Professora Andréia Peraro e o filho Raul (Foto: Dante Rodrigues)

O projeto de extensão Trissomia do 21 do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) promove nesta terça-feira, 22 de março, a live “Desafios no atendimento das pessoas com T21” com a participação do professor, escritor e médico em formação Bruno Valadares. A atividade será realizada para destacar a importância do Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março.

A data foi escolhida em alusão à Trissomia do Cromossomo 21, uma vez que as pessoas com a síndrome de Down carregam três cromossomos número 21, em vez de dois, como as demais pessoas.

De acordo com a professora Andréia Peraro, a data é celebrada desde 2006 com o objetivo de fomentar a visibilidade social e conscientizar a sociedade para a necessidade da inclusão das pessoas com a síndrome de Down. “É preciso que as pessoas respeitem e contribuam para acabar com o preconceito. As pessoas com síndrome de Down estão no mercado de trabalho, nas universidades, se casam e levam uma vida comum. Ou seja, a data ajuda a contribuir para esta inclusão. Como mãe de uma pessoa com síndrome de Down, eu sei que existem limitações, comorbidades, mas é preciso sempre destacar que é possível superar estas limitações e mostrar que estas pessoas merecem oportunidades como qualquer outra”.

A live “Desafios no atendimento das pessoas com T21” busca justamente sensibilizar os futuros profissionais de saúde sobre a importância do atendimento humanitário às pessoas com a síndrome de Down e aos seus familiares. Para tanto, o projeto de extensão convidou o futuro médico Bruno Valadares, do último ano de medicina na Universidade Federal do Mato Grosso, que recentemente viralizou nas redes sociais ao externar uma experiência com a irmã de 33 anos, que tem a síndrome de Down. “A minha mãe sempre contou o quanto foi mal tratada quando descobriu que minha irmã tinha síndrome de Down. Depois de fazer uma viagem para a consulta, o médico disse: ‘Me desculpe, mas sua filha é mongolóide e não espere nada dela. Você vai ter que cuidar pro resto da vida’. Praticamente disse que ela era um estorvo. Não explicou sua condição genética e muito menos a evolução da deficiência. Não abriu espaço para perguntas ou até mesmo desabafos”.

A experiência foi relembrada por Bruno durante um plantão na Pediatria. Em seu instagram, o futuro médico relatou o atendimento a uma mãe com um bebê com o fenótipo típico de Down. “Chegou uma mãe com um bebê de 5 meses com o fenótipo típico de Down e com um cariótipo lacrado (exame que conta a quantidade de cromossomos e mostra um diagnóstico visual e definitivo de SD). Extremamente apreensiva, me entregou o documento e falou: ‘Doutor, vim ter certeza se meu filho tem síndrome de Down’. Chorou. Naquele momento toda a história da minha mãe foi remontada na minha frente. Dessa vez, eu estava lá, ocupando o lugar do malfadado médico que atendera ela. Senti uma sensação estranha, medo de errar, gerar traumas. Respirei fundo e dei o melhor de mim. Das grandes dúvidas, a mãe no meu ambulatório pensava que a culpa da deficiência era dela, esclareci que era algo espontâneo e aleatório. Falou que não sabia o que esperar dele, perguntou qual era o grau da deficiência da síndrome. Simplesmente falei que não era possível apontar agora o grau da deficiência cognitiva com ele tão jovem, ou as limitações que ele teria. Da mesma maneira que fui claro quanto aos possíveis fatores limitadores e os desafios de lidar com uma pessoa com deficiência, também disse o quanto eles são amorosos, carinhosos, parceiros e principalmente autônomos”.

Para conhecer mais sobre a história do Bruno Valadares e a importância do atendimento humanizado às pessoas com síndrome de Down basta acompanhar a live no instagram do projeto de extensão Trissomia do 21, às 18h30, desta terça-feira, 22 de março.