Médicos e profissionais de saúde estão na linha de frente no combate à pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. A realidade ressalta a importância do trabalho desses profissionais e, de maneira especial, do médico intensivista, que atua no atendimento de urgência e emergência das unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O Hospital Universitário (HU/Ebserh) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – que tem atuado diretamente no combate à pandemia – conta, atualmente, com 17 leitos de UTI, sendo oito preparados para receber pacientes com Covid-19.
“Os médicos intensivistas têm um papel muito importante no cuidado dos pacientes com Covid, que necessitam de internação na UTI. São pacientes com quadros muito graves e a experiência da equipe assistencial é de extrema importância e ponto chave para o sucesso do tratamento e êxito na recuperação do doente”, destaca o superintendente do HU, Dimas Araújo.
O médico intensivista passa por um treinamento longo e rigoroso, com o intuito de capacitá-lo para lidar com o paciente em estado grave, atuando desde a avaliação adequada do estado do enfermo até a identificação precoce e o tratamento agressivo – atitudes que devem ser tomadas rapidamente para o enfrentamento do quadro, como aplicação de medicamento ou intubação. “Com esta pandemia, verificou-se uma deficiência de profissionais capacitados e com experiência em UTI. Estamos avaliando a possibilidade de o HU submeter à Comissão Nacional de Residência Médica o credenciamento de um Programa de Residência para médicos intensivistas”, acrescenta o superintendente.
Segundo o professor de Pneumologia da Faculdade de Medicina (Famed) da UFJF e chefe da Unidade de Cuidados Intensivos do HU, Bruno Pinheiro, nas formas graves da Covid-19, os pacientes podem desenvolver insuficiência respiratória, passando a necessitar de ventilação mecânica. Outras complicações comuns incluem falência renal – com necessidade de diálise – falência circulatória e eventos isquêmicos. As variáveis são potencialmente graves e exigem monitorização e cuidados intensivos, com o potencial de serem fatais. “Isso traz uma complexidade muito grande no cuidado aos pacientes, com necessidade de atenção 24 horas por dia, o que exige equipe treinada e comprometida. Nessa equipe, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem são fundamentais”.
Área nova
No Brasil, embora extremamente necessária, a Terapia Intensiva é considerada uma área relativamente nova na Medicina – o que faz com que o país possua um número de médicos intensivistas considerado insuficiente, mesmo em um contexto em que não haja pandemia. “Nos últimos anos, vimos um movimento saudável do ensino médico para a atenção primária, que é outra carência importante. Tem ficado claro, nesta pandemia, que algo semelhante terá que ocorrer na formação do médico para o cuidado de pacientes graves e complexos”, assegura Pinheiro.
A opinião é compartilhada pelo superintendente do HU. “Neste momento e para o futuro próximo, o grande desafio para as equipes de saúde é encontrar uma nova maneira de continuar prestando assistência aos usuários do SUS, mas que garanta aos pacientes e profissionais uma forma equilibrada e segura nos atendimentos. E que, em breve, surja uma vacina que esteja disponível e acessível a todos”, finaliza Araújo.