A atividade foi promovida pelo Diretório Acadêmico de Administração. (Foto: Pedro Hiago)

A vida na universidade é sinônimo de transição, mudanças e adaptação para uma infinidade de adolescentes e jovens. Mas uma parte deles não consegue lidar com as dificuldades e desafios da nova rotina. Estima-se que entre 15% e 25% dos universitários apresentarão algum tipo de transtorno psicológico ao longo de sua formação. De olho nessa realidade e no clima do Setembro Amarelo, o Diretório Acadêmico de Administração (Daad) do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) promoveu, na última quarta-feira, 25, uma atividade para alertar os estudantes de graduação sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.

Psicólogo do setor de Apoio Estudantil da UFJF-GV, Lucas Nápoli foi quem ministrou a palestra, que foi seguida de um bate papo com os alunos. Ele explicou que vários fatores podem tornar o ambiente universitário mais propício à ocorrência de processos de adoecimento psicológico.

“Pelo fato do momento em que o aluno está na universidade ser um momento de transição, que acarreta muitas mudanças na vida dele. Muitos alunos aqui do nosso campus, por exemplo, são de outras cidades, então tem a questão do afastamento da família. Além disso, outros fatores que são próprios do ambiente universitário, como a exigência em relação ao desempenho acadêmico: as notas, o excesso de tarefas, de avaliações, trabalhos, de conteúdos para estudar. Todos esses elementos, que fazem parte da universidade, podem acabar funcionando como fatores de risco ou estressores para um grande número de alunos”, afirmou Nápoli.

O psicólogo do Apoio Estudantil Lucas Nápoli falou sobre como alguns aspectos da vida acadêmica podem favorecer o adoecimento mental.(Foto: Pedro Hiago)

O psicólogo também chama a atenção para uma série de mitos sobre o ambiente universitário, como o elevado grau de exigência sobre os alunos que, segundo Nápoli, é “algo natural, valorizado, até idealizado, e isso pode favorecer a ocorrência de transtornos psicológicos”. Por isso, na opinião dele, é importante buscar formas de “tornar a universidade um ambiente mais acolhedor, em que as pessoas tenham uma experiência acadêmica com qualidade de vida”. E finaliza afirmando que “isso não significa tornar o percurso universitário uma coisa fácil, sem desafios, que qualquer pessoa é capaz de enfrentar. Se trata de criar um ambiente mais favorável para bons sentimentos, saúde mental e qualidade de vida”.

Saúde mental e suicídio
As atividades relacionadas ao Setembro Amarelo continuam nesta quinta-feira, 26, na UFJF-GV. O Coletivo LGBTQ+ e a Associação Atlética União, Igualdade e Força promovem uma série de palestras, que além da saúde mental dos estudantes, vão abordar o fenômeno do suicídio e a sua incidência em Governador Valadares; as redes de apoio e as principais ferramentas da clínica psicológica. 
O evento acontece no auditório da Unipac, das 18h30 às 21h30. As inscrições podem ser realizadas no próprio local.

A professora do Departamento de Medicina da UFJF-GV e coordenadora do projeto defende a importância de discutir o suicídio no ambiente acadêmico. “Ainda existe uma cultura de negligência em relação a esse sofrimento, os transtornos mentais são tratados como fraqueza, ou situações passageiras. Ao promover a discussão, procuramos estimular que as pessoas entendam a necessidade de procurar ajuda e indicar que outras pessoas façam isso”, afirmou Gabriela Parenti.