A morte não é mais a mesma. Hoje um coração parado não significa que seu dono vá, necessariamente, passar para o lado de lá. Graças a uma série de procedimentos médicos e um aparelho chamado desfibrilador, uma parcela razoável de pacientes dados como mortos tem sido “ressuscitada” nas UTIs mundo afora. Alvo da curiosidade alheia, a experiência de quase morte é o tema da 2ª roda de conversa realizada pelo projeto de extensão “Saúde e Espiritualidade” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento ocorre no próximo dia 22.

A voluntária do projeto e estudante de Medicina, Gabrielle Barbosa, diz o objetivo da roda é informar e abrir uma discussão sobre o tema. “O intuito é de conscientizar a população geral e os próprios acadêmicos da Universidade acerca da importância da influência de crenças, práticas e sentimentos relacionados à temática da espiritualidade no processo de adoecimento, na manutenção da saúde e no enfrentamento de doenças.”

O projeto não têm filiação religiosa e o objetivo não é falar sobre religiões. “Propõe-se abordar aquela espiritualidade intrínseca a cada um, que tem a ver com valores de vida, crença ou não em uma vida após a morte e práticas individuais relacionadas à espiritualidade, como orações, meditação, contato com a natureza e reflexões”, explica Gabrielle.

A roda será mediada pelo professor do Departamento de Clínica Médica da UFJF, Marcelo Maroco Cruzeiro, que destaca a relevância da temática. “É importante expor, considerando que o assunto está diretamente relacionado a discussão sobre o que é e onde se localiza a mente. Será que é produto do cérebro? Se ocorre a atividade mental em um corpo inerte, como na parada cardíaca, será a mente uma condição que independe do cérebro, tendo-o como retransmissor?”

Segundo o professor Marcelo Maroco, podem ser notadas mudanças significativas em pacientes que passam pela experiência de quase morte as quais têm sido objeto de estudo de pesquisadores mundo afora. “Existem pessoas que relatam mudanças após uma experiência desse tipo, como mais emoções positivas relacionadas a paz, bem-estar, felicidade e alegria, perda do medo da morte. Pessoas que tornam-se mais espiritualistas e menos religiosas, mais generosas, mais aptas a aceitar as diferenças e a saber lidar com o estresse. Gente que aceita o novo e o diferente, tornam-se mais intuitiva e menos competitiva. Os estudos tem aumentado e as evidências deverão nos ajudar a entender melhor a mente, o cérebro e a alma.”

Pretende-se também no encontro abordar o conceito de experiência quase morte, os aspectos científicos, relatos, experiências pessoais, as perspectivas de estudo e  impacto sobre a vida do indivíduo.

O evento será realizado nesta quinta-feira, 22, às 18h no Anfiteatro da Faculdade de Direito. A roda é aberta ao público e a inscrição deve realizada neste do link. A entrada é franca.

Outras informações: Projeto de Extensão Saúde e Espiritualidade