Médicos examinam os pacientes e constatam que a pessoa está inconsciente, o cérebro não funciona. E há relatos de pacientes que observam essa situação e têm a chamada percepção verídica, ou seja, descrevem coisas que estavam acontecendo durante a parada cardíaca, com dados que podem ser corroborados. Esse fenômeno acontece, inclusive, em indivíduos que não acreditam em vida após a morte”, ressalta o pesquisador. 

As experiências mediúnicas apontam a continuidade do caráter e da memória, como conhecer nomes, ter habilidades, estilo literário e um determinado repertório de conhecimento. Como exemplo, Moreira-Almeida cita as cartas psicografadas do médium mineiro Chico Xavier (1910-2002). “Elas trazem uma série de informações precisas, de estilo de personalidade; é pouco provável que ele tenha conseguido isso de forma convencional.”

“as possibilidades da vida espiritual após a morte e da continuidade da consciência independentes da atividade do cérebro humano são demasiado importantes para serem ignoradas com base sobre opinião e preconceito.” (C.Robert Cloninger, professor emérito da Universidade Washington)

Casos
Ainda de acordo com o Moreira-Almeida, a sobrevivência da consciência tem sido estudada por cientistas e filósofos há aproximadamente 150 anos. “Como os vencedores do Prêmio Nobel, Charles Richet (médico fisiologista), o casal Pierre e Marie Curie (químicos), Henri Bergson (filósofo), várias pessoas de alta capacidade científica e filosófica investigaram o tema. O que essas pesquisas têm demonstrado é que alguns médiuns, em certas condições, exibem o padrão de memória de pessoas de outras épocas”, diz. 

Por fim, o professor aponta que uma revisão recente mostra que existem aproximadamente três mil casos investigados de crianças que alegam ter vidas passadas. Segundo ele, por volta dos dois anos de idade, essas crianças começam a alegar terem vivido em determinados lugares e averiguações posteriores confirmam as situações. “Há um caso de uma menina do Sri Lanka. Ela contava que viveu em uma cidade a quilômetros de distância e trabalhava em uma fábrica de incensos. Um dia estava vendendo incensos em uma bicicleta e foi atropelada por um caminhão. Foram investigar e, de fato, existiu essa pessoa. A menina tinha uma marca de nascença nas costelas sobre o baço, local em que a vítima do acidente teve uma perfuração. A garota também conseguia descrever o procedimento de fabricação do incenso, algo que a família dela desconhecia.”  

Recomendações
O livro “Science of Life After Death” conta com prefácio do psiquiatra e geneticista americano C.Robert Cloninger, professor emérito da Universidade Washington, em St. Louis. Em seu texto, Cloninger destaca que “as possibilidades da vida espiritual após a morte e da continuidade da consciência independentes da atividade do cérebro humano são demasiado importantes para serem ignoradas com base sobre opinião e preconceito.”

O estudo também foi incluído na lista de leituras recomendadas pelo professor Francis G. Lu no site da Amazon. Lu é professor emérito de Psiquiatria Cultural da Universidade da Califórnia e membro da Associação Americana de Psiquiatria. 

O livro pode ser adquirido com desconto de 20%, utilizando-se o código promocional UnRGKAtD7R1S36, até 13 de julho, no site da editora Springer Nature