Eduardo Salomão Condé: “Vocês passaram parte do curso fora do nosso formato usual de presencialidade, mas superamos o desafio. Precisamos saudar a quem se gradua, mas também os que não estão presentes em decorrência da Covid-19” (Foto: Alexandre Dornelas)

Após um período de excepcionalidade de aproximadamente dois anos, em decorrência da pandemia de Covid-19, o Cine-Theatro Central, um dos espaços mais nobres da cidade, voltou a receber a alegria dos estudantes que celebraram a tão aguardada colação de grau presencial da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Entre a felicidade dos concluintes, bem como a de amigos e familiares que acompanharam a solenidade, o evento foi marcado por fortes emoções e discursos em defesa do ensino superior gratuito, público e de qualidade.

A celebração, realizada na quinta-feira, dia 9, às 19h, contou com cerca de 50 concluintes dos cursos de Jornalismo; Medicina; Farmácia; e Rádio, TV e Internet (RTVI). O Coral da UFJF, mais uma vez, levou o tom festivo para a solenidade que apresentou os novos profissionais para a comunidade.

Margarida Araújo: “Agradeço muito a Universidade por ter me proporcionado tantos aprendizados importantes” (Foto: Alexandre Dornelas)

Transformação

Entre os formandos de Jornalismo, Margarida Marcondes Araújo, saiu de Miguel Pereira, no Estado do Rio de Janeiro, para cursar o ensino superior na UFJF. A concluinte escolheu a instituição mineira, por já conhecer a cidade, considerando que a família da avó já vivia no município. Dessa maneira, foi muito incentivada a fazer as provas do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) e a vir morar em Juiz de Fora.

“A UFJF me transformou muito e em vários aspectos. Conheci pessoas e professores que me inspiraram a ter vontade de seguir a vida acadêmica. Além dos conhecimentos que vão além da sala de aula, como as ações do Movimento Estudantil. Agradeço muito a Universidade por ter me proporcionado tantos aprendizados importantes”, salientou Margarida.

Sobre a participação na festividade, explicitou o quanto ficou feliz em viver a celebração presencialmente. “Ficava um pouco frustrada de ter a colação de grau de maneira virtual, pois quando entramos na Universidade, sonhamos com o momento de vestir a beca, reunir a família e amigos para comemorar. Fechar esse ciclo da UFJF com a colação presencial está sendo muito importante para mim”, concluiu.

Conexão Brasil x Colômbia

Juliana Moraes: “Vim de fora e, desde que cheguei, a cidade e a Universidade foram muito acolhedoras comigo” (Foto: Alexandre Dornelas)

Vindo da Colômbia, Henry Daniel Onãte Munive, chegou à UFJF ao se inscrever no Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e conquistar uma vaga no curso de Medicina. Sobre participar da primeira colação de grau presencial, após o período de excepcionalidade, considerou o momento como único.

“Se fosse remoto não teria a mesma graça. A UFJF significa muito para mim, pois ela me ensinou muito e pretendo levar o nome dela para o meu país. Pretendo deixar o nome da Universidade maior do que já é. Não é apenas uma ligação com a faculdade, ela nos representa e nós também a representamos. Isso diz muito sobre quem somos”, destacou.

O formando também comentou sobre o bom acolhimento pela Instituição, além de  rememorar os bons momentos que viveu em solo brasileiro, por exemplo, as amizades e até mesmo o estresse que antecedia as provas. Sobre a perspectiva entre permanecer no Brasil e voltar para a Colômbia, disse sentir-se dividido. “É uma decisão que não tomei ainda. Criei muitos vínculos com os brasileiros, fiz amigos e as oportunidades de residência médica são mais fáceis aqui, mas na Colômbia está minha família. São dúvidas que ainda brigam entre si”, disse Munive.

Marco histórico

A cerimônia presenciou um marco histórico, em que a primeira estudante do curso de Rádio, TV e Internet (RTVI) festejou o término da graduação em uma cerimônia de Colação de Grau. Vinda de Petrópolis (RJ), Juliana Garcia Moraes contou o quanto é inexplicável a ansiedade em subir no palco e finalizar o ensino superior. “É muito significativo representar o meu curso e ser a primeira a receber o diploma da primeira turma de RTVI, ainda mais, de forma presencial. Isso me desperta uma série de emoções.”

Sobre as melhores lembranças, reforçou o quanto a Universidade foi um espaço em que se sentiu em casa e agradeceu a mãe por não tê-la deixado desistir das provas do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism). “Vim de fora e, desde que cheguei aqui, a cidade e a Universidade foram muito acolhedoras comigo. Gostava de passar muito tempo lá, mesmo quando a aula já tinha acabado, pois realmente era onde eu me sentia confortável. Da UFJF, vou levar, além de todo o aprendizado, as amizades que construí. Elas serão para a vida toda.”

Ato político de resistência e luta

Henry  Munive: “A UFJF significa muito para mim, me ensinou muito e pretendo levar o nome dela para o meu país” (Foto: Alexandre Dornelas)

O orador da solenidade, estudante da Faculdade de Medicina, Luís Filipe Sarmento Campos, agradeceu a oportunidade de ter se graduado em uma universidade de ensino público, à Ciência, aos incentivos à pesquisa e ao Sistema único de Saúde (SUS). Além disso, expressou  solidariedade a todas as vítimas da Covid-19, e suas respectivas famílias, e reforçou que a conquista do diploma de ensino superior se trata de um ato político de resistência e luta. 

“A aprovação na Universidade vem junto com um conjunto de sentimentos: alegria pela conquista de um sonho; orgulho pelo esforço empregado ao longo de anos; medo dos desafios pela frente; insegurança sobre suas potências. Para alguns, que saem de suas cidades e lares, a solidão se torna um pesadelo e, para outros, um sonho”, enfatizou o orador. “Ao entrarmos naquele campus, somos imediatamente convidados a abandonar a caverna; a viver o possível e o impossível; a romper com qualquer lugar-comum imposto sobre nós. Nesse momento, entendemos a importância dos professores, dos tutores e dos funcionários que tanto nos acolhem e nos ensinam a extrair o melhor de nós para doar ao mundo. Afinal, qual outro propósito mais nobre que devolver, à sociedade, a possibilidade de transformação e aperfeiçoamento?”

Por fim, ressaltou a necessidade de se manter vivo o respeito por si e pelo próximo. “Que saibamos entender e acolher nosso tempo, nossos limites, sem nos acomodar ou impedir que despertemos nossa força. O ciclo que se encerra hoje inaugura o nascimento de um novo mundo de possibilidades e desafios. Que nunca percamos a capacidade de nos indignar e de lutar por um mundo melhor.”

Defesa das universidades públicas

O pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças, Eduardo Salomão Condé, representando o reitor da UFJF, Marcus Vinicius David, citou o poeta Murilo Mendes ao dizer que devemos ser contemporâneos e não sobreviventes. “Vocês passaram parte do curso fora do nosso formato usual de presencialidade mas, apesar das dificuldades, juntos, superamos o desafio. Precisamos saudar a quem se gradua, mas também os que não estão presentes em decorrência da Covid-19.”

Durante a solenidade, Condé também lembrou sobre os momentos sombrios que as universidades públicas vivem diante do cenário de graves cortes orçamentários. “Vê-los formando é motivo de imensa alegria, mas há inúmeros desafios para mantermos as condições de ensino, pesquisa e extensão. Porém, nós não somos sobreviventes, somos contemporâneos. Podemos estar exaustos, mas não desistiremos. Continuaremos a defender o ensino superior público e de qualidade, e a formar profissionais capazes. A UFJF tem muito orgulho em dar a oportunidade de uma vida melhor para vocês.”

“Há pouco tempo tínhamos condições muito melhores, inclusive financeiras, e agora temos incertezas de como terminaremos o ano. Precisamos contar com a ajuda da sociedade para divulgar o desafio vivido pelas universidades públicas. O tempo não é favorável, mas nós não desistiremos. Que vocês espalhem a luz”, finalizou.

Confira a galeria de fotos da Colação de Grau Unificada

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