Nesta quarta-feira, 17, mais uma vez o campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e equipes da Instituição transformam-se em esperança para inúmeras famílias, através de uma nova etapa da vacinação contra a Covid-19, em parceria com a Prefeitura Municipal. Além de simbolizar mais um passo no enfrentamento da doença, a data representa a capacidade de resiliência, adaptação e mobilização da Universidade em favor da sociedade, mesmo em cenários adversos, de cortes orçamentários e de desalento público.

Há exatamente um ano as atividades presenciais na UFJF foram suspensas em decorrência da pandemia de Covid-19. Sinônimos de vitalidade, as sedes da Instituição deixaram de receber diariamente seus milhares de estudantes e trabalhadores. A decisão do Conselho Superior (Consu) aconteceu após a confirmação do primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus em Juiz de Fora. 

Equipes da UFJF e do Hospital Universitário participam da vacinação no sistema “drive thru”, no campus sede, renovando a esperança de milhares de famílias (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Hoje o país enfrenta seu pior momento da pandemia – Juiz de Fora tem 22.069 casos confirmados e 906 óbitos. Em Governador Valadares, são 17.393 casos e 630 mortes. A vacinação em território nacional caminha lentamente e ainda não há definição sobre retorno presencial das atividades na UFJF. O calendário acadêmico de 2021 contempla os cursos que podem seguir com o ensino remoto, e a Universidade inicia discussões sobre a possibilidade de um modelo híbrido para atender aqueles que dependem das disciplinas práticas.

Ainda no início de março de 2020, foi criado o Comitê de Monitoramento e Orientação de Conduta para discutir os possíveis avanços e definir orientações de acordo com o cenário local para Juiz de Fora e Governador Valadares. Os trabalhos do grupo, sob coordenação da vice-reitora Girlene Alves, continuam intensos um ano após sua criação – e os 15 dias previstos pela suspensão inicial das atividades na UFJF se multiplicaram, conforme o avanço da doença pelo mundo e as novas informações e diretrizes das autoridades de saúde.

Da busca pela vacina à produção de sabão
De início afastados das salas de aula, professores se dedicaram a projetos de pesquisa e iniciativas de combate à doença nas mais diversas frentes: da busca pela vacina à produção de sabão. De acordo com levantamento feito  recentemente pela Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (Propp), a UFJF possui 97 pesquisas em desenvolvimento relacionadas ao enfrentamento da Covid-19 nas mais diversas áreas do conhecimento.

Entre as iniciativas mais imediatas, o Grupo de Robótica Inteligente (Grin) e o Laboratório de Modelagem Digital e Prototipagem (Laprot) produziram 36.294 viseiras de proteção “face shield”, todas doadas para trabalhadores à frente de serviços essenciais em hospitais e instituições de saúde de Juiz de Fora. No campus avançado de Governador Valadares (UFJF-GV), o programa de extensão Covid Zero doou mais de dez mil itens de proteção individual para instituições locais e cidades da região Leste de Minas Gerais, beneficiando 3.132 pessoas diretamente e indiretamente.

Farmácia Universitária, ICE e Departamento de Química fabricaram e doaram álcool em gel, sabonete e barras de sabão, a partir de insumos doados pela sociedade civil (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Já  a Farmácia Universitária, o Instituto de Ciências Exatas (ICE) e o Departamento de Química, com o apoio de demais laboratórios da instituição, fabricaram e doaram ao todo três mil litros de álcool em gel, 11.200 litros de sabonete e 8.930 barras de sabão, os dois últimos produzidos a partir do insumo de mais de 1.620 litros de óleo doados pela sociedade civil.

Centros diagnósticos
Laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas e de Farmácia se tornaram verdadeiros centros diagnósticos da Covid-19 para Juiz de Fora e região.  Certificados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), realizam os exames PCR em tempo real oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde maio de 2020, foram feitos 20.650 exames, com 592 laudos emitidos somente durante a última semana. “Eles transcenderam suas perspectivas de ciência em laboratório, para prestar serviço à sociedade brasileira, servindo como suporte ao SUS”, explica a pró-reitora da Propp, Mônica Ribeiro. 

“Percebe-se uma grande mobilização, em todas as áreas, em busca de respostas aos desafios trazidos pela pandemia. A UFJF produz pesquisas de ponta, associadas a importantes investigações sobre os impactos da pandemia na vida social, econômica e cultural da sociedade brasileira.” Ainda, segundo Mônica, outra iniciativa que se destaca é o grupo interdisciplinar responsável pela elaboração das notas técnicas – “verdadeiros fios condutores das ações institucionais e também das políticas municipais”. Realizadas pelo Grupo de Modelagem Epidemiológica e motivadas pela parceria entre a UFJF e a Prefeitura de Juiz de Fora, as notas sistematizam dados de fontes oficiais sobre a pandemia, para analisar possíveis cenários frente aos efeitos da pandemia na cidade. Dessa forma, os pesquisadores auxiliam diretamente nos planos de contingenciamento de leitos, profissionais e equipamentos de saúde.

Pesquisas, testagens e notas técnicas desenvolvidas pela UFJF tornaram-se fio condutores para políticas municipais e ações da própria instituição (Foto: Canva)

As notas técnicas são publicadas na plataforma JF Salvando Todos, mais uma iniciativa importante da instituição, desenvolvida e alimentada por pesquisadores da UFJF com números e gráficos atualizados sobre a pandemia do novo coronavírus. Também por meio da plataforma, são divulgados boletins e vídeos informativos que reúnem, periodicamente, informações de destaque – como os dados de letalidade e de transmissão da Covid-19 – para explicar, de forma simplificada e acessível, o que os números representam para Juiz de Fora e região. 

Ensino além das salas de aula
Com a confirmação e permanência do cenário epidemiológico, em maio de 2020 a UFJF se mobilizou para garantir o retorno das atividades de ensino em formato remoto, formando comissões para cada uma das áreas de atuação. Foi necessário conhecer a realidade de alunos, professores e técnicos, por meio do Diagnóstico das Condições de Acesso Digital

Com intensas discussões nos conselhos da Instituição, foram aprovadas a  continuidade dos trabalhos de conclusão de curso (TCC), dos programas e projetos de extensão, e o ensino emergencial remoto para a pós-graduação. Segundo a pró-reitora da Propp, os cursos de mestrado e doutorado conseguiram se adaptar ao formato remoto com agilidade, “o que pode ser comprovado por meio das 569 dissertações e 127 teses de doutorado defendidas no ano de 2020”, resumiu.

Na graduação, a decisão sobre o retorno às aulas veio em 14 de agosto, com a Resolução n° 33/2020, que regulamentou o Ensino Remoto Emergencial (ERE) em caráter excepcional. O modelo foi adotado como uma alternativa, considerando as condições de trabalho e a vigência do cenário. Para adaptação da plataforma, a UFJF promoveu capacitações tutoriais para professores. Os alunos que não se adaptaram puderam solicitar trancamento de matrículas a qualquer momento, sem prejuízo no tempo de integralização (formação) do curso. 

“Foram criadas inúmeras ações para que o ensino remoto pudesse funcionar a partir das resoluções do Ministério da Educação (MEC). A Universidade trabalhou para que as atividades previstas na legislação pudessem acontecer presencialmente, como é o caso dos estágios da área de saúde e de jornalismo, que são autorizados a depender dos municípios de Juiz de Fora e de Governador Valadares”, conforme o pró-reitor de Graduação, Cassiano Caon Amorim

Amorim avalia positivamente a forma que o conjunto de conteúdos curriculares foi oferecido aos estudantes. “Muitos alunos puderam participar do ERE, mas olhamos para essa oferta com bastante critério, pois sabemos que aconteceram alguns problemas, de âmbito pedagógico e/ou técnico, que foram ajustados e resolvidos. É importante destacar que são os departamentos e as unidades acadêmicas que decidem quais conteúdos serão dados e se serão realizados de forma síncrona ou assíncrona. A Prograd regulamentou os procedimentos, mas quem ofertou foram os próprios departamentos”, explica Amorim.

Na graduação, o Ensino Remoto Emergencial foi adotado como alternativa, considerando as condições de trabalho e a vigência do cenário de pandemia (Foto: Elisa Chediak/UFJF)

Vale destacar que a UFJF criou e-mails institucionais para a participação dos estudantes por meio do ERE. Além disso, todos os endereços eletrônicos foram alterados para que discentes transgêneros pudessem usar o nome social.

Para possibilitar o acesso do maior número de alunos ao ERE, o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) desenvolveu e disponibilizou um guia com orientações para acessibilidade ao Ensino Remoto Emergencial (ERE) de estudantes com deficiência. Além disso, também abriu uma ação para apoiar alunos com deficiência, oferecendo acompanhamento durante o ensino remoto. Ainda organizou uma série de “lives” com orientações aos professores acerca das necessidades educacionais especiais dos estudantes com deficiência no contexto do ERE. As transmissões estão disponíveis no Canal do NAI no YouTube.

Apoio digital
Assim que as atividades presenciais foram interrompidas, a Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae) organizou um grupo de ações em prol dos estudantes da Universidade. O primeiro passo foi o levantamento da demanda do Restaurante Universitário (RU) para alunos bolsistas da modalidade Alimentação. O objetivo foi viabilizar o fornecimento de refeição para os alunos dos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares durante o período de suspensão das atividades acadêmicas e administrativas.

A Proae também desenvolveu três editais para o desenvolvimento de ações de apoio social e inclusão digital na Universidade: Auxílio Digital Graduação;  Auxílio Digital Pós-graduação e Auxílio Emergencial Graduação. Ainda, para dar suporte aos alunos, a UFJF ofereceu aos matriculados no ensino remoto notebooks para apoiá-los durante as aulas da graduação. Todas as ações foram desenvolvidas para contemplar bolsistas da Proae em vulnerabilidade socioeconômica.

Ações de extensão
Segundo a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, dos 528 projetos e programas de extensão aprovados na instituição, 424 optaram por continuar suas atividades de forma remota durante o período – cerca de 80%. Para isso, foi preciso promover a formação e a capacitação de professores e estudantes para as ações de intervenção planejadas e o estudo de metodologias utilizadas para o atendimento à comunidade externa. 

Outras 105 ações de extensão de prevenção e enfrentamento à Covid-19 foram criadas por meio de chamada específica para tal finalidade. “Estas ações, conforme a resolução do Consu, são as únicas atividades de extensão com autorização para realização de atividades presenciais, desde que atendidos os protocolos de biossegurança da UFJF. Também foram organizados 102 eventos, sendo 62 realizados pelo campus sede e outros 40 pelo campus avançado. O público total informado foi de 30.366 pessoas”, aponta a pró-reitora.

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