Está no ar a décima terceira nota técnica elaborada pelo grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A equipe apresenta análises sobre a pandemia de coronavírus, baseadas em dados acerca de internações, óbitos e casos (tanto suspeitos quanto confirmados) em Juiz de Fora e região. “Essa edição abarca diferentes fontes de informação – alguns dados são referentes até o fim de outubro, enquanto a ocupação de leitos proveniente do painel da PJF contempla até 17 de novembro. Isso permitiu fazermos o comparativo entre esses períodos, uma vez que, nos últimos dias, várias fontes perceberam, objetivamente, o aumento do número de casos”,  explica a pesquisadora Isabel Leite, uma das autoras da nota.

Aumento de 204% da média móvel de casos
No dia 14 de novembro, a média móvel de novos casos de coronavírus em Juiz de Fora – ou seja, a média referente aos casos registrados nos últimos 7 dias – foi 85, representando um aumento de 204% em relação ao registro de duas semanas antes, em 31 de outubro. “Nós temos uma grande preocupação de que, daqui a algumas semanas, esses dados sejam refletidos em um aumento do número de vidas perdidas”, alerta a pesquisadora Isabel Leite.

Ocupação de leitos em UTIs e em enfermarias cresceram 59,8% e 120%, respectivamente

Há um mês, no dia 18 de outubro, Juiz de Fora contabilizava 6.647 casos confirmados de coronavírus e 248 óbitos, segundo dados disponibilizados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Já em 14 de novembro, ao final da 46ª semana epidemiológica, os números alcançaram 7.988 casos e 275 vidas perdidas, representando aumentos de 20,2% de diagnósticos de coronavírus e 10,9% de mortes causadas pela Covid-19.

O salto percentual é ainda mais significativo quando comparado aos dados referentes à semana epidemiológica anterior, que abarca o período entre 1º e 7 de novembro: quando contraposto aos registros desses dias, os dados obtidos entre 8 e 14 de novembro mostram, de uma semana para outra, um crescimento de 130,5% de casos confirmados e um aumento de 20% de óbitos.

Casos confirmados e vidas perdidas para a Covid-19 em Juiz de Fora por semana epidemiológica (Fonte: JF Salvando Todos e PJF)

Crescimento de internação e ocupação de leitos preocupa pesquisadores
De acordo com os dados analisados pelos autores da nota técnica, a partir do início de novembro aconteceu um aumento expressivo de número de leitos ocupados por pacientes com Covid-19. No dia 17 de novembro, a média móvel de internações em UTIs é de 79,4 – representando um aumento de 59,8% em relação aos 15 dias anteriores. Já o crescimento da ocupação de leitos de enfermaria chega ao dobro disso: a média móvel do mesmo período é de 143,4, constatando um aumento de 120% em relação ao início do mês.

“Simplesmente parece estamos vivendo um segundo pico que convive, ao mesmo tempo, com essa primeira onda da qual não havíamos nem saído”

“Pode-se notar, ao longo da série histórica, que não houve um aumento tão expressivo em tão pouco tempo”, destacam os autores da nota. A pesquisadora Isabel Leite reforça: “Reforçamos para todos: caso possa ficar em casa, fique. Não podendo, use máscaras de forma correta e pratique o distanciamento. Estas práticas têm sido claramente abandonadas por parte da população. Todos nós estamos desejosos para voltar a frequentar espaços e encontrar pessoas da forma que fazíamos antes. Mas estamos vivendo, e não só em Juiz de Fora, o que alguns pesquisadores apontam como possivelmente a segunda onda da Covid-19 no Brasil. A questão é que, em nosso país, nós nunca abandonamos a primeira onda: mantivemos uma certa estabilidade, mas sempre com números altos de internações e óbitos. Simplesmente parece estamos vivendo um segundo pico que convive, ao mesmo tempo, com essa primeira onda da qual não havíamos nem saído.”

Taxa de letalidade maior do que as observadas em Minas Gerais e Brasil
No dia 14 de novembro, a taxa de letalidade da Covid-19 em Juiz de Fora era de 3,44%. Embora represente uma redução em relação às semanas epidemiológicas anteriores,  o percentual continua maior do que o constatado, no mesmo período, em Minas Gerais (2,49%) e no Brasil (2,83%).

A pesquisadora Isabel Leite também ressalta o Número de Reprodução Efetivo (Rt) observado em Juiz de Fora. Trata-se de uma estatística que indica o número, em média, de casos secundários contaminados por um indivíduo com Covid-19. Em Juiz de Fora, no dia 14 de novembro, o Rt era de 1,51. “Isso significa que, a cada 100 pessoas doentes, podem ser contaminadas mais 151 novas pessoas pelo coronavírus.” De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das condições para que a pandemia esteja sob controle é de que os valores do Rt sejam menores que 1 persistentemente por pelo menos duas semanas, o que ainda não foi observado na cidade.

Séries de leitos de UTIs ocupados em Juiz de Fora. A linha vermelha representa a média móvel de 7 dias.

Séries de leitos de enfermarias ocupados em Juiz de Fora. A linha vermelha representa a média móvel de 7 dias.

Outras informações:
13ª nota técnica
Plataforma JF Salvando Todos