Pesquisadores de várias instituições se uniram para buscar soluções computacionais que auxiliem os trabalhos de busca de desaparecidos e outras demandas relacionadas ao desastre em Brumadinho (MG). A iniciativa é coordenada pela professora do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Vânia Neves, e conta com uma rede com cerca de 50 cientistas e cerca de 200 desenvolvedores voluntários do país.
No início deste mês, Vânia entrou em contato com capitão do Corpo de Bombeiros e coordenador da equipe de drones do local, Kleber Silveira de Castro, oferecendo seus conhecimentos para ajudar nos trabalhos. Segundo a professora, a equipe no local reportou ao Ministério Público que há uma necessidade urgente de soluções que contribuam para a localização dos corpos das vítimas.
A partir deste retorno, os cientistas começaram a se reunir em rede, para trocar ideias e criar propostas de atuação de base tecnológica. Com isso, conseguiram desenvolver modelos computacionais que levam em consideração fatores da dinâmica do evento e coordenadas geográficas de onde os corpos estavam no momento do rompimento da barragem e o local onde foram encontrados.
São dados que chegam até os pesquisadores com certa dificuldade e nem sempre com tanta precisão, mas já está sendo possível fazer simulações da mancha de corpos na área. O Ministério Público de Minas Gerais, por meio do procurador Denilson Feitoza, tem intermediado o contato da rede com as equipes de trabalho no local.
Além dessa abordagem específica, outras soluções para as demandas de Brumadinho também estão sendo pensadas pelo grupo de desenvolvedores de softwares. Entre elas, o aplicativo Estou Vivo!, que busca identificar e listar, por meio do cruzamento de várias bases de dados, as possíveis vítimas que foram atingidas pela tragédia.
Segundo Vânia, os esforços ainda dependem de profissionais com experiência no gerenciamento de projetos, arquitetura de software e integração/entrega contínua para auxiliarem na organização das ações. Os interessados em contribuir com os projetos podem fazer contato por meio do Facebook ou do site SOS Brumadinho. Na UFJF, os Grupos de Educação Tutorial (GET) dos cursos de Ciência da Computação e de Sistemas de Informação já fazem parte da iniciativa.
Na UFJF
Vânia Neves se formou no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos. Lá fez parte do Laboratório de Engenharia de Software (Labes), onde desenvolveu seus projetos de mestrado em doutorado. Ingressou na UFJF em 2016 e, desde o ano passado, Vânia já vem tentando aproximar seus conhecimentos em computação das demandas da sociedade por meio do programa de extensão MinasDevTest. O programa oferece soluções tecnológicas como softwares e bases de dados voltados para comunidade.
“Muitas pessoas acreditam que a função da universidade é apenas dar aulas. Mas há muitas pesquisas tentando resolver problemas reais como este. Temos também alunos envolvidos em atividades práticas da rede que fornecem um grande aprendizado.” Nesse sentido, o projeto de Vânia consegue encaixar os três eixos da Universidade – ensino, pesquisa e extensão.
Outro ponto importante segundo a pesquisadora é a percepção de que os esforços em prol de Brumadinho demonstram a força da união de cientistas brasileiros e que, mesmo que todos os objetivos não sejam alcançados, inúmeras possibilidades de ações futuras conjuntas se tornam possíveis.
Outras informações: MinasDevTest