Na montagem, vários momentos importantes do Centro de Biologia da Reprodução (CBR) (Foto: Alexandre Dornelas)

O Centro de Biologia da Reprodução (CBR) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está celebrando 50 anos. Desde 10 de julho, várias atividades comemoram o cinquentenário do Centro, idealizado pelo professor Amaury Teixeira Leite Andrade no final da década de 1960, e instalado no campus-base da UFJF com o objetivo de realizar pesquisas na área da Biologia da Reprodução, divulgá-las e, também, promover atividades de extensão.

“Dr. Amaury Leite Andrade, através de um projeto de pesquisa, deveria montar um laboratório com núcleo de pesquisa em Biologia da Reprodução. Naquela época, o então reitor, Gilson Salomão, o encorajou a criar o Centro dentro da Universidade, ao invés de fazê-lo dentro das instalações da Maternidade Therezinha de Jesus. Desde então, através de projetos de pesquisa custeados por diferentes órgãos de fomento, como a Fundação Ford, Taylor’s Foundation, WHO, Finep, CNPq e, nos últimos anos, pela Fapemig, o CBR veio ampliando e adequando suas instalações físicas e seu quadro de pesquisadores”, conta a diretora do Centro, Vera Maria Peters.

Pesquisa experimental em diferentes áreas da saúde

Na primeira fase da existência do Centro, as pesquisas envolveram a avaliação de efeito tóxico de fármacos sobre o blastocisto de coelhos e camundongos, por meio de estudos “in vitro”; toxicidade sobre a embriogênese de ratos, além de estudos clínicos iniciais para avaliação da eficácia e dos efeitos colaterais de dispositivos intra-uterinos e contraceptivos orais. Naquele tempo, o Centro passou a fazer parte dos Centros Colaboradores de Controle de Qualidade de Laboratórios de Radioimunoensaio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na década de 80, o CBR integrou um Grupo de Pesquisa de estudos sobre Plantas Medicinais. Conforme ilustra Vera, o objetivo do projeto foi avaliar o potencial farmacológico relacionado às atividades contraceptivas e abortivas de plantas utilizadas pela população indígena, com essa finalidade. “Os trabalhos de pesquisa do Grupo foram financiados pela Finep. Ainda nesse período, outros programas de pesquisa desenvolvidos com o mesmo objetivo receberam suporte financeiro do CNPq, da Fapemig, da OMS e de laboratórios farmacêuticos diversos”.

Já na década de 1990, a OMS, reconhecendo a importância dos testes pré-clínicos desenvolvidos pelo Centro com a utilização do modelo animal (roedores, primatas e lagomorfos), investiu na recuperação física do Biotério do CBR, de maneira a ampliá-lo, garantindo o atendimento a uma maior demanda.

Amaury Leite Andrade, idealizador do CBR (Foto reproduzida por Alexandre Dornelas)

De acordo com Vera, com o novo milênio, o CBR iniciou novas parcerias e começou a desenvolver estruturas de Rede de Cooperação, acompanhando a nova filosofia das agências financiadoras, para otimização de recursos financeiros e humanos. “Entre 2000 e 2002, o Centro prosseguiu seus trabalhos com a avaliação da eficácia e da eficiência dos dispositivos intra-uterinos, tendo sido credenciado junto ao Ministério da Saúde e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária para participar de estudos multicêntricos.”

Em 2000, a parceria do Centro com a empresa Quiral do Brasil e o Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisa em Nefrologia resultou na obtenção de equipamentos destinados à análise de DNA e de substâncias imunossupressoras; o material foi financiado pela Fapemig.

No ano seguinte, o projeto CT-INFRA 1 da Finep teve a parceria do CBR, do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICE) e da Faculdade de Farmácia e Bioquímica. Na ocasião, coube ao CBR a execução e análise dos Testes Biológicos Pré-clínicos feitos “in-vitro”, com a utilização de diferentes espécies de roedores e uma espécie de lagomorfo. “A participação no projeto permitiu complementar e adequar os laboratórios, de modo a atender tanto as modificações quanto a legislação de criação, manutenção e utilização dos animais de laboratório, feitas pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal, quanto aquelas do Ministério da Saúde para atendimento aos Testes Pré-clínicos”, argumenta a diretora.

Rede Mineira de Bioterismo 

Desde 2002, o Centro de Biologia da Reprodução participa, como coordenador geral, da Rede Mineira de Bioterismo e da Rede Toxifar – ambas fomentadas pela Fapemig. Vera acrescenta que, hoje, o CBR atua na produção de modelo animal (roedores e saguis), contribuindo para o desenvolvimento científico da Universidade e de outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil. “Nossos laboratórios possibilitam a pesquisa experimental em diferentes áreas das ciências da saúde, atuando na formação de recursos humanos.” 

Em função das características de sua atuação e do seu potencial para produção do modelo animal, o CBR compõe, desde o final da década de 90, a estrutura da Rede Mineira de Bioterismo (RMBioterismo), chancelada pela Fapemig, da qual foi criador, junto a outras instituições científicas do Estado. Além disso, em 2018 foi selecionado para integrar a Rede Nacional de Biotérios de Produção de Animais para Fins Científicos, Didáticos e Tecnológicos (Rebiotério).

Atuais instalações do Centro de Biologia da Reprodução (Foto: Alexandre Dornelas)

Programação especial

As comemorações do cinquentenário do CBR tiveram início no dia 10 de julho, quando o Centro recebeu a visita do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rovilson Gilioli. Especialista na área de Microbiologia Aplicada, o pesquisador ministrou a palestra “Microbiota intestinal: influência na saúde e doença”, que contou com participação de pesquisadores, técnicos e alunos de graduação e pós-graduação.

Dando prosseguimento aos eventos de celebração do aniversário, nos dias 7, 8 e 9 de agosto ocorre o Fórum Comemorativo 50 anos CBR e 20 anos RMBioterismo. O evento, que ocorrerá no anfiteatro de Estudos Sociais (ao lado da cantina da Faculdade de Direito) e na sede do CBR (próximo ao trevo que dá acesso ao Instituto de Ciências Biológicas), reúne workshops, palestras e mesas-redondas, sempre com temáticas voltadas à nova visão da ciência de animais de laboratório. 

De acordo com Vera Peters, a iniciativa visa “integrar e aprofundar o diálogo entre os diferentes atores do processo de ensino e pesquisa que envolve o modelo animal, discutindo os cuidados e a utilização de animais em atividades científicas”.

As inscrições para as atividades dos dias 7 e 8 são gratuitas e devem ser feitas on-line, por meio deste formulário eletrônico. Para participar das oficinas do dia 9, que são pagas, é obrigatória a presença nas atividades dos dois dias anteriores, conforme consta no formulário. O valor e a forma de pagamento serão informados, por e-mail, pela equipe do CBR.

Confira a programação completa do Fórum Comemorativo 50 anos CBR e 20 anos RMBioterismo

Outras informações: (32) 2102-3255 (Centro de Biologia da Reprodução)