O Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza nesta terça-feira, dia 27, às 17h30, a roda de conversa “Memórias, silenciamentos e invisibilidades: a reparação como política de outridade”. A atividade acontece no canal do Labhoi no YouTube e integra o ciclo de debates “Juiz de Fora: Cidade Negra – reflexões sobre silêncio, racismo e história”.
“O tema da roda de conversa sintetiza as propostas do Labhoi com a criação do Centro de Referência Virtual. O objetivo é realmente questionar a história oficial, a história tradicional, que é hegemonicamente branca, europeia, que apaga, silencia, historicamente, a presença afro-brasileira e africana na cidade de Juiz de Fora. A intenção é romper esses silenciamentos, essas invisibilidades, e contribuir para uma reparação, com uma política de outridade propriamente dita”, explica a integrante do Labhoi e graduanda em História, Vanessa Lopes.
Além das coordenadoras do Labhoi, a professora titular do Departamento de História da UFJF, Hebe Mattos, e a doutoranda em História, Giovana Castro, o debate contará com seis convidados: as professoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mônica Lima, e da Rede Municipal de Juiz de Fora, Raquel Pereira Francisco; a historiadora do Arquivo Histórico de Juiz de Fora, Elione Guimarães; o mestrando em História pela UFJF e integrante da Frente Preta, Luan Pedretti; e as representantes da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Carine Muguet e Fernanda Amaral.
15° Prêmio Amigo do Patrimônio
O evento desta terça-feira, 27, também será comemorativo. É que um dos projetos do Labhoi, o “Centro de Referência Virtual Juiz de Fora, Cidade Negra”, foi agraciado com o 15º Prêmio Amigo do Patrimônio, concedido, pela Funalfa, às ações relevantes para o município. A definição dos projetos premiados foi realizada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural.
“Esse reconhecimento foi muito importante. É o reconhecimento de um trabalho que antecede a realização do ciclo de debates. Começamos a mapear as contribuições negras para Juiz de Fora em 2019. E a importância é realmente romper esses silenciamentos. Não se trata de uma disputa de narrativas, porque isso implicaria na exclusão de um determinado ponto de vista, mas de trazer novas subjetividades, sociabilidades que, historicamente, foram marginalizadas, perseguidas, fazer essa crítica a esse suposto universalismo e a essa preponderância histórica dos países europeus”, explica Vanessa Lopes.
“É fundamental o reconhecimento de que a história da comunidade negra não começou com a escravidão” – Vanessa Lopes
Lopes acrescenta a relevância do “Centro de Referência Virtual Juiz de Fora, Cidade Negra” para a cidade e região. “É algo para além da Universidade e que permitirá a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história africana e afro-brasileira. Esse acervo vai servir como material didático para professores nas escolas, para implementação efetiva dessa lei. É fundamental o reconhecimento de que a história da comunidade negra não começou com a escravidão”, conclui.
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