Em meio a becas, a capelos e a faixas coloridas, 623 estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) entraram pelos corredores de um dos espaços mais nobres da cidade, o Cine Theatro Central, para receberem os diplomas e se tornarem oficialmente bacharéis e/ou licenciados em 41 cursos. O primeiro dia do evento, realizado na última quarta-feira, 18, foi marcado por aplausos, discursos de resistência, companheirismo, cumplicidade e muitas emoções.
A solenidade se dividiu em três cerimônias realizadas às 17h, 19h e 21h e contaram com a apresentação cultural da Orquestra Sinfônica Pró-Música. Além disso, todos os discursos de oradores reforçaram a importância da defesa das universidades públicas e da necessidade do respeito e da inclusão das mais diversas pluralidades e diferenças.
Nesta quinta-feira, 19, a Colação de Grau Unificada continua com os demais cursos da instituição e fecha a programação entregando para a sociedade 1.096 novos profissionais qualificados e com a excelência da formação acadêmica em uma Instituição pública, gratuita e de qualidade.
“Encontrar na universidade um abraço, faz toda a diferença”
Vestindo a faixa azul que representa o bacharelado em Ciências Sociais, a estudante Tayene Caroline Dias precisou percorrer aproximadamente 473 quilômetros, o equivalente a mais de sete horas de viagem, para deixar a cidade natal, Divinolândia, no estado de São Paulo, para vir estudar na UFJF. A recém-bacharela aponta o quanto é importante a Universidade dar abertura para as mais diversas vozes e pluralidades. “Primeiramente porque é uma instituição pública; segundo, pois é a possibilidade de autonomia de muitos jovens que não têm, por inúmeros motivos, a chance de serem eles mesmos em suas cidades natais ou em suas casas. Quando você vem de uma trajetória em que você pertence a um grupo em que a sociedade, de forma geral, te maltrata, encontrar na universidade um abraço, faz toda a diferença.” Além disso, comenta quais são os planos para o futuro. “Pretendo continuar na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. A luta não pode parar até que tenhamos todos nós o direito de sermos quem somos e como somos.”
Traçando a caminhada ao lado de Tayene, a namorada Cyntia Fernandes é professora de Artes e acompanhou bem de perto a trajetória da companheira. Juntas há cinco anos, Cyntia celebra o momento da colação de grau. “Estou muito feliz e se eu tivesse que escolher uma palavra seria orgulho, não apenas pela formatura, mas por toda trajetória dela na Universidade. Orgulho por ela ser essa mulher de luta e justa. Tenho certeza que ela continuará a dar passos importantes.”
Um sonho não tão distante
Aos 36 anos, Bárbara Betânia dos Santos exibe com orgulho a faixa lilás do curso de Pedagogia. Expressa a alegria da graduação em uma universidade pública e conta que foi um sonho realizado, mesmo que ele parecesse tão distante. Além disso, explica que ingressou na UFJF pelo sistema de cotas e o quanto o recurso ajuda a diminuir as desigualdades. “Foi uma surpresa ser aprovada, mas, hoje, eu não consigo me ver longe da profissão que escolhi. Era um sonho distante, principalmente, por se tratar de uma universidade pública e quando fui aprovada foi muito especial. Fui bolsista, participei de muitos projetos, o curso me abriu muitos horizontes, foi uma experiência que me transformou. Entrei pelo sistema de cotas e sou muito grata à oportunidade, pois a gente sabe que há defasagem no ensino público e as cotas nos ajudam a diminuir algumas diferenças.”
Sorridente estava o esposo, Anderson de Oliveira, ao ver Bárbara realizando o sonho de conquistar o diploma na UFJF. Juntos há seis anos, o professor de educação física expressa toda a alegria de presenciar o momento. “Para mim foi um grande orgulho, pois ela começou a estudar na faculdade quando começamos a namorar. Ela estudou, fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ingressou na Universidade pública que possui um ensino diferenciado. É um grande orgulho ver ela formando na Universidade Federal de Juiz de Fora.”
Enriquecimento pessoal
Em busca de poder ensinar e se comunicar melhor, a professora de Biologia, Fernanda Alves de Souza, estava entre os estudantes que concluem a segunda turma de Letras-Libras. A graduanda aponta o quanto é bom poder se formar e fala sobre todas as oportunidades que foram oferecidas na graduação. “Eu vou sentir falta do ambiente, do contato com as pessoas e com os professores, e do aprendizado diário. Eu acredito que tudo na vida tem um ganho, então o fato de conviver com pessoas diferentes, de idades diversas, de cursos e culturas variadas me enriqueceu muito.” Também conta como o curso terá aplicação em sua carreira. “Eu já trabalho na área de educação, dou aula de biologia, e sempre tive alunos surdos. O curso veio como uma oportunidade de atendê-los melhor.”
Conexão Itália x Brasil
Nascida em Roma, Carolina Lorenzeto Terra, morou muitos anos em Monterodonto, mas desde 2007 vive no Brasil com a família. Ela comenta que os pais são brasileiros e sempre acreditaram na Educação de qualidade oferecida nas universidades públicas do país. Além disso, explica o motivo de ter escolhido o curso de Turismo e afirma ser uma das primeiras na família a ter a oportunidade de estar em uma instituição pública. “Tenho planos de voltar para Roma, apesar de gostar muito do Brasil. Juiz de Fora tem muito o que melhorar na área de Turismo e isso me motiva a ir para o exterior”. Ressalta também sobre a qualidade da formação acadêmica. “Foi muito boa, pois eu tive um ensino de bacharelado interdisciplinar antes e essa interdisciplinaridade é um avanço e diferencial na educação brasileira.”
Projeto de nação
O momento de colação de grau representa um dia importante para a UFJF, pois é a forma concreta de mostrar o trabalho de excelência realizado pela instituição, avaliado positivamente nos mais diversos rankings, a níveis nacionais e internacionais. O reitor, Marcus David, explicou o quanto as 67 universidades federais são transformadoras e o que representam para toda a sociedade brasileira. “Espalhadas em mais de 300 campi, possuem mais de 1 milhão e 200 mil estudantes, sendo que 70% deles têm a renda per capita inferior a 1,5 salários mínimos. Isso mostra a profunda mudança social na vida de pessoas que antes não tinham condições de ocuparem esses espaços.”
Além disso, David ressaltou que 95% da produção científica é feita nas universidades públicas, o que coloca o Brasil entre as 12 principais nações de produção acadêmica no mundo. Falou sobre os projetos e programas de extensão que transformam os espaços onde estão inseridos, da disseminação artística e cultural, e da forma como as ciências e tecnologias desenvolvidas nessas instituições inserem o país no mercado global. “Por esses motivos, as universidades públicas são um dos principais patrimônios da nação e, através delas, fazemos transformações em nosso país. Por todos esses motivos, nós temos a obrigação de defendê-la. Defender as universidades federais é a defesa de um projeto de nação que nos orgulhe.”
Para os formandos, o reitor deixou um último recado. “Em primeiro lugar a UFJF teve muito orgulho de participar da formação de vocês. A mensagem que deixo é que a vida é mais que a dimensão profissional. É preciso viver amores, amizades, felicidades e realizações. Caso queiram voltar, estamos de portas abertas. No mais, desejo a todos boa sorte!”.
Colação de Grau – 18 de dezembro
Confira o álbum da solenidade das 17h
Confira o álbum da solenidade das 19h
Confira o álbum da solenidade das 21h
Colação de Grau – 19 de dezembro
Confira o álbum da solenidade das 17h (em construção)
Confira o álbum da solenidade das 19h (em construção)
Pedido de casamento na cerimônia das 19h (em construção)
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