Desenvolvido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Computação e do Programa de Pós-Graduação em Saúde, o projeto “Simula Covid-19 UFJF” analisa, por meio de simulações computacionais, quais seriam os efeitos de uma epidemia de Covid-19 no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Utilizando dados da movimentação registrada em período anterior à pandemia, a plataforma é capaz de simular, em tempo real, qual o impacto das medidas de mitigação do vírus – como o distanciamento social, o uso correto de máscaras e a vacinação.
Simulações realistas e interativas
De acordo com o professor da Faculdade de Medicina e pesquisador integrante do projeto, Fernando Colugnati, uma das simulações envolve um período de 50 dias com a movimentação de 20 mil pessoas no campus da Universidade. Além disso, é possível analisar quais seriam os efeitos da ocupação de ambientes menores ou com alto índice de aglomeração. “A simulação macro, que envolve todo o campus, serviu para entender como as pessoas transitam na Universidade. Entretanto, existem pequenos núcleos, como bibliotecas, laboratórios, salas de aula, e até mesmo o restaurante universitário; nas próximas simulações, iremos analisar os efeitos da transmissibilidade nesses locais. Pretendemos cruzar as análises macro e micro.”
O pesquisador destaca que as simulações serão interativas e podem servir como uma ferramenta de suporte para decisões futuras da Universidade, simulando condições mais realistas para a análise de situações específicas por gestores. As simulações podem vir a determinar qual seria, por exemplo, um número seguro para a ocupação de ambientes menores, conforme as mais diversas situações epidemiológicas. Os modelos também podem incluir dados sobre o trânsito de pessoas no transporte público ou em pontos de alta aglomeração, algo que contribuiria no desenvolvimento de novas estratégias e protocolos voltados a diminuir a transmissão do vírus.
Projeto executado por supercomputador
O pesquisador do Departamento de Ciência da Computação, Mário Dantas, explica que todas as simulações foram realizadas no supercomputador NEC-Sx Aurora Tsubasa, localizado na cidade de Fuchū, no Japão. O professor afirma que a execução do projeto é advinda de parcerias individuais por meio de pesquisas. “O NEC-Sx Aurora Tsubasa é um supercomputador vetorial, no qual conseguimos rodar os experimentos em slots”, ou seja, um período alocado para os pesquisadores.
Os dados da pesquisa são enviados pelos pesquisadores brasileiros e processados no supercomputador que, por sua vez, devolve os resultados da simulação para os pesquisadores. Os dados, quando retornados, são armazenados na Rede Integrada de Pesquisa (Projeto Repesq) da UFJF. Dantas, que é especialista em Computação de Alto Desempenho (ou High Performance Computing), evidencia a possibilidade, ao longo do andamento do projeto, de utilizar outros dois supercomputadores, sendo um deles o Grid5000, na França. Os resultados finais das simulações são trazidos para a UFJF e processados, em termos de visualização, no Projeto Repesq.
Interdisciplinaridade
O mestrando e um dos pesquisadores do projeto, Mateus Gonçalo, destaca a importância da interdisciplinaridade das pesquisas desenvolvidas. “A parceria desenvolvida com o professor Fernando foi de grande importância, tendo em vista seus conhecimentos na área da Medicina, mas também ao ponto que ele indicava qual o caminho certo e também ao disponibilizar os parâmetros.” A equipe da UFJF também conta com o professor José Maria David, especialista em Engenharia de Software, e o professor Marcelo Moreno, coordenador do Repesq.