Foi publicada a nona nota técnica produzida pelo grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, composto por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O grupo tem como objetivo sistematizar e analisar dados de diversas fontes oficiais sobre a pandemia de Covid-19 no município de Juiz de Fora e na macrorregião Sudeste de Minas Gerais, fazendo comparações com dados semelhantes do estado de Minas Gerais e do Brasil. Nesta edição do documento, os autores analisam os dados de notificação de casos confirmados, internações e óbitos por Covid-19 até 22 de agosto.
Número de vidas perdidas aumenta
De acordo com a nota, a 34ª semana epidemiológica – 15 a 22 de agosto – apresentou o maior número de vidas perdidas para a doença e o 7º maior número de casos desde o início da pandemia. Até 22 de agosto, Juiz de Fora apresentou 4486 casos confirmados e 150 vidas perdidas, representando aumentos de 35,7% e 44,2%, respectivamente, no período de quatro semanas. “Quando analisamos as três últimas semanas aqui em Juiz de Fora, nossa cidade não alcança o que é preconizado em termos de número de casos e de óbitos para que se considere a epidemia sob controle”, aponta Isabel Leite, uma das autoras do documento.
O grupo também percebeu um crescimento da taxa de letalidade ao longo das últimas quatro semanas epidemiológicas em Juiz de Fora, sendo que no dia 22, a taxa de letalidade de Covid-19 era de 3,34%, em comparação com 3,15% no dia 25 de julho. Isabel destaca que, que da mesma forma que a letalidade, o número de internações também aumentou. “Tivemos um aumento nas internações do setor público nas quatro últimas semanas. Em mais de 90% dos casos, a maioria das internações acontece na própria microrregião onde mora o paciente. As exceções são as microrregiões de Lima Duarte e de São João Nepomuceno/Bicas, cujos pacientes tendem a vir se internar aqui em Juiz de Fora.”
Taxa de crescimento desacelera, mas curva continua elevada
Os números de casos e vidas perdidas ao longo das três últimas semanas epidemiológicas confirma que Juiz de Fora ainda não atende aos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que se possa considerar a pandemia sob controle no município. No período compreendido entre a 31ª e 34ª semanas epidemiológicas, o maior espaço de tempo com o Número de Reprodução Efetivo (Rt) menor que 1 em Juiz de Fora durou 8 dias (entre os dias 13 a 20 de agosto), não atingindo o mínimo de 2 semanas, apontado pela OMS como um dos critérios para considerar a epidemia controlada. Em 22 de agosto o número era de 1,04. Essa medida indica o número de casos secundários produzidos, em média, por um indivíduo infectado, ou seja, quantas pessoas uma única pessoa contagia.
A macrorregião de saúde Sudeste, no período mais recente, teve taxa de crescimento de casos menor que o Brasil e Minas Gerais. Todos os três tiveram uma desaceleração no crescimento comparado ao mês passado. Porém, Isabel alerta que, apesar da desaceleração, “ainda é uma redução que acontece em um platô muito elevado.”
A evolução dos casos confirmados e dos óbitos causados pelo novo coronavírus pode ser acompanhada em gráficos disponibilizados na plataforma virtual JF Salvando Todos.