Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional (PGMC) da UFJF realizaram estudo sobre a trajetória de gotículas de espirro em ambientes externos. A ideia da pesquisa surgiu da observação de pessoas praticando exercícios físicos nas ruas da cidade, uma vez que os espaços destinados a esses tipo de prática, como academias, estão fechados durante o período de isolamento social.

Imagem mostra a projeção para uma pessoa parada.

Neste estudo, foi avaliada a projeção de partículas pelo espirro humano, uma vez que produzem maior espalhamento que outros fenômenos, como a tosse, respiração e fala. O doutorando, Nícolas Lima e a pesquisadora, Patrícia Hallak, do PGMC, explicam que foram realizadas simulações computacionais em dinâmica dos fluidos, por meio de um programa com acesso livre no ambiente acadêmico. “Foram consideradas três situações possíveis: estática (pessoa parada em pé), caminhada e corrida. A partir disso, avaliou-se a distância percorrida por gotículas de saliva em cada uma dessas condições, observando o espaço que elas alcançam”, relata Patrícia.

Imagem mostra a projeção para uma pessoa caminhando.

Os resultados mostram que na situação sem movimento, as partículas foram espalhadas por até quatro metros a frente do indivíduo. Nos casos de caminhada e corrida, as gotículas também se espalham na região de esteira, ou seja, no espaço compreendido atrás do indivíduo. Considerando velocidades de 4,32 e 14,4 km/h, respectivamente, os cálculos mostram espalhamentos de 5 e 10 metros de distância nesta região em cada situação.

Imagem mostra a projeção para uma pessoa correndo.

“O espalhamento se dá por três fatores: o arrasto, a flutuabilidade e a dispersão das partículas. Quanto maior a velocidade, maior o arrasto. Neste caso, mais partículas vão se distanciar da origem”, explica Nicolas.

Assim, corroborando com a determinação da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços públicos publicada pela Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, o estudo reforça a importância do distanciamento e do uso de equipamento de proteção tanto por quem realiza os exercícios, quanto quem apenas precisa sair de casa para atividades essenciais. “Devido aos comportamentos observados, precisamos entender que indivíduos que estejam em altura abaixo da fonte de partículas (boca e nariz) estarão mais propensas a região da esteira do objeto analisado. Isto é especialmente importante para o caso de crianças e animais domésticos, que normalmente ficam abaixo dessa altura. De qualquer forma, é mais seguro manter uma distância superior às calculadas”, conclui o pesquisador.

Confira o estudo completo.