Em Juiz de Fora, a partir do dia 16 de junho, dia recorde de número de casos novos até essa data, a taxa de crescimento sofreu aumento de aproximadamente 3 vezes (225%) na sua velocidade. O isolamento social continua em tendência de queda, chegando a uma média de menos de 50% na última semana.
O grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publica quinta nota técnica a respeito da disseminação e controle do vírus na cidade em Juiz de Fora. Por meio da sistematização dados de diversas fontes oficiais sobre a pandemia no município de Juiz de Fora e na macrorregião Sudeste de Minas Gerais, o grupo analisa e compara dados semelhantes do estado de Minas Gerais e do Brasil até o dia 20 de junho. O objetivo maior é auxiliar nos planos de contingenciamento de leitos, profissionais e equipamentos de saúde no decorrer do crescimento da infecção.
Tendência de crescimento continua
Segundo informações reunidas no estudo, todas as microrregiões que constituem a macrorregião sudeste (veja o mapa), ainda apresentam crescimento de contaminação por coronavírus. “O destaque maior é o crescimento de óbitos em Muriaé, o que chamou bastante atenção nessa análise. Algumas regiões, com relação aos casos acumulados, têm comportamentos de crescimento acima do que foi visto para Minas Gerais e Brasil, isso inclui Muriaé, Leopoldina, Cataguases e Ubá”, destaca Isabel Leite, uma das autoras do documento. Da mesma forma, a letalidade em Juiz de Fora e na macrorregião sudeste como um todo também foi superior à registrada em 20 de junho para Minas Gerais.
“A evolução de novos casos é crescente, o destaque maior é o crescimento de óbitos em Muriaé“, reforça Isabel.
O número reprodutivo efetivo, ou seja, quantos casos derivam de um contaminado – está acima de 1 em cinco microrregiões. “Isso significa que a evolução dos novos casos é crescente. Uma pessoa contaminada é capaz de contaminar mais de uma pessoa no fluxo do tempo”, explica Isabel. Mesmo diante deste cenário, o isolamento social continua em queda, na última semana, era menor que 50% em Juiz de Fora. Mais de 70% dos casos se concentram entre indivíduos de 20 a 59 anos de idade, mas mais de 80% dos óbitos se concentram entre os acima de 60 anos.
Curvas de ocupação de leitos e previsões
Como a epidemia mostrou sinais de avanço, o grupo destaca a importância do monitoramento e de tentativas de previsões sobre ocupações de leitos de enfermaria e UTI na rede de saúde da cidade. De acordo com a nota, a previsão de ocupação de leitos é de aumento, podendo chegar em um pior cenário de 119 leitos de enfermaria e 86 de UTI ocupados no dia 4 de julho. Os dados foram obtidos no painel da prefeitura de Juiz de Fora que apresenta de forma detalhada esta ocupação.
“As internações por Síndrome Respiratória Aguda (SRA), tiveram um pico no dia 19 de junho em todas as regiões urbanas de Juiz de Fora. Há a previsão, obviamente de maior ocupação de leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI ao longo do tempo”, esclarece Isabel. Os dados de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram fornecidos pela Secretaria de Saúde de Juiz de Fora. Foram analisadas 698 internações ocorridas no município entre 26 de fevereiro e 19 de junho, a maioria residente nas Regiões Urbanas de Juiz de Fora. Houve predomínio do sexo masculino (51%) e idade média de 58 anos.
Os documentos são publicados na plataforma JF Salvando Todos, que apresenta gráficos e estatísticas referentes sobre a Covid-19 referentes não apenas à cidade, mas a todas as regiões do Brasil.
Leia a nota na íntegra revisada em 25 de junho