Psicóloga e especialista em Saúde Mental, Naiara Santos e Silva abordou o racismo epistemológico  presente no ambiente acadêmico (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Com o objetivo de ser um espaço de visibilidade e reconhecimento de autoras negras, teve início, nesta terça-feira, 27, o minicurso “Intelectuais Negras”, que integra a programação da Semana da Consciência Negra da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento, que vai até esta quinta, 29, acontece no Instituto de Ciências Humanas (ICH).

No primeiro dia, a psicóloga e especialista em Saúde Mental, Naiara Santos e Silva e a administradora e especialista em História da África, Denise do Nascimento Santos, discutiram as obras das intelectuais Audre Lorde, Bell Hooks, Patricia Hill Collins e Grada Kilombo. Na ocasião, Naiara ressaltou a falta de representatividade e questionou o que significa ser mulher e intelectual negra nos dias de hoje. Para ela, é necessário “dialogar e tentar refletir sobre como essa produção intelectual se aplica no dia-a-dia e na forma como mulheres negras se relacionam com as pessoas e com a sociedade”.

Ao refletir sobre intelectualidade negra, segundo Naiara, deve-se levar em conta o racismo epistemológico presente no ambiente acadêmico. “Na maioria das vezes a gente aprende a ver o mundo a partir de um olhar branco e masculino. Trazer outras visões para esse ambiente nos ajuda a enxergar de maneira mais plural”. A psicóloga fez um diálogo sobre as principais obras e conceitos desenvolvidos pelas autoras. O objetivo, de acordo com Naiara, é entender o que cada uma delas trabalha e apresentar suas produções para quem ainda não as conhece. “Temos muitos termos sendo utilizados hoje em dia, como o empoderamento e a interseccionalidade, que muitas pessoas acreditam ser novos. Mas são conceitos construídos por autoras negras há muito tempo”.

A proposta do minicurso é dialogar e construir um pensamento racial  interseccionado com gênero. Para Denise do Nascimento Santos, falar sobre a temática cumpre um papel social, que é colocar em protagonismo vozes muitas vezes silenciadas. “No minicurso são mulheres negras falando sobre si mesmas, falando sobre suas próprias construções de conhecimento e seus paradigmas epistemológicos. Com isso, nosso intuito é tirar algumas autoras do lugar de invisibilidade e, de uma certa forma, desestruturar como as teorias e bases curriculares foram construídas”.

Nas próximas aulas, serão apresentadas as obras de Beatriz Nascimento, Carla Akotirene, Chimamanda Adichie, Jurema Werneck, Sandra Abdala e Sueli Carneiro. Todas as atividades são abertas ao público e não necessitam de inscrição prévia.