No quarto dia das atividades da 73ª Reunião Anual (RA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Bráulio Ferreira de Souza Dias (UnB) fez um breve panorama de todas as ações e políticas do atual governo que contribuíram para a degradação ambiental no Brasil. Apresentada por Luciana Gomes Barbosa (UFPB), a conferência “O desmantelamento das políticas ambientais no brasil em cenários de pandemia da Covid 19” foi um espaço importante de reflexão sobre o comprometimento governamental com o meio ambiente e o futuro do país.

De acordo com a ilustração publicada pelo Living Planet Report 2020 da WWF, entre as principais áreas naturais remanescentes no planeta Terra, que são em sua maioria desertos ou regiões polares, a única região tropical ainda em grande parte conservada é a região amazônica. Ao longo da conferência é perceptível o papel importante do Brasil na conservação desse ecossistema, uma vez que, desde os anos 1990, foi um dos países marcados pela proatividade na implementação da Agenda Global de Biodiversidade e seguiu na próxima década com a renovação da Estratégia e Plano de Ação Nacionais de Biodiversidade (EPANB) para 2020. Ainda, de acordo com o último Relatório Nacional para a CDB, lançado em 2018, o Brasil possui avanços significativos na Meta 19 e implementação plena em outras nove metas.

Outro dado importante mostrado no evento é o que aponta a redução da ordem de 80% das taxas anuais de desmatamento na Amazônia de 2004 a 2017. Entretanto, infelizmente, nos últimos anos o cenário é outro. Dias expõe que, “o atual governo não protege o meio ambiente, não cumpre as leis ambientais e ignora o fato de que a crise hídrica e energética e os incêndios florestais são consequências das mudanças climáticas e do desmatamento”. O conferencista relembra a notícia-crime do delegado Alexandre Saraiva referente ao envolvimento do ex-ministro Ricardo Salles com a exploração ilegal de madeira no estado do Amazonas.

Além dos posicionamentos do ex-ministro do Meio Ambiente, um dos dados apresentados que mais assusta é o registrado pela Amazônia Legal brasileira, que registrou 8381 km^2 de desmatamento acumulado nos 11 meses entre agosto de 2020 e junho de 2021, o que representa 51% de aumento em relação ao mesmo período anterior. Dias também aponta os esforços para enfraquecer as leis já existentes para proteger o meio ambiente, a criação de PLs que, por exemplo, legalizam a grilagem em terras públicas, o desmonte institucional recorrente, como a transferência do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou a nomeação de policiais militares sem experiência em gestão ambiental para dirigir o Ibama e o ICMBio.

As consequências, de acordo com Dias, vão desde a perda da credibilidade internacional até a fragilização e a degradação das terras indígenas. “Quem se beneficia desse desmonte da política ambiental? Certamente, a maior parte da população brasileira não é beneficiada, porque isso vai prejudicar a oferta de água, oferta de alimentos, vai aumentar risco de grandes eventos de seca e de crises energéticas, como a gente está agora enfrentando esse ano no Brasil e uma série de outros riscos associados a desastres ambientais, como a gente tem visto com o ‘queimamento’ de petróleo nas praias do nordeste”, enfatiza. Para encerrar, pede otimismo: “Além do mais, temos que começar a focar em 2022, para tirar esse governo e conseguir nomear um governo que respeite o meio ambiente e que tenha políticas sensatas em relação a ciência e também em relação à saúde pública.”

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73ª Reunião Anual da SBPC

O evento acontece até o dia 24 de julho de forma inteiramente on-line, sediando conferências, mesas-redondas, webminicursos, painéis e sessões de bate-papo. Confira também a programação da SBPC Jovem e Família e a SBPC Cultural.

programação completa da 73ª Reunião Anual da SBPC traz nomes de projeção no cenário científico nacional, sendo transmitida pelos canais SBPCnetTV UFJFCentro de Ciências UFJF,  Critt – UFJFUFJF Notícias e Revista A3 UFJF.

Outras informaçõesSite oficial da 73ª Reunião Anual da SBPC