A comissão interinstitucional que está coordenando os trabalhos de segurança, monitoramento, captura e translocação de uma onça-pintada, em Juiz de Fora, foi notificada sobre a presença do animal às margens do Rio Paraibuna, próximo ao Parque de Exposições, na Zona Norte, nesta terça, 7.
Conforme a Polícia Militar de Meio Ambiente, integrante do comitê, o cabo Rafael Moraes, da 4ª Companhia Independente de Policiamento Especializado da Polícia Militar, viu o animal por volta das 2h30 e acionou a sala de operações da PM. O horário e a localização são próximos aos de dois vídeos, registrados por um morador local, às 3h, mostrando a onça nas ruas Henrique Simões e Salvador Nota Roberto, no Bairro Industrial. Mais tarde, às 5h, armadilhas fotográficas flagraram o animal passando pelo Jardim Botânico da UFJF.
A equipe de monitoramento da comissão já havia demonstrado que o felino tem circulado, na Mata do Krambeck, e pode percorrer áreas mais extensas, como foi verificado anteriormente em vídeo gravado em frente a um hotel, na Avenida Brasil, próximo à Rodoviária, no último dia 26. O animal também foi fotografado, no estacionamento da Igreja Batista Resplandecente Estrela da Manhã, no dia 1º de maio, localizada na borda da Mata.
O felino tem se comportado de modo audaz, curioso e exploratório, indicando habituação arriscada à presença e ao ambiente humanos. O comitê reforça a necessidade de a população seguir as recomendações de segurança, como evitar atividades ao longo do Rio Paraibuna, na área coberta pela Mata, como também em imediações da área florestal, entre 17h e 6h. Veja abaixo todas as orientações em caso de avistar o animal ou se deparar com ele.
Captura
Todos os esforços estão sendo empenhados para capturar o felino e enviá-lo para uma área florestal, de vida livre, ampla e mais segura. As atividades ininterruptas da equipe, capacitada e experiente, estão concentradas, no Jardim, considerado pelos especialistas como o local mais apropriado para os trabalhos. O espaço é utilizado com regularidade pelo animal, inclusive de horário. É também onde há mais probabilidade de o felino ser alcançado de forma segura tanto para o próprio animal, quanto para a população e a equipe.
Esclarece-se, no entanto, que a captura de uma onça-pintada é tarefa complexa. Estratégias são avaliadas e implementadas diariamente com base na movimentação do felino, que pode percorrer grandes áreas. “Usamos armadilhas de laço muito seguras, na passagem do animal, quando se conhece a frequência de movimentação dele, como aqui. Eventualmente vamos agregar a armadilha de caixa, de gaiola. Não podemos usar qualquer uma. Ela é feita sob encomenda, do tamanho do animal, com profundidade suficiente para, quando for disparado o gatilho [com sedativo e anestésico], ele estar totalmente na armadilha”, explicou o biólogo Rogério Cunha, coordenador substituto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio).
Orientações
Caso o animal seja avistado, a recomendação é avisar a Polícia Militar de Meio Ambiente, pelos telefones 190 e (32) 3228-9050, ou, em caso de confinamento do felino, o Corpo de Bombeiros pelo 193.
Evite atividades nas margens do Rio Paraibuna, na área da Mata do Krambeck e em imediações da floresta, entre 17h e 6h.
Conforme o Guia Prático de Convivência entre Predadores Silvestres e Animais Domésticos elaborado pelo Cenap/ICMBio, onças-pintadas normalmente têm medo do homem e tendem a evitar sua presença. No entanto, segundo o guia, é preciso evitar atividades que possam causar habituação do animal ao ser humano, ter precaução e seguir orientações de segurança.
Caso se depare com a onça
– Mantenha a calma.
– Levante o braço, sem movimentos bruscos, para se parecer maior.
– Nunca corra de uma onça, pois isso pode estimular seu instinto natural de caça.
– Afaste-se lentamente de frente; não dê as costas.
– Dê espaço para ela se afastar também, o que é uma tendência do animal.
– Se estiver com criança, pegue-a no colo, para evitar que ela saia correndo; ou leve-a para trás de você, protegendo-a.
– Não atire pedras ou outro objeto e nem corra, para não atiçar o instinto do animal.
– Sem tirar os olhos da onça, fale alto e firme, não grite;
O Guia Prático de Convivência está disponível em bit.ly/jdbotanico_guiaOnca.
Integram a comissão interinstitucional, com o assessoramento técnico do Cenap – órgão federal, referência em onças: UFJF, Prefeitura de Juiz de Fora, IEF, Ibama, Polícia Militar de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros e Campo de Instrução do Exército em Juiz de Fora.
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