Está no ar a 34ª edição do Boletim Informativo da Covid-19, desenvolvido por pesquisadores integrantes da Plataforma JF Salvando Todos, sediada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). De acordo com as análises de dados coletados até quarta-feira, 18 de agosto, a equipe aponta que, mesmo com a redução do número de casos no município, o nível de transmissão permanece elevado. “Não é apenas em Juiz de Fora que isso está acontecendo. No Brasil como um todo, ainda há grande circulação do vírus e o nível de transmissão está elevado. Isso não é uma surpresa, uma vez que a cobertura vacinal com duas doses ainda é baixa e a adesão ao isolamento social vem reduzindo ao longo do tempo”, explica o pesquisador Marcel Vieira, um dos participantes da iniciativa.
Segundo dados fornecidos pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), no início deste mês de agosto, no dia 2, Juiz de Fora registrou 41.662 casos confirmados de Covid-19 e 1.872 vidas perdidas para a doença. Como constatado até a última segunda-feira, 16 de agosto, ambos os números evoluíram para 42.944 e 1.900, representando aumentos de 3,1% no número de casos e 1,5% em óbitos. Em relação ao período de 14 dias anteriores, os mesmos índices tinham registrado aumentos de 4% e 1,6%, respectivamente.
Considerando os períodos das semanas epidemiológicas, Juiz de Fora contabilizou 647 novos casos e 9 vidas perdidas entre os dias 8 e 14 de agosto (32ª semana epidemiológica). Os dados representam reduções de 1,2% no número de casos confirmados e de 52,6% no número de mortes causadas pelo coronavírus em relação à semana epidemiológica anterior, considerada entre os dias 1º e 7 de agosto.
Já o nível de transmissão de Covid-19 em Juiz de Fora durante a 32ª semana epidemiológica é considerado alto: neste espaço de tempo, a cidade registrou 112,9 casos por cem mil habitantes. Os parâmetros de classificação seguem os critérios do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos nos Estados Unidos. O órgão classifica o nível de transmissão como alto quando há registro de cem ou mais casos a cada cem mil habitantes; para evoluir para a classificação de risco substancial, é preciso registrar entre 50 e 99,99 casos por cem mil habitantes.
JF tem maior cobertura vacinal do que a nacional; falta de Astrazeneca é preocupante
Até esta terça-feira, 17 de agosto, 547.971 doses de vacinas foram aplicadas em Juiz de Fora, sendo 367.654 primeiras doses, 165.621 segundas doses e 14.696 doses únicas. Levando em consideração a projeção populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a cidade, que totaliza 573.285 habitantes, os pesquisadores consideram que 64,1% da população receberam a primeira dose e 31,5% receberam as duas doses ou a vacina de dose única. Em comparação com o Brasil, esses percentuais são, respectivamente, 55,7% e 24,4%, o que indica que a cobertura vacinal em Juiz de Fora é superior à nacional.
“Mesmo com a falta de vacinas da Astrazeneca, constatamos um avanço nos números da vacinação nas últimas duas semanas no município. Este avanço foi possível com a chegada de imunizantes de outros laboratórios. Mesmo assim, o atraso da aplicação das segundas doses das vacinas da Astrazeneca é motivo para preocupação e precisa ser evitado uma vez que sabemos que a proteção máxima é atingida apenas com o recebimento de duas doses”, afirma Vieira.
Pesquisadores consideram flexibilização arriscada atualmente
A partir de dados levantados pelo Google Mobility, a equipe estima que ocorreu uma pequena redução na adesão ao isolamento social em relação a períodos anteriores, de acordo com o percentual de pessoas que têm permanecido em casa, além do aumento de idas aos locais de trabalho e aos parques locais. Essa movimentação, aliada ao maior relaxamento de medidas preventivas e de controle da pandemia, resulta na avaliação dos pesquisadores de que a flexibilização de atividades ainda é uma medida precoce.
“Em um momento em que a circulação do vírus e o nível de transmissão são elevados, e com a cobertura vacinal com duas doses ainda baixas, medidas com maiores flexibilizações seriam muito arriscadas e poderiam levar a impactos nas taxas de ocupação de leitos e no número de vidas perdidas. Além disso, sabe-se que níveis de transmissão elevados favorecem o surgimento de novas variantes do novo coronavírus”, informa Vieira. “Estudos indicam que a variante Delta já é predominante no Rio de Janeiro, onde já há impactos sérios no sistema de saúde. Essa variante teve efeitos muitos graves nos países por ela afetados – como a Índia, os países da Europa, os EUA, entre outros –, impactando, principalmente, populações com cobertura vacinal baixa. Assim, a chegada da variante delta deve ser motivo de preocupação.”
Outras informações:
34ª edição do Boletim Informativo da Covid-19