Os caminhos e os desafios da descolonização científica serão temas abordados por pesquisadores de renome em mesa-redonda sediada na próxima segunda-feira, 19, no primeiro dia da 73ª Reunião Anual (RA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O debate integra a SBPC Afro e Indígena e será ministrado pelo pesquisador e diretor de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Julvan Moreira de Oliveira – que adianta que a mesa-redonda refletirá “a necessidade de uma epistemologia descolonizadora na pesquisa, na produção e na criação do conhecimento”.
“Considerando que o Brasil é um país multicultural, os meios acadêmicos e científicos ainda são espaços de expressão do pensamento ocidental, cuja consequência é a invisibilidade das diversas formas de produção de conhecimento, silenciadas por mentes colonizadas”, pondera Oliveira. “A motivação do debate é apresentar abordagens teóricas outras, especialmente as de base epistemológicas africanas, assim como indígenas, dentre tantas outras diferentes maneiras necessárias para transformar os currículos.”
A ciência sob o olhar de diferentes abordagens filosóficas
Epistemologia é considerada a filosofia da ciência, também conhecida como teoria do conhecimento; em seu âmbito, são criticamente estudados os princípios, as hipóteses e os resultados obtidos em diversas áreas científicas. De acordo com Oliveira, a discussão da mesa-redonda envolve debater a necessidade de consolidar as universidades como espaços plurais, de uma ciência multiepistemológica, ou seja, que abriga diferentes abordagens filosóficas. “Em outras palavras, compreender que a pesquisa pode reposicionar o saber do sujeito, o que implica compreender que toda pesquisa é, também, uma ação política.”
De acordo com o pesquisador, “o horizonte descolonizante busca superar o multiculturalismo e a monocultura do conhecimento científico por uma ecologia de saberes, e nesse caso particular, a partir das contribuições de epistemologias africanas, afrodiaspóricas, além de indígenas”.
A mesa-redonda será composta, sob a coordenação de Oliveira, pelos pesquisadores Anna Maria Benite (Universidade Federal de Goiás), Bas’ilele Malomalo (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira) e Hilton Pereira da Silva (Universidade Federal do Pará). “A minha expectativa é que possamos oferecer um olhar para uma epistemologia pluralista, que não fique apenas centrado no saber, mas também sobre o problema de pensar: o que é pensado, como a realidade é pensada ou está sendo pensada.”
Oliveira ainda informa que a mesa-redonda dialoga com a conferência “Ações afirmativas na pós-graduação: perspectivas para a pesquisa no Brasil”, que acontece na sexta-feira, 23, também integrante da programação da SBPC Afro e Indígena da 73ª Reunião Anual da SBPC.
73ª Reunião Anual da SBPC
O evento acontece entre os dias 18 e 24 de julho de forma inteiramente on-line, sediando conferências, mesas-redondas, webminicursos, painéis e sessões de bate-papo. Confira também a programação da SBPC Jovem e Família e a SBPC Cultural.
A programação completa da 73ª Reunião Anual da SBPC traz nomes de projeção no cenário científico nacional, sendo transmitida pelos canais SBPCnet, TV UFJF, Centro de Ciências UFJF, Critt – UFJF, UFJF Notícias e Revista A3 UFJF.
Outras informações:
Link para a transmissão da mesa-redonda “Epistemologia afrocentrada: desafios para a ciência | 73ª Reunião Anual da SBPC”
Site oficial da 73ª Reunião Anual da SBPC
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